Uma publicação que está a circular nas redes sociais alega que Vladimir Putin deu ordens para destruir todas as vacinas contra a Covid-19 na Rússia. No texto que o autor refere como fonte desta informação é citado um artigo de 4 de março do Real Raw News, um website que na descrição assume difundir conteúdos humorísticos, paródia e sátira.

Não há quaisquer notícias que apontem que o presidente russo tenha ordenado a destruição de vacinas contra a Covid-19 por causa da subida do número de pessoas infetadas com HIV.

A 6 de março, a TASS, agência de notícias russa, publicava um artigo em que referia que a Sputnik V está “entre as vacinas mais seguras do mundo”. A 1 de fevereiro, a mesma agência de notícias russa dizia que os testes clínicos das vacinas contra a Covid-19 em crianças mostram que é segura. Além disso, a vacina continua a ser administrada. A RIA Novosti, outra agência de notícias russa, fala em imunidade em massa na sequência da administração de vacinas, numa notícia publicada a 4 de março, a mesma data em que dava conta do envio de lotes de vacinas para Moscovo.

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A alegação de que as vacinas contra a Covid-19 estão relacionadas com o surgimento de casos de sida não surge agora — e, tal como esta ideia de que o líder russo mandou destruir lotes inteiros de vacinas por essa razão, também esse argumento é falso. Já no final de fevereiro o Observador publicou um artigo em que desmontava a teoria. Naquele caso, foram analisadas publicações virais que asseguravam que o governo alemão tinha detetado um “número alarmante” de pessoas que teria desenvolvido “sintomas semelhantes aos da sida” depois de receber a vacina contra a Covid-19. A ideia central dessas publicações assentava no argumento de que as pessoas vacinadas sofreriam uma quebra na ordem dos 87% da capacidade de resposta do seu sistema imunitário.

Fact Check. Governo alemão estabeleceu ligação entre a vacinação contra a Covid-19 e a sida?

A propósito desse fact check, o Observador lembrava o esclarecimento do imunologista Luís Graça, do Instituto de Medicina Molecular, que já tinha explicado que “a resposta imunitária normal não é afetada pela vacinação” e que, pelo contrário, ela sai fortalecida com a vacinação contra a Covid-19.

Conclusão

É falso que o presidente da Federação Russa tenha ordenado a destruição de vacinas contra a Covid-19 por causa de uma possível relação entre a administração do fármaco e a subida de infeções por HIV em pessoas vacinadas. A publicação em análise cita um website satírico que admite usar o humor nos artigos publicados. Nas agências de notícias russas há notícias recentes que dão conta de que a população russa continua a ser imunizada contra a Covid-19 e em que o medicamento é apelidado como seguro.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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