A eleição de Donald Trump deu início a centenas de reações nas redes sociais, nomeadamente relativamente ao conflito no Médio Oriente. Uma delas prende-se com o facto de, alegadamente, os Houthis, um grupo rebelde iemenita apoiado pelo Irão, terem anunciado o cessar-fogo com Israel. No momento em que a publicação surgiu, nada indicava que essa informação fosse verdadeira, até porque depois da data da publicação já foi reivindicado um ataque do grupo contra Israel — o que aconteceu, já esta semana, foi o anúncio de um cessar fogo, mas por parte de Israel, que aceitou pôr fim, sob determinadas condições, às ações militares no Líbano.
Em vários posts sobre o tema, surge associada uma imagem de Yahya Saree, porta-voz dos Houthis, como se tivesse sido o responsável por anunciar a informação. Contudo, nem na conta do X, antigo Twitter, onde costuma publicar informações nem em órgãos de comunicação locais ou internacionais há confirmações ou sequer informações de que se trata de uma possibilidade em cima da mesa.
Uma outra notícia vem dar força ao facto de se tratar de desinformação: no dia 11 de novembro, três dias após a publicação em causa, o mesmo porta-voz Yahya Saree reivindicou um ataque contra Israel que provocou um incêndio perto de Jerusalém. “As forças armadas iemenitas levaram a cabo uma operação visando a base militar de Nahal Sorek, a sudeste de Jaffa. O tiro foi certeiro e provocou um incêndio perto do local”, revelou. Se fossem necessárias mais provas, esta informação demonstra que não se trata de algo factual, já que se tivesse havido um cessar-fogo, os Houthis não tinham atacado Israel — e reivindicado até esse ataque.
Recorde-se que os Houthis, liderados por Abdul Malik al-Houthi, são um grupo de rebeldes xiitas apoiados pelo Irão que combatem o governo do Iémen há duas décadas e que controlam atualmente o noroeste do país e a sua capital, Saana. A ideologia do grupo baseia-se na oposição a Israel e aos EUA e consideram-se parte do “eixo de resistência” liderado pelo Irão, juntamente com o Hamas na Faixa de Gaza e o Hezbollah no Líbano.
Conclusão
Não há nada que prove que a informação que está a circular nas redes sociais e que dá conta que que os Houthis levaram a cabo um cessar-fogo em Israel depois da vitória de Donald Trump nos EUA, é verdadeira. Além de não haver nenhuma plataforma em que a declaração tenha sido feita de forma oficial, também as notícias dos dias seguintes a desmentem: o grupo reivindicou um ataque em território israelita. Desta forma, é falso que a vitória de Trump tenha espoletado esse cessar-fogo.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.