Nas redes sociais, circula um vídeo de um homem, que se veste com uma bata de médico, que alega que um homem de negócios idoso, em França, tomou a vacina contra a Covid-19 e acabou por morrer na sequência da administração do imunizante. Para além disso, a companhia de seguros não pagou qualquer indemnização pela suposta morte. “A vacina da Covid é uma experiência médica e a morte de uma experiência médica não faz parte do seguro”, é um dos argumentos esgrimidos no vídeo.

De acordo com o mesmo o vídeo, há uma referência a um “juiz” que alegadamente, prossegue o protagonista do vídeo, defendeu que os “efeitos secundários são conhecidos”. “Não há maneira nenhuma de que esse homem de negócios não tenha tido conhecimento prévio dos efeitos secundários. Ele tomou a vacina voluntariamente e, como era uma escolha dele, disseram que era um suicídio”, continua.

Na mesma senda, o homem vestido com um a bata de médico reforça que os medicamentos experimentais “não estão cobertos pelo seguro de vida”, dizendo que isto sucede não apenas em França, mas também nos Estados Unidos (EUA). Para comprovar o alegado ponto do vista, há uma referência à “American Life Insurance Council [conselho de seguros de vida norte-americano, em português]”, que também supostamente estipula que as “apólices de seguro de vida podem negar o pagamento, se se morrer da vacina contra a Covid-19, porque são medicamentos experimentais”.

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Não há, ao longo do vídeo, mais nenhum detalhe sobre o “homem de negócios idoso” francês que acabou por morrer da vacina. Em resposta à agência Reuters, o Ministério da Justiça francês garante que não tem quaisquer registos do caso apresentado. E a tutela acrescenta mesmo que “não tem conhecimento desta alegação relativamente a um tribunal francês apoiar a decisão de as companhias de seguro recusarem pagar indemnizações devido à morte resultante da vacina da Covid-19”.

Este caso específico e a decisão judicial será, por conseguinte, inventado. Além disso, relativamente ao argumento sobre o acontece nos Estados Unidos, não existe nenhum “American Life Insurance Council”. O órgão que tutela os seguros de saúde nos Estados Unidos é o “American Council of Life Insurers”, que já veio negar a informação presente no vídeo.

“Nos Estados Unidos, é obrigatório que as seguradoras paguem indemnizações relativamente à morte do segurado, independentemente da causa”, lê-se num tweet publicado na conta oficial da American Council of Live Inserers em março de 2022. “As exceções são extremamente limitadas e não incluem o uso de medicamentos experimentais. Mas que não haja dúvidas: a vacina da Covid não é experimental.” 

Conclusão

As informações veiculadas no vídeo de que um homem de negócios francês morreu devido aos efeitos secundários da vacina contra a Covid-19 e um tribunal não pagou indemnização à família por considerar que era suicídio não são verdade, com o Ministério da Justiça francês a rejeitar a existência de uma decisão do género. Além disso, não corresponde à realidade que os Estados Unidos e França considerem o fármaco como “experimental” — e que as seguradoras não paguem indemnização se alguém acabar por morrer na sequência da inoculação.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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