Momentos-chave
- CDS quer saber se família pôde usar o mesmo agendamento para o processo de nacionalidade das duas gémeas
- Consulado português em São Paulo tentava impedir burlas no acesso às vagas
- Ex-cônsul diz não ter qualquer ideia sobre o que fez Nuno Rebelo de Sousa para ajudar gémeas
- Ex-cônsul admite que existiam "despachantes" que passavam dia ao computador a apropriar-se de vagas para as vender aos cidadãos
- Ex-cônsul desmente intervenção de empresas externas no agendamento no consulado (como tinha dito Berta Nunes)
- Joana Cordeiro (IL) também considera "difícil de acreditar" que ninguém tenha falado com o cônsul português em São Paulo sobre o caso
- Ex-cônsul diz que nunca foi contactado por Belém sobre caso das gémeas
- Ventura acha "difícil de acreditar" que cônsul não tenha sido contactado por filho de PR. "Não tenho de fazer acreditar", responde diplomata
- "Um processo como milhares de outros", garante ex-cônsul
- "Este era um processo [de nacionalidade] simples, talvez dos mais simples, por isso não estranho o tempo de quatro meses"
- Processo de nacionalidade das gémeas começou em abril e terminou em setembro — um tempo "normal" para estes processos
- Ex-cônsul diz que nem Nuno Rebelo de Sousa nem qualquer outra pessoa lhe falou do caso das gémeas
- "Nunca ouvi falar deste caso até ele ser ventilado publicamente", garante ex-cônsul português no Brasil
- Ex-cônsul diz que nunca contactou com mãe das gémeas — e lembra que consulado tratava de 250 pedidos por dia
- Ventura "estupefacto" com recusa em pedir Whatsapps de Marcelo. Acusa Aguiar Branco de "comprometer" trabalho do Parlamento
- Presidente da comissão de inquérito apresenta queixa contra advogado da mãe das crianças
Histórico de atualizações
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Encerramos aqui este liveblog, onde estivemos a acompanhar mais uma audição na Comissão Parlamentar de Inquérito ao chamado caso das gémeas do Santa Maria.
Ao longo de cerca de duas horas, o ex-cônsul de Portugal em São Paulo, no Brasil, Paulo Jorge Nascimento garantiu que nunca foi contactado por ninguém a propósito da situação clínica das crianças ou do seu processo legal para atribuição de nacionalidade — apesar de ter admitido conhecer e ter contactado por diversas vezes com o filho de Marcelo Rebelo de Sousa naquela cidade.
Um relato em que os deputados de diferentes partidos consideraram ser “difícil de acreditar”.
O ex-cônsul defendeu também a ideia de que o processo de naturalização decorreu nos prazos normais.
A comissão parlamentar de inquérito ao caso das gémeas continua nas próximas semanas, com destaque para as audições dos ex-ministros da Saúde Marta Temido e Manuel Pizarro no dia 27 de setembro.
Obrigado.
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Ex-cônsul garante que ninguém o contactou por causa do caso das gémeas — mas deputados têm "dificuldade em acreditar"
Paulo Jorge Nascimento, antigo cônsul português em São Paulo, respondeu aos deputados garantindo que só soube do caso das gémeas pelas notícias. Foi um entre milhares de processos normais, garantiu.
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Os vários partidos prescindiram das próximas rondas de perguntas e a audição a Paulo Jorge Nascimento, ex-Cônsul-Geral de Portugal em São Paulo, terminou.
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CDS quer saber se família pôde usar o mesmo agendamento para o processo de nacionalidade das duas gémeas
Está agora a falar João Almeida, do CDS, que começa por perguntar a Paulo Jorge Nascimento se “tem a certeza” se o agendamento foi feito em nome das crianças.
O diplomata sublinha que não pode ter essa certeza, mas destaca que o ato consular foi praticado em favor das crianças: as gémeas eram as beneficiárias do ato consular, enquanto os declarantes eram os pais.
Ainda assim, diz, “não excluo que o agendamento tenha sido feito a favor da mãe”.
João Almeida está agora a fazer perguntas mais técnicas, como por exemplo sobre se foi feito um ou dois agendamentos, já que há dois atos consulares em causa — um para cada gémea.
O ex-cônsul diz não ter a certeza, admitindo que é possível ter sido feito um agendamento para tratar dos dois atos consulares.
João Almeida não se conforma com esta resposta, dizendo que, assim, alguém podia fazer um agendamento e aproveitá-lo para fazer vários atos consulares.
O ex-cônsul repete que pode ter havido um agendamento para os dois casos, mas que foram praticados e pagos dois atos consulares.
Paulo Jorge Nascimento explica que no consulado a equipa não estava “distraída” e diz que há uma grande diferença entre uma pessoa fazer um agendamento e aparecer com quatro ou cinco crianças e quatro ou cinco casais diferentes para tratar das nacionalidades — e um caso em que uma família tem duas gémeas para tratar da nacionalidade.
João Almeida pergunta se o ex-cônsul tem a certeza se os agendamentos originais foram feitos em nome das gémeas ou da mãe — ou se a vaga foi comprada a uma das tais empresas que se apropriavam de vagas para as vender aos cidadãos.
O diplomata diz não conseguir ter a certeza, mas garante que uma “larguíssima maioria” dos agendamentos foram feitos pelos próprios e não por essas empresas.
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Consulado português em São Paulo tentava impedir burlas no acesso às vagas
Está agora o deputado do Livre Paulo Muacho a questionar Paulo Jorge Nascimento, que pergunta se é possível saber quem fez o agendamento em concreto para o caso das gémeas.
O ex-cônsul diz que não consegue ter acesso a essa informação em concreto, mas, perante uma questão de Muacho, garante não ter qualquer conhecimento de que Nuno Rebelo de Sousa tenha ajudado nesse processo.
O deputado do Livre volta também ao tema das empresas que se apropriam das vagas no consulado.
O ex-cônsul diz que tomou “pessoalmente” a iniciativa de, em várias ocasiões, ter feito alertas para que as pessoas não se deixassem enganar por burlas.
O diplomata explica que, apesar de não ser possível identificar quem faz os agendamentos, era possível identificar situações anómalas, como uma grande pressão sobre o sistema, esgotamento imediato de vagas, etc.
Uma das formas, diz Paulo Jorge Nascimento, para lidar com este problema era “libertar as vagas gradualmente”.
Os deputados estão a insistir neste ponto pois consideram que nas grandes dificuldades em aceder aos serviços consulares pode ter estado na origem da necessidade da família das gémeas em recorrer a contactos pessoais em busca de ajuda.
O ex-cônsul lembra que a partir de 2021 o consulado-geral passou a estar integrado num sistema de agendamentos centralizado, gerido a partir de Lisboa para toda a rede consular. Paulo Jorge Nascimento admite, ainda assim, que o problema pode não ter ficado totalmente resolvido.
Paulo Jorge Nascimento assume que era do conhecimento geral a existência destas empresas, que faziam publicidade anunciando serviços de agendamento “express” no consulado.
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Ex-cônsul diz não ter qualquer ideia sobre o que fez Nuno Rebelo de Sousa para ajudar gémeas
O diplomata continua a ser questionado sobre a existência destes “escritórios de despachantes” que se apropriavam indevidamente de vagas no consulado e que entupiam os atendimentos.
Paulo Jorge Nascimento assegura que o consulado tinha conhecimento da existência desses esquemas e que procurava combatê-los e reportá-los a Lisboa.
O diplomata diz também que não tem qualquer tese sobre o que Nuno Rebelo de Sousa poderá ter feito para ajudar a família das gémeas a obter a nacionalidade.
Joana Mortágua questiona o ex-cônsul sobre se tem conhecimento de que Nuno Rebelo de Sousa tivesse algum papel como lobista na área da saúde. O diplomata diz que não tem qualquer conhecimento.
O ex-cônsul também confirma que nunca chegou ao consulado qualquer clipping de imprensa sobre o caso.
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Ex-cônsul admite que existiam "despachantes" que passavam dia ao computador a apropriar-se de vagas para as vender aos cidadãos
Está agora na posse da palavra a deputada Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda, que pega no tema introduzido pela deputada liberal a propósito da intervenção de empresas externas.
“Há duas coisas diferentes”, sublinha.
Uma é a existência de uma empresa externa ao consulado para gerir os agendamentos: isso, garante o diplomata, não existia.
Joana Mortágua interrompe-o para dizer que o que é alegado é que existe uma empresa — ou uma “máfia” — que se apropriava de vagas e que depois vendia essas vagas a cidadãos brasileiros.
O diplomata explica que isso é diferente e afirma que existe no Brasil uma prática por parte de “despachantes” que passam o dia ao computador a apropriar-se de vagas para depois as vender.
“Pode haver situações, e havia situações, e eram-nos reportadas, em que os chamados escritórios de despachantes, ficavam todo o dia a tentar agendar pessoas no consulado-geral. Depois de terem agendado pessoas, vendiam estas vagas”, explica o diplomata.
Joana Cordeiro interpela o presidente da comissão de inquérito para que advirta o diplomata para que recorde Paulo Jorge Nascimento para não desviar o tema, já que o que está agora a dizer à deputada bloquista é exatamente aquilo que a deputada liberal perguntou há pouco.
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Ex-cônsul desmente intervenção de empresas externas no agendamento no consulado (como tinha dito Berta Nunes)
Questionado pela deputada liberal Joana Cordeiro, o ex-cônsul português em São Paulo reitera que o tempo que o processo de nacionalidade das gémeas demorou a ser aprovado foi “normal”.
“Nada me leva a crer que tenha havido alguma dificuldade”, frisa, insistindo que este “é um processo relativamente simples” em que a única coisa que era necessário provar era que as crianças eram filhas de, pelo menos, uma pessoa com nacionalidade portuguesa.
“Se a documentação não estivesse completa, ela não tinha passado pelo crivo do consulado”, explica.
A liberal também pergunta ao diplomata se havia uma empresa externa a gerir os agendamentos no consulado.
“Não, não havia”, responde, dizendo que também ficou “surpreendido” com essa revelação feita por Berta Nunes numa audição nesta comissão parlamentar de inquérito.
“Não havia uma empresa externa a gerir os agendamentos”, garante.
O diplomata destaca que a plataforma que existia em 2019 era um site construído pelo seu antecessor e que tinha uma área onde os utentes se podiam registar para fazer agendamentos para atos consulares.
O agendamento, diz, era feito pelos utentes, e não por qualquer empresa externa — como foi sugerido pela antiga secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes. Questionado sobre se considera que Berta Nunes mentiu, o diplomata assume que possa haver algum entendimento diferente sobre como funcionava o agendamento.
“Não havia nenhuma empresa externa que gerisse os agendamentos”, assegura. “As pessoas agendavam-se diretamente.”
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Joana Cordeiro (IL) também considera "difícil de acreditar" que ninguém tenha falado com o cônsul português em São Paulo sobre o caso
Joana Cordeiro, da Iniciativa Liberal, está agora a questionar o ex-cônsul, que pega na linha de André Ventura e considera “difícil de acreditar” que ninguém tenha falado do caso ao diplomata.
“A mãe das crianças fala com todas as pessoas com que consegue, o Dr. Nuno Rebelo de Sousa fala com todas as pessoas com que consegue, e ninguém fala com o cônsul?”, pergunta.
“Exatamente”, responde o diplomata. “Ninguém falou comigo.”
“Nunca a mãe falou comigo, nunca ninguém na comunidade portuguesa falou comigo, nunca recebi nenhum email sobre esta matéria”, confirma. “Fiz uma pesquisa tão cuidadosa quanto consegui. Não tenho nenhum contacto sobre isto nos meus emails.”
Joana Cordeiro também pergunta se é necessária a autorização explícita do cônsul-geral para a recolha de dados biométricos de cidadãos fora do consulado, no hospital.
O diplomata responde que, no seu entender, não é necessária uma autorização explícita para esse ato. E acrescenta que, se lhe tivessem pedido essa autorização, teria concedido.
Joana Cordeiro insiste em questões sobre o contacto do ex-cônsul com Nuno Rebelo de Sousa. O diplomata garante que era apenas um contacto “institucional” e “amistoso” e frisa que o encontrou múltiplas vezes em eventos da comunidade portuguesa nos quais marcava presença.
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Ex-cônsul diz que nunca foi contactado por Belém sobre caso das gémeas
Ventura está agora a fazer perguntas sobre o modo como eram feitos os agendamentos no consulado-geral de Portugal em São Paulo.
O diplomata explica que havia um processo de inscrições online para slots horários, dizendo que não havia senhas de atendimento.
Ventura também quer saber se o ex-cônsul alguma vez foi contactado pela Casa Civil da Presidência da República sobre este caso.
“Nunca tive nenhum contacto nesse sentido”, resume, lembrando que já disse que o caso não era do seu conhecimento até às notícias que vieram a público.
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Ventura acha "difícil de acreditar" que cônsul não tenha sido contactado por filho de PR. "Não tenho de fazer acreditar", responde diplomata
Está agora a falar André Ventura, presidente do Chega, que começa por ler a Paulo Jorge Nascimento várias notícias e publicações na internet que dão conta das dificuldades dos portugueses no acesso ao consulado-geral de Portugal em São Paulo.
Ventura diz que gostaria de ouvir a comunidade portuguesa no Brasil para dar conta do “inferno” que é o acesso àquele consulado — e pergunta “como é que pode dizer que este caso foi tratado de formal normal”.
O diplomata explica que num serviço com uma procura com a dimensão do consulado-geral de Portugal em São Paulo é “normal” que, “por muito que fosse feito um esforço”, o atendimento ficaria “sempre aquém” das expectativas dos utentes.
“Ouvi essas queixas presencialmente”, garante Paulo Jorge Nascimento. Lembrando que no ano de 2019 foram emitidos milhares de cartões de cidadão e passaportes, sendo o consulado em São Paulo o terceiro da rede consular com mais atos consulares praticados.
“Reitero que me parece que o processo decorreu com normalidade”, garante.
Ventura lembra agora um email de Nuno Rebelo de Sousa para o seu pai, Marcelo Rebelo de Sousa, a 21 de outubro de 2019 a dizer que os cartões de cidadão já tinham sido tratados — e que agora era precisa uma “ajuda maior”.
Ventura pergunta “como é que nos quer fazer acreditar” que Nuno Rebelo de Sousa nunca falou com ele sobre o caso. “É difícil de acreditar.”
“Eu não tenho de fazer acreditar coisa nenhuma a ninguém. Eu tenho de dizer a verdade”, responde o diplomata. “Que nunca falaram comigo é a verdade.”
Ventura insiste que é “estranho” que Nuno Rebelo de Sousa não tenha falado com a “única pessoa” que podia ajudar. Diz que o filho de Marcelo “moveu mundos e fundos” para tentar ajudar a família das gémeas, menos com o cônsul, que a podia ajudar — o que parece estranho, considera.
O presidente do Chega volta-se agora para a deslocação dos funcionários consulares ao hospital.
“Ela aconteceu de facto”, diz o diplomata, sublinhando que o objetivo dessa deslocação foi a recolha dos dados biométricos. Paulo Jorge Nascimento reitera que não tinha como missão ter conhecimento detalhado de todos os atos praticados por todos os funcionários.
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"Um processo como milhares de outros", garante ex-cônsul
Paulo Jorge Nascimento está a repetir várias vezes as mesmas respostas, sublinhando que o processo de atribuição de nacionalidade às gémeas luso-brasileiras seguiu toda a normalidade — e que só teve conhecimento dos contornos da história quando viu as notícias.
“Um processo como milhares de outros que eram tratados no consulado-geral de Portugal em São Paulo anualmente”, descreve o ex-cônsul. Em 2019 foram processados “mais de 90 mil” casos naquela representação diplomática.
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"Este era um processo [de nacionalidade] simples, talvez dos mais simples, por isso não estranho o tempo de quatro meses"
Tem agora a palavra o deputado Jorge Botelho, do PS, que começa por dizer que António Rodrigues lhe “facilitou o trabalho” e que não pretende usar o tempo todo que tem disponível.
Diz apenas que pretende voltar a confirmar junto do diplomata que ninguém na comunidade portuguesa, incluindo Nuno Rebelo de Sousa ou Juliana Drummond, alguma vez lhe falou do caso das gémeas.
Paulo Jorge Nascimento repete que não. “Não tenho memória de este caso alguma me vez ter sido trazido ao meu conhecimento até ela sair nos meios de comunicação social”, diz.
O diplomata vai mais longe e até diz que andou à procura de mensagens, emails ou quaisquer comunicações que tenham passado por si a propósito deste assunto — e garante que não encontrou nada.
O socialista repete uma pergunta sobre o tempo que mediou entre o início do processo (abril de 2019) e a conclusão (setembro de 2019) foi normal.
O embaixador explica que sim e que o tempo depende da complexidade do processo. “Este é um dos casos mais simples”, explica, destacando que um dos pais tinha nacionalidade portuguesa, os documentos eram “facilmente verificáveis” e a família entregou toda a documentação necessária.
Não havendo necessidade de mais documentação nem havendo discrepâncias, o processo avança. “É um prazo razoável”, diz. “Desejavelmente seria menor.”
“É diferente do tempo de espera que se aplica a outros processos, pela sua complexidade”, acrescenta, se houver discrepância entre os documentos enviados pelos requerentes e os registos existentes em Portugal.
“Este era um processo simples sob o ponto de vista processual, talvez dos mais simples, por isso não estranho o tempo de quatro meses”, destaca.
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Processo de nacionalidade das gémeas começou em abril e terminou em setembro — um tempo "normal" para estes processos
António Rodrigues volta a perguntar ao diplomata se o processo de nacionalidade das gémeas decorreu nos prazos normais — e Paulo Jorge Nascimento insiste que tudo decorreu com normalidade.
De acordo com o ex-cônsul, o processo começou com o pedido formulado pela plataforma digital, como habitualmente, e seguiu os trâmites normais até à atribuição da nacionalidade (que era direito das gémeas), sem qualquer aceleração.
O processo começou em abril e ficou concluído em setembro de 2019, um tempo “normal” para estes processos.
“A única deslocação de funcionários do consulado de que eu tenho conhecimento”, continua, foi para recolher dados biométricos das gémeas. “É a única deslocação que posso confirmar.”
Paulo Jorge Nascimento destaca que este ato não é comum, mas está previsto na lei, tratando-se de crianças nos cuidados intensivos que não podiam ir ao consulado para a recolha dos dados biométricos.
“O funcionário tem autonomia para decidir uma coisa dessas”, sublinha, destacando que mesmo que tivesse tido conhecimento desse ato não se oporia, já que constitui um ato normal.
O diplomata sublinha que a intervenção do consulado no caso terminou com a entrega do cartão de cidadão às crianças.
Questionado sobre se conhecia Juliana Drummond, companheira de Nuno Rebelo de Sousa, confirma que sim, já que estava presente em vários eventos sociais da comunidade portuguesa na companhia do filho de Marcelo.
“Encontrei-a várias vezes, sim”, confirma.
Sobre se o caso das gémeas era um tema falado entre a comunidade portuguesa, o embaixador volta a insistir que admite que possa ter sido um tema, mas garante que o assunto nunca lhe chegou aos ouvidos.
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Ex-cônsul diz que nem Nuno Rebelo de Sousa nem qualquer outra pessoa lhe falou do caso das gémeas
António Rodrigues pergunta agora se no seu tempo como cônsul-geral de Portugal em São Paulo coincidiu com Nuno Rebelo de Sousa na direção da câmara de comércio de Portugal em São Paulo.
Paulo Nascimento diz que coincidiu durante algum tempo com Nuno Rebelo de Sousa nessas funções.
“Saí de São Paulo em 2022 e portanto coincidimos, sim. Eu em funções como cônsul-geral e ele como presidente da câmara [de comércio]”, diz.
“Fazia parte das minhas funções ter contacto com a comunidade portuguesa”, lembra, garantindo que teve “variadíssimos” contactos sociais com Nuno Rebelo de Sousa — mas que o filho de Marcelo nunca lhe falou deste caso.
Também entre a comunidade portuguesa no Brasil, Paulo Nascimento garante que nunca ninguém lhe comunicou o caso — mas admite que pudesse ser um tema “em alguns circuitos”.
“A mim nunca ninguém me falou do assunto”, repete.
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"Nunca ouvi falar deste caso até ele ser ventilado publicamente", garante ex-cônsul português no Brasil
O deputado social-democrata continua a questionar o ex-cônsul no mesmo sentido, procurando saber se houve algum procedimento fora do vulgar no caso da atribuição de nacionalidade portuguesa às gémeas luso-brasileiras.
Lembrando que o processo habitual é que os cartões de cidadão sejam enviados para a casa do requerente ou levantados no consulado — mas que é também normal que haja recolha de dados biométricos no hospital consoante as condições das pessoas em questão.
Paulo Nascimento diz que não seria habitual que os documentos fossem entregues diretamente no hospital, mas diz não poder afirmar com toda a certeza onde é que os documentos foram entregues.
Questionado sobre se tinha conhecimento da doença das duas gémeas, Paulo Nascimento repete que só teve conhecimento de toda a história das duas crianças quando ela veio a público na imprensa portuguesa: antes disso, era apenas mais um dos muitos casos de nacionalidade no consulado de Portugal no Brasil.
“O processo correu a tramitação habitual”, insiste o embaixador, sublinhando que as duas crianças, como filhas de cidadãos portugueses, tinham direito à nacionalidade portuguesa. “Nunca ouvi falar deste caso até ele ser ventilado publicamente.”
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Ex-cônsul diz que nunca contactou com mãe das gémeas — e lembra que consulado tratava de 250 pedidos por dia
O primeiro a questionar Paulo Nascimento é António Rodrigues, do PSD, que pergunta ao ex-cônsul se tem memória dos factos em questão.
“Recordo-me em função do trabalho de pesquisa que foi efetuado em função desta CPI”, diz, sublinhando que “antes disso não tinha memória deles”.
Nascimento lembra que o pedido de nacionalidade para as gémeas foi feito pela plataforma online e que este tipo de pedido seguiu o processo “habitual”.
O consulado era responsável por cerca de 250 atendimentos diários, lembra, pelo que o cônsul não acompanhava “diariamente” todos os atendimentos, nem era essa a sua função.
Paulo Jorge Nascimento afirma mesmo que nunca teve “qualquer contacto” com a mãe das gémeas e nunca a conheceu — só a conhece pelos meios de comunicação social.
“Nunca fui contactado por ninguém”, diz, rejeitando que tenha havido qualquer pedido para acelerar o processo de nacionalidade das gémeas — o grande tema no centro da audição de hoje.
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O embaixador Paulo Jorge Nascimento prescinde da declaração inicial. Os deputados vão seguir de imediato para as perguntas.
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Está agora a ser preparada a videoconferência para se dar início à audição de Paulo Jorge Nascimento, ex-Cônsul-Geral de Portugal em São Paulo.
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Ventura "estupefacto" com recusa em pedir Whatsapps de Marcelo. Acusa Aguiar Branco de "comprometer" trabalho do Parlamento
O presidente do Chega, André Ventura, diz que o partido recebeu com “estupefação” a notícia de que o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar Branco, tinha decidido não enviar à Presidência da República o pedido das comunicações relacionadas com o caso das gémeas, incluindo mensagens trocadas por Whatsapp com o seu filho, Nuno Rebelo de Sousa.
Ventura diz mesmo que o partido está a ponderar recorrer ao Supremo Tribunal de Justiça para tentar resolver a situação “particularmente grave” e acusa Aguiar Branco de estar a “comprometer a médio prazo o trabalho de todas as comissões de inquérito”.
O líder do Chega recorda que não pretendia pedir comunicações da “atividade pessoal ou soberana” de Marcelo Rebelo de Sousa, mas apenas comunicações que dissessem respeito ao caso das gémeas — tal como foram pedidos e-mails. Recordando que a lei prevê o acesso a “comunicações”, destaca que não há diferença entre e-mails e mensagens de Whatsapp — e que, tradicionalmente, as comissões parlamentares de inquérito tiveram poderes equiparados às instâncias judiciais.
Ventura acusa mesmo Aguiar Branco de agir “abusivamente” para “proteger alguns órgãos de soberania” e diz que é “impossível analisar se houve ou não um processo com intenções criminosas ou dúbias se não conhecemos os intervenientes”.
“Como é que querem que descubramos se houve conluio entre filho e pai e não conhecemos as comunicações?”, questiona, dizendo que a atitude de Aguiar Branco coloca o “Parlamento em causa”.
Diz mesmo que Aguiar Branco está a “destruir o trabalho da comissão de inquérito”.