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Enquanto dormia… |
… voltou um cenário que se repete todos os anos. Populações ameaçadas pelos incêndios, idosos retirados de casa, estradas cortadas, milhares e milhares de bombeiros a combater chamas horas a fio. Sernancelhe, Alijó, Fundão, Mirandela, Moncorvo, Sabugal foram alguns dos concelhos mais afetados. A Proteção Civil resumiu tudo numa frase: “foi o dia mais complicado do ano”. Pelo menos até agora. É que as condições de temperatura e vento (e, por isso mesmo, o risco de incêndio) mantêm-se ao longo do dia de hoje, os alertas de risco de incêndio também e a apreensão cresce. Não só entre as populações. De férias na Madeira, o Presidente da República começou por enaltecer o esforço dos bombeiros no controlo da situação, mas acabou por admitir que está preocupado o suficiente quanto à situação para interromper as férias e regressar ao continente, para ver de perto o que se está a passar. O trágico verão de 2017 ainda está bem fresco nas memórias. |
Dos incêndios para a Covid-19. Uma auditoria da Ordem dos Médicos concluiu que o lar de idosos de Reguengos de Monsaraz, onde morreram 18 pessoas infetadas com o novo coronavírus, não cumpria as recomendações da Direção-Geral de Saúde. Não havia zonas bem diferenciadas de materiais “limpos” e “sujos”; era impossível manter distanciamento social entre pessoas infetadas e algumas das medidas de precaução só foram tomadas vários dias depois de saberem dos primeiros casos. Em suma: um caos. Como estas coisas não devem ser levadas de ânimo leve, o relatório da auditoria já foi enviada para o Ministério Público. Resta saber o que fará a Justiça com isto. E, talvez mais importante, quanto tempo vai demorar a fazê-lo. |
E por falar em Justiça, mais uma história triste. É a que faz a manchete do Observador, num especial assinado pela jornalista Sónia Simões. Trata-se do caso da Dona Isabel, uma idosa que morreu à fome em Grândola, apesar de o filho viver com ela. O homem alertou as autoridades para a morte da mãe, recebeu calmamente os bombeiros, mas o cenário com que estes se depararam – de tão impressionante – foi tudo menos de uma situação normal. “Quando ali entraram foi pior ainda. Isabel estava já cadáver, um corpo magro, apenas pele e osso. As feições da cara tinham sido engolidas pela magreza e a pele do corpo, por ser mantida na mesma posição “há tanto tempo”, estava coberto de escaras”. O filho da Dona Isabel – de quem os vizinhas sentiam a falta – é agora suspeito de homicídio, por não ter cuidado dela. Foi precisamente por o filho viver com a idosa que muitos vizinhos descansaram e não alertaram as autoridades para a (notada) ausência da senhora. E agora contam o seu arrependimento. |
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