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“Apesar de aceitarmos que a recente infeção por Covid-19 de Djokovic comporte um risco insignificante de infeção e, por isso, comporte um risco insignificante para quem o rodeia, a sua presença na Austrália, dada a sua bem conhecida posição sobre a vacinação, gera um risco de crescimento do movimento anti-vacinas numa minoria da população. Foi possível inferir que foi percebido pelo público que Djokovic não era a favor das vacinas (…) Considerando o interesse público, acreditamos que as pessoas não vacinadas comportam um maior risco de contágio por Covid-19 e de propagação aos outros, mais do que as pessoas vacinadas, o que pode levar a uma saturação do sistema de saúde (…)” |
Ao longo de 106 pontos, os três juízes do Tribunal Federal escreveram aquele que foi o último capítulo de uma novela que nunca deveria ter acontecido – ou, no mínimo, era evitável que se arrastasse tanto tempo. O Open da Austrália já começou, Novak Djokovic não está na Austrália, o Open da Austrália fica pior sem Novak Djokovic. Factos. Mas no final houve alguém que tenha ganho algo? Provavelmente, não. |
A Austrália ganhou alguma coisa? Não. Porque até o facto de haver uma decisão no limite temporal por parte de Alex Hawke, ministro da Imigração, pareceu mais um recurso do que propriamente uma tomada de posição, quase como se por pressão política ou por cedência à população desgastada com várias fases de confinamento se tivesse de afastar alguém que, entrando com “isenção médica” no país por ter estado infetado em dezembro, admitiu ter antes violado o confinamento e adulterado informações para o visto. |
O Open da Austrália ganhou alguma coisa? Não. Além de ser o tipo de caso do qual os patrocinadores fogem a sete pés, o número 1 do ranking ATP está ausente depois de ter andado a treinar alguns dias na Rod Laver Arena, houve momentos de tensão nesse período quando se cruzava com outros jogadores nos balneários e a possibilidade de entrar ainda mais na história em Melbourne ficou de vez hipotecada. |
Novak Djokovic ganhou alguma coisa? Não. Evitou tornar pública a infeção por Covid-19 que teve a meio de dezembro mas passadas 24 horas o mundo já sabia. Quis defender a veracidade do teste positivo entre a polémica dos QR Codes que não funcionavam e acabou a ter de admitir que tinha fugido ao isolamento para dar uma entrevista onde chegou a estar sem máscara. Pretendeu aproveitar uma boleia da “isenção médica” para entrar como queria na Austrália mas confidenciou perante inúmeras provas que tinha feito viagens nos 14 dias anteriores à chegada a Melbourne. Assumiu fazer da vacinação um tema tabu mesmo perante as dúvidas expressas no passado mas em Tribunal teve de reconhecer que não era vacinado. |
O primeiro Grand Slam da época começou com Daniil Medvedev a confirmar-se como candidato na segunda ronda ao bater a melhor versão de Nick Kyrgios, com Rafa Nadal a mostrar que tem argumentos para voltar a uma final, com Zverev a desconfiar que existem mais positivos, com Andy Murray a cair de pé ao mostrar-se um exemplo de superação, com João Sousa eliminado na primeira ronda, com muitas surpresas já no quadro feminino como as eliminações de Naomi Osaka, Emma Raducanu ou Muguruza. |
Já Djokovic está na Sérvia, onde chegou via Dubai, e irá manter-se em silêncio e longe dos holofotes pelo menos até acabar o torneio na terra onde sai ainda mais como um herói nacional. A curto prazo, há toda uma fase de damage control que terá de ser trabalhada, a começar pela questão dos patrocinadores. A seguir, a parte desportiva. Com os EUA a proibirem a entrada a pessoas de fora que não estejam ainda vacinadas, com Roland Garros a confirmar o projeto lei que afasta também o sérvio do torneio ou com as quarentenas obrigatórias em solo inglês, não será fácil desenhar o calendário desejado para alcançar dois objetivos assumidos pelo próprio: manter a liderança do ranking e ser o jogador com mais Grand Slams. |
Até por exemplos que chegam de outros desportos, como a provável necessidade de os plantéis do Real e do Chelsea terem de estar vacinados para entrarem em França e defrontarem o PSG e o Lille na Liga dos Campeões, todos estão “vacinados” para os próximos tempos onde, bem ou mal, com mais ou menos pressão, as regras vão tendencialmente aumentar. Djokovic incluído, da pior forma possível. |
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O Benfica não foi além de um empate frente ao Moreirense, num encontro que terminou de novo com os encarnados a queixarem-se de decisões de arbitragem (ou neste caso do VAR Bruno Esteves, dizendo que com ele ficou sem quatro pontos), e tem agora um fosso para o primeiro lugar que nunca foi superado na história da Liga. Os encarnados dão esta sexta-feira o pontapé de saída na 19.ª jornada em Arouca (19h) sabendo que estão proibidos de mais escorregadelas contra uma equipa que ocupa as posições de despromoção e que também necessita de pontuar. No sábado, Alvalade recebe o jogo grande da ronda com o Sporting, que venceu em Vizela, a receber o Sp. Braga (20h30) – isto na semana em que Frederico Varandas desfez um segredo mal guardado e anunciou que será recandidato. Já no domingo, o FC Porto, que foi ao Jamor golear o Belenenses SAD, joga no Dragão muito desfalcado frente ao Marítimo (20h30). |
A meio da semana, o Municipal de Leiria recebe as duas meias-finais da Taça da Liga, com o Benfica a jogar diante do Boavista na terça-feira (19h45) e o Sporting a defrontar o Santa Clara na quarta-feira (19h45). O encontro decisivo será depois no próximo sábado (dia 29) com possíveis baixas como Coates ou Otamendi, entre outros, devido às eliminatórias sul-americanas de qualificação para o Mundial, a que se junta ainda nesta fase a Taça das Nações Africanas (com os Camarões de António Conceição a jogarem com Comores e o Egito de Carlos Queiroz frente à Costa do Marfim nos oitavos). Em Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França, as provas param; por cá, decide-se um troféu e ainda haverá jornada da Liga. Não é preciso muito mais para se perceber como muitas vezes os problemas estão à nossa frente… |
E por falar em campeonatos que fazem por ser melhores, alguns destaques nos dias que se seguem: na Premier League, o Manchester United recebe o West Ham após o triunfo com o Brentford marcado pela reação de Ronaldo após ser substituído (sábado, 15h) e há dérbi londrino entre Chelsea e Tottenham (domingo, 16h30); na Liga, o Atl. Madrid que vai de mal a pior recebe o Valencia (sábado, 20h), enquanto o líder Real Madrid, que conquistou a Supertaça, defronta o Elche (domingo, 15h15); na Serie A, numa ronda em que a Roma de Mourinho e agora Sérgio Oliveira joga com o Empoli (domingo, 17h), há AC Milan-Juventus depois de um jogo polémico em San Siro (domingo, 19h45); na Bundesliga, o Bayern joga em Berlim com o Hertha (domingo, 16h30) no final de uma semana em que Lewandowski foi de novo coroado com o prémio The Best, que colocou Ronaldo e Rúben Dias no Melhor Onze do Ano. |
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Pany Varela tinha falado em entrevista ao Observador no regresso à base da montanha para uma prova que seria ainda mais competitiva e a estreia de Portugal no Campeonato da Europa de futsal mostrou que o sonho é possível mas com obstáculos complicados até lá: após um arranque adormecido e a perder 2-0 muito cedo, a Seleção conseguiu dar a volta e vencer a Sérvia (4-2), liderando assim o grupo A que fica fechado esta semana com os jogos frente a Países Baixos (domingo, 16h30) e Ucrânia (sexta-feira, 19h30). E as surpresas já começaram a aparecer: além do triunfo da equipa organizadora frente aos ucranianos (3-2), Cazaquistão e Itália não foram além de empates com Eslovénia e Finlândia. Antes, os representantes portugueses ganharam sete prémios do Futsal Planet, com destaque para o Sporting. |
No Europeu de andebol, a participação de Portugal acabou demasiado cedo logo na ronda inaugural: a seguir a duas derrotas, com Islândia e Hungria, a Seleção dependia apenas de si frente aos Países Baixos mas novo desaire pela margem mínima (32-31) levou à eliminação. No final, Paulo Pereira admitiu que a competição nem se devia ter realizado, tamanhas foram as condicionantes na preparação entre lesões e casos positivos de Covid-19, e essa tem sido uma das marcas desta fase final como se viu por exemplo no início da main round em que a Alemanha, com vários infetados na equipa, deu pouca réplica à Espanha. |
Uma última nota para o basquetebol: o Pavilhão da Luz recebeu aquele que foi o primeiro encontro entre equipas portuguesas numa competição europeia, neste caso a FIBA Europe Cup, com o Sporting a vencer de novo o dérbi com o Benfica. Este fim de semana realiza-se a Taça Hugo dos Santos, com meias entre Sporting e FC Porto (16h30) e Benfica e Oliveirense (19h30) no sábado e final no domingo (18h). |