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Nove horas são 540 minutos, 32.400 segundos, mais de um terço de um dia. Nove horas são também seis jogos de futebol, uma noite de sono (muito) bem dormida e a duração aproximada de um voo de Lisboa para Havana, em Cuba. Para o Bruno Roseiro, a partir desta semana, nove horas serão apenas a recordação do tempo aparentemente infindável que teve de esperar no Aeroporto de Haneda, em Tóquio, para conseguir entrar no Japão e cobrir os Jogos Olímpicos. O editor de Desporto do Observador ficou parado exatamente no mesmo sítio durante sete horas, assim que desembarcou, e só conseguiu encaminhar-se para o hotel às 20h30 japonesas — sendo que tinha aterrado às 11h30. Pelo meio, cruzou-se com Fabio Fognini, Alexander Zverev, Stefanos Tsitsipas e Sir Bradley Wiggins, fez testes de saliva, preencheu inúmeros formulários e arrancou uma odisseia que só vai terminar a 8 de agosto, com a cerimónia de encerramento. |
Os Jogos Olímpicos de Tóquio, que deveriam ter sido em 2020 mas só vão ser em 2021, arrancam (finalmente) esta sexta-feira. A cerimónia de abertura, no novíssimo mas vazio Estádio Nacional, dá o pontapé de saída para três semanas de desporto quase ininterrupto mas preocupação constante. Afinal, estes Jogos já são os primeiros a ter sido adiados, os primeiros a acontecer em ano ímpar e os primeiros em que, claramente, não é certo que garantido que vão até ao fim sem obstáculos. Na terça-feira, o presidente do Comité Organizador abriu a porta à possibilidade de um cancelamento de última hora, devido ao contínuo aumento do número de casos de Covid-19 em Tóquio e ao estado de emergência que está em vigor na capital japonesa, e mais de 80% da população do país continua a estar contra a realização do evento. |
Sem qualquer espectador nas bancadas, nem estrangeiro nem local, os Jogos Olímpicos de Tóquio vão arrancar com o objetivo de ser um espetáculo televisivo, de facultar uma distração aos milhões de pessoas que ainda vivem submersas pela pandemia no mundo inteiro e de dar alguma indicação de normalidade a um planeta que não conhece o conceito há ano e meio. Nestes Jogos, porém, nada é normal. E os principais economistas japoneses já alertaram para o facto de um eventual cancelamento ter um impacto financeiro muito menor do que um eventual surto de Covid-19 provocado pelo evento. Para a história e para a posteridade, aconteça o que acontecer, ficam as contas: esta quinta-feira, véspera da cerimónia de abertura, Tóquio registou o número mais alto de novos casos em seis meses (1.979) e a Aldeia Olímpica contava com 91 casos positivos. |
Mas, à parte tudo isso, Portugal partia para Tóquio com a terceira maior comitiva de sempre (92 atletas, apenas atrás de Atlanta 96 e Barcelona 92) e com a ambição de alcançar a melhor participação olímpica. E, segundo a previsão da Associated Press, assim será: a agência garante que Portugal vai alcançar quatro medalhas, entre o ouro de Jorge Fonseca e os bronzes de João Vieira, Pedro Pablo Pichardo e Fernando Pimenta. E se fizermos contas mais alargadas, sem apontar a ouros, pratas ou bronzes e olhando simplesmente para os atletas que têm ambições totalmente legítimas de conquistar medalhas, percebemos que esse contingente conta já com 10 nomes. Jorge Fonseca, Telma Monteiro, Pedro Pablo Pichardo, Patrícia Mamona, Auriol Dongmo, João Vieira, Rui Bragança, Fernando Pimenta, João Almeida e Gustavo Ribeiro são as principais apostas portuguesas, entre o sempre presente atletismo, o cada vez mais forte judo, a consistência do ciclismo e da canoagem e as possíveis surpresas do taekwondo e do skate. De fora, na única má notícia para Portugal no dia do arranque dos Jogos Olímpicos, ficava Frederico Morais — o surfista, que entrava em competição já na madrugada de sábado, testou positivo para a Covid-19 (apesar de estar vacinado há mais de um mês) e vai falhar a estreia do surf enquanto modalidade olímpica. |
Já esta madrugada, de sexta-feira para sábado, Portugal entra em competição com Rui Bragança no taekwondo (2h15), com Nélson Oliveira e João Almeida na prova de estrada do ciclismo (3h), com Catarina Costa nos -48kg do judo (3h) e com a seleção de andebol, contra o Egito (11h30). A equipa de dressage também se vai estrear (9h), assim como José Paulo Lopes na natação (11h), Pedro Sousa e João Sousa no ténis (3h), Marcos Freitas, Tiago Apolónia, Fu Yu e Jieni Shao no ténis de mesa (a partir da 1h) e Pedro Fraga e Afonso Costa no remo (3h20). A primeira medalha portuguesa pode aparecer logo de sábado para domingo, com Gustavo Ribeiro no skate (1h), e Telma Monteiro entra em ação na madrugada de segunda-feira (3h) à procura da segunda medalha olímpica depois do bronze no Rio de Janeiro. |
A cerimónia de abertura, que acabou por ter quatro diretores ao longo de demissões e variadas polémicas, decorreu com a presença de António Guterres, para além de Jill Biden, do imperador japonês Naruhito, de Emmanuel Macron, de Alberto do Mónaco, Muhammad Yunus e ainda Thomas Bach, o presidente do Comité Olímpico Internacional. A comitiva portuguesa entrou já na reta final do desfile, na posição 168 e com Nélson Évora e Telma Monteiro, os dois porta-estandartes, a quebrarem com a sobriedade que era a regra até aí com saltos, voltas e uma animação com poucos pares. Naomi Osaka, tenista japonesa, acendeu a chama olímpica que abriu oficialmente a 32.ª edição dos Jogos Olímpicos. |
Excluindo Portugal, os Jogos serão de Simone Biles, de Armand Duplantis, de Caeleb Dressel, de Shelly-Ann Fraser-Pryce e de Noah Lyles, entre todos os outros. Mas, no mundo do desporto, a última semana acabou por ter muito mais do que Jogos Olímpicos. Os Milwaukee Bucks derrotaram os Phoenix Suns e sagraram-se campeões da NBA 50 anos depois, com Giannis Antetokounmpo a marcar 50 pontos e a suceder a Kareem Abdul-Jabbar enquanto herói da equipa do Wisconsin. Tadej Pogacar voltou a ganhar o Tour, depois de já ter sido o vencedor da edição do ano passado, e Rúben Guerreiro ficou em 18.º e garantiu que a sua história “não acaba aqui”. |
Pelo meio, Max Verstappen foi forçado a desistir do Grande Prémio da Grã-Bretanha depois de um acidente aparatoso com Lewis Hamilton, que levou mesmo o piloto da Red Bull até ao hospital, e acabou por criticar o inglês por ter festejado a vitória exuberantemente enquanto o colega de profissão estava ainda a ser examinado. Na América do Sul, a semana ficou marcada pela eliminação do Boca Juniors nos oitavos de final da Taça Libertadores, às mãos do Atl. Mineiro, com os jogadores argentinos a agredirem seguranças, a tentarem invadir o balneário dos brasileiros e a acabarem a noite na esquadra (com destaque especial para o ex-Sporting Marcos Rojo, que chegou a pegar num extintor). E, por fim, o Benfica ficou a saber que vai reencontrar Rui Vitória na terceira pré-eliminatória de acesso à Liga dos Campeões, já que o sorteio ditou que os encarnados vão discutir com o Spartak Moscovo a passagem ao decisivo playoff. |
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Eu, a TV e um comando
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O jogo em palavras
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Pódio
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1
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Ciclista esloveno venceu a Volta a França pelo segundo consecutivo, alcançado pelo caminho várias outras metas. Começou nas bicicletas por querer imitar o irmão e agora é uma grande figura mundial.
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2
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Quando Abdul-Jabbar conquistou o título em 1971 ainda faltavam 23 anos para Antetokounmpo nascer. Agora, o grego carregou os Milwaukee Bucks até à vitória contra os Phoenix Suns e o troféu da NBA.
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3
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A equipa Vitória de Guimarães atribuiu o "número 1" ao antigo guarda-redes Neno, que faleceu a 10 de junho, sendo que Bruno Varela ficou com o "número 14".
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A reflexão
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Tóquio 2020
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Antes da pandemia, eram os Jogos da Recuperação. Em pandemia, serão os Jogos sem público e com perdas. Mas o pior cenário económico não seria o cancelamento — um surto de Covid-19 seria demolidor.
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Terceiro tempo
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