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O que é um verdadeiro adepto de futebol? O que é mesmo um verdadeiro adepto de futebol? |
É aquele que tem um prazer genuíno em ir a um jogo, que acorda a pensar que vai ter um dia diferente porque “há bola”. Aquele que é capaz de gastar 100 euros do seu bolso (na bitola interna, entre transportes, portagens e refeições, porque se meter viagens internacionais a fatura é bem maior) sabendo que para o clube fica apenas o preço do bilhete. Aquele que faz amigos entre pessoas que não conhece e é capaz de se chatear com aqueles que vestem a mesma cor do que a sua. Aquele que tão depressa diz que um jogador é o pior que alguma vez viu como no momento seguinte está capaz de lhe fazer uma estátua. Aquele que abraça, que vibra, que canta, que se irrita com a coisa mais importante entre as coisas menos importantes da vida. Ali, é alguém irracional mas é alguém puro. O jogo pode fazer com que se transforme mas nunca perde a sua honestidade parcial. É alguém que sofre por uma das coisas que lhe dá mais prazer na vida. Frágil e genuíno, acha-se sempre dono da razão – mesmo tendo noção de que é uma sabedoria ingénua, dependente de uma bola ao lado, no poste ou dentro da baliza. |
Este é o verdadeiro adepto de futebol. Mais do que as fundições do futebol europeu sob a tutela da UEFA ou um cavalgar do fosso entre ricos e pobres numa história onde não há Robins dos Bosques por muito que queiram ficar com o guião dessa personagem, foi ele que esteve em risco durante 48 horas. Para já, safou-se. Para já. |
A ideia de uma Superliga Europeia é tudo menos nova mas ganhou forma no passado domingo à noite, o momento em que o futebol sentiu a vibração de um terramoto a que se seguiriam variadas réplicas. Florentino Pérez foi o ideólogo (pensando também no modelo do basquetebol continental), Andrea Agnelli vestiu-se de agente duplo infiltrado, os clubes ingleses aderiram à narrativa porque não concebiam ficar de fora desta ficha técnica sustentada na necessidade de aumentar receitas tendo outros motivos por trás. A UEFA respondeu com ameaças, jogadores e treinadores mostraram-se contra, os adeptos sobretudo ingleses foram-se manifestado em torno dos estádios. Na noite de terça-feira, também por influência do primeiro-ministro Boris Johnson, todos os britânicos tinham caído. Com eles caiu também a proposta – não o projeto. O futebol não mais voltará a ser igual. |
Houve vencedores e vencidos, houve supostos heróis e alegados vilões. Ficaram várias lições, como o facto de ser inevitável mudar o paradigma da venda dos direitos audiovisuais ou mudar um modelo competitivo que não entrou em vigor mas já é insuficiente. “Um terço dos fãs no mundo seguem os clubes da Superliga Europeia, 10% segue jogadores e não clubes, mas o facto mais preocupante é que a geração dos 16 aos 24 anos não tem interesse no futebol. A Superliga iria simular o que os mais jovens jogam nas plataformas digitais mas em competição com o Call of Duty, o FIFA ou o Fortnite”, defendeu o presidente da Juventus, Andrea Agnelli. Tudo muito ponderado e pensado mas tirando da equação algo que faz mover o futebol: o verdadeiro adepto. Se o verdadeiro adepto pode mudar na sua forma com o evoluir dos tempos, a essência é sempre a mesma – no dia em que deixar de haver um regime de meritocracia onde ganhar ou perder não seja o mesmo, esse verdadeiro adepto acaba. E com ele o futebol também, pelo menos como o conhecemos hoje. Entre uma comunicação errática, a falta de preparação para o terramoto que se antevia e as pressões sofridas de todos os quadrantes, esse foi o principal lapso da ideia. |
Todos os proprietários de grandes clubes ingleses estão a ser (mais) contestados, Florentino Pérez perdeu capital no Real e na UEFA, Andrea Agnelli terá uma tormenta maior com a época que a Juventus está a fazer. Muitas vezes os adeptos, os verdadeiros adeptos, parecem o elo mais fraco. Na verdade, é com eles e a partir deles que existe tudo o resto. E qualquer projeto que não leve isso em conta encontra-se à partida condenado ao fracasso. |
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Quando estava apenas a seis dias de disputar a final da Taça da Liga frente ao Manchester City (domingo, 16h30) e de poder quebrar um longo jejum de títulos que se prolonga desde 2008, José Mourinho foi despedido do Tottenham. O desfecho, 72 horas depois de novo empate na Premier League com o Everton (2-2), surpreendeu sobretudo pelo timing, a que não terá sido alheio o anúncio de uma Superliga Europeia na véspera, mesmo não sendo uma novidade perante um caminho que conhecera melhores dias. O sucessor interino, Ryan Mason, teve uma entrada a ganhar no dia em que se tornou o treinador mais novo de sempre na Premier League (29 anos) mas o triunfo com o Southampton ficou sobretudo assinalado pelos pedidos de demissão do líder Daniel Levy. Ainda na liga inglesa, o Manchester City ganhou ao Aston Villa com duas assistências de Bernardo Silva e tem 11 pontos de avanço sobre o rival United, que joga no domingo com o Leeds (14h). Nota para o Arsenal-Everton (esta sexta-feira, 20h), para o Liverpool-Newcastle (sábado,12h30) e para o West Ham-Chelsea (sábado, 17h30). |
Na Serie A, a derrota da Juventus frente à Atalanta dizimou por completo as hipótese de revalidação do título dos bianconeri, mesmo com dois empates seguidos do Inter com Nápoles e Spezia. Mais do que isso, a equipa de Ronaldo, que venceu o Parma a meio da semana, estará a lutar as últimas jornadas para ir à Champions, numa corrida que envolve AC Milan, Atalanta, Nápoles e Lazio. Este fim de semana há no domingo Inter-Verona (14h), Fiorentina-Juventus (14h) e Atalanta-Bolonha (19h45), ao passo que na segunda-feira jogam-se o Torino-Nápoles (17h30) e o Lazio-AC Milan (19h45). Já na La Liga, onde o Barcelona tem um jogo em atraso por ter disputado a final da Taça do Rei onde goleou o Athl. Bilbao, tudo em aberto com o Atl. Madrid na frente e o Sevilha a surgir como candidato nas seis jornadas finais. Este fim de semana há Real Madrid-Betis (sábado, 20h), Villarreal-Barcelona (domingo, 15h15), Sevilha-Granada (domingo, 17h30) e Athl. Bilbao-Atl. Madrid (domingo, 20h). |
Esta semana regressam as competições europeias, que se encontram nas meias-finais. Na Liga dos Campeões, o Real Madrid recebe o Chelsea (terça-feira, 20h), ao passo que o PSG joga com o Manchester City (quarta-feira, 20h). Na Liga Europa, que se realiza na quinta-feira (20h), há Villarreal-Arsenal e Manchester United-Roma. Antes, na Bundesliga, o já eliminado Bayern pode sagrar-se campeão em caso de vitória frente ao Mainz (sábado, 14h30), numa jornada importante na luta pelos lugares de acesso à Champions com o Wolfsburgo-B. Dortmund (sábado, 14h30), o Bayer Leverkusen-Eintrach (sábado, 17h30) e o RB Leipzig-Estugarda (domingo, 14h30). Na Ligue 1, nota para o escaldante Lyon-Lille (domingo, 20h), antes do Metz-PSG (sábado, 16h). |
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Copo meio cheio, copo meio vazio, copo até ao final. Após uma vitória sofrida em Faro em mais um encontro pela margem mínima, o Sporting voltou a escorregar entre erros próprios e o máximo que conseguiu foi resgatar um empate no sexto minuto de descontos frente ao Belenenses SAD, que manteve a invencibilidade da equipa mas reduziu a vantagem na frente para apenas quatro pontos. Os leões nunca tinham tanto feito tantos remates na primeira parte e num jogo mas averbaram o terceiro empate nos últimos quatro jogos, perdendo os mesmos seis pontos que tinham falhado nas 20 rondas iniciais. Segue-se o verdadeiro teste de fogo: Braga (domingo, 20h). |
Quem tem aproveitado da melhor forma os deslizes dos leões é o FC Porto, que mostra ao Sporting como gerir vantagens pela margem mínima: depois do triunfo na Madeira frente ao Nacional, que deixou a equipa apenas a um triunfo da melhor série de vitórias consecutivas na Liga, os dragões venceram o V. Guimarães com um golo de Marega em mais uma exibição muito sólida de Pepe e sentem cada vez mais que, não dependendo ainda de si, já começam a depender apenas de si (parece um paradoxo mas é mesmo assim). Já o Benfica goleou no Algarve o Portimonense mas tinha visto quebrada uma série de bons resultados uns dias antes, ao perder na Luz frente ao Gil Vicente num golpe complicado não só para o título mas na luta pelo segundo lugar. Esta ronda, ambos vão jogar na segunda-feira: o Benfica recebe o Santa Clara (19h), o FC Porto desloca-se a Moreira de Cónegos (21h15). |
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Portugal conseguiu igualar as quatro medalhas do Campeonato da Europa de judo. No mesmo local, na mesma hierarquia, sem a mesma festa pela ausência de público. No final, até soube a pouco. Mas soube porque, ao longo de três dias, os judocas nacionais mostraram que conseguem competir contra os melhores e que, num dia mais positivo, têm tantas oportunidades do que os outros de conquistarem mais feitos para a modalidade e para o país, como aconteceu com Anri Egutidze (quinto) ou Jorge Fonseca (sétimo). Com os Jogos de Tóquio já a menos de 100 dias, a Seleção pode sonhar com a primeira vitória olímpica de sempre no berço do judo. E, mais uma vez, a maior ilusão nacional entronca em Telma Monteiro, que voltou a mostrar ser uma das maiores atletas portuguesas e internacionais de sempre e que bateu mais um recorde numa extensa carreira cheia de títulos. |
A judoca de 35 anos, que ascendeu ao nono lugar do ranking mundial na categoria de -57kg depois do Europeu, conseguiu a 15.ª medalha noutras tantas participações, garantindo em Lisboa a sexta de ouro na véspera de ser homenageada pelo Estado com uma medalha de mérito por todos os serviços prestados ao Desporto (momento que já estava marcado desde 2019). E não foi a única: João Crisóstomo surpreendeu a concorrência e conseguiu ir buscar um bronze nos -66kg; Bárbara Timo caiu cedo nas repescagens mas foi a tempo de ganhar o bronze em -70kg; Rochele Nunes caiu nas meias-finais mas repetiu o bronze em +78kg. Portugal não repetiu as três finais de 2011 mas garantiu quatro medalhas lançando também uma nova geração a ser preparada para Paris-2024. |
No MotoGP, Miguel Oliveira ficou muito longe de repetir o brilharete de 2020 no Grande Prémio de Portugal, ao conseguir no mesmo fim de semana o melhor tempo na qualificação, a volta mais rápida da corrida, a liderança em todas as voltas e a vitória. Agora, após um décimo posto na Q2 onde caiu quando estava a fazer a fazer a volta mais rápida nos primeiros setores, não conseguiu um arranque como fizera em Doha, sentiu dificuldades na fase inicial e acabou por sofrer nova queda na travagem para a curva 14, não indo além de uma 16.ª posição depois de terminar “por respeito à equipa, aos telespectadores e aos fãs”. A ligação entre a composição dos pneus e a nova moto na equipa de fábrica da KTM continua a falhar, num problema que o piloto português admite não conseguir controlar, mas as atenções estão já viradas para Jerez de la Frontera. Na Fórmula 1, numa corrida em Ímola marcada pela chuva e por alguns acidentes aparatosos, Max Verstappen conseguiu o primeiro triunfo de 2021 e Lewis Hamilton acabou por beneficiar da bandeira vermelha após sair de pista para chegar a segundo. |
Ainda nas modalidades, duas notas de destaque de novo tendo os Jogos em perspetiva: Sara Moreira ganhou a medalha de prata na NN Mission Marathon, que se realizou no aeroporto de Enschede Twente (embora estivesse marcada para Hamburgo), conseguindo os mínimos olímpicos na maratona e juntando-se às já qualificadas Carla Salomé Rocha e Sara Catarina Ribeiro; e Frederico Morais chegou pela terceira vez na carreira às meias-finais de uma prova do Circuito Mundial de surf, perdendo nas meias-finais com o vencedor do North Narrabeen Classic, Gabriel Medina, mas subindo ao oitavo lugar do ranking ao fim de três provas realizadas na presente época. |
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Eu, a TV e um comando
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O jogo em palavras
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Pódio
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1
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Telma Monteiro tinha apenas falhado um Europeu desde 2004 e logo em Lisboa. Mais de uma década depois, teve oportunidade de combater em casa e fez história com o sexto ouro entre 15 medalhas na prova.
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2
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Sara Moreira terminou esta manhã a NN Mission Marathon, inicialmente marcada para Hamburgo mas realizada em Twente, na segunda posição, mais de 2.30 minutos abaixo dos mínimos olímpicos para Tóquio.
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3
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Frederico Morais venceu Ethan Ewing no primeiro heat dos quartos do North Narrabeen Classic e chegou pela terceira vez na carreira às meias-finais de uma prova do Circuito Mundial de surf.
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A entrevista
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Desporto
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Filha de alemães, cresceu em Sagres e escolheu bodyboard porque era o que "os fixes" faziam. Vegetariana desde os dez anos, foi campeã mundial e condecorada por Marcelo. Entrevista a Joana Schenker.
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Terceiro tempo
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