|
 |
|
Tornou-se tão banal que já nem ligamos. Ao longo dos anos, as imagens dos glaciares a derreter em direção ao mar e dos ursos polares à procura de alimento longe do gelo branco tornaram-se os postais clássicos do aquecimento global. É possível, contudo, que de tanto olhar para essas imagens tenhamos deixado de pensar no problema que elas contam? A verdade é que os pólos — as duas regiões mais frias do globo terrestre — são um dos indicadores mais visíveis da velocidade a que o planeta está a aquecer. |
O pólo Norte e o pólo Sul são muito diferentes: enquanto o primeiro é um oceano cercado por continentes, o segundo é um continente rodeado de mar. Mas os dois estão, este ano, a passar por um período excecionalmente preocupante. Em ambos os extremos do planeta foram registados, este ano, recordes de temperatura. Na vila siberiana que detém o recorde de lugar habitado mais frio do mundo os termómetros atingiram os 38ºC, um máximo histórico. Na Antártida, onde as temperaturas são mais baixas do que no Árctico, num momento em fevereiro foi possível registar mais de 20ºC. |
Quem sentiu as temperaturas anómalas na Antártida foi o investigador Gonçalo Vieira, coordenador do Propolar, o programa polar português. Falei com ele na semana passada para tentar perceber, afinal, o que se está a passar este ano nos pólos. “Eu estava lá em fevereiro e nunca tinha visto nada assim. Chegou a haver temperaturas entre os 9 e os 13ºC, quando habitualmente seriam de 2 ou 3ºC”, disse-me ele. A sul e a norte, “este está a ser um ano particularmente preocupante, que vem na sequência de vários anos preocupantes”. |
A Sibéria é um dos lugares do mundo que mais estão a sofrer com as alterações climáticas. Foi lá que, este ano, o degelo do permafrost — o solo permanentemente gelado que caracteriza a paisagem do Círculo Polar Árctico — levou ao colapso de um tanque de petróleo com problemas de manutenção, que causou um desastre ambiental sem precedentes na região. As temperaturas têm sido de tal forma altas que o território siberiano está a ser devastado por uma onda de incêndios que, não sendo inédita, é uma das maiores de sempre. |
Mas há mais. Numa altura em que a Covid-19 nos pôs a todos a falar de pandemias, talvez estejamos mais sensibilizados para perceber um dos grandes problemas do degelo das regiões polares: no solo permanentemente gelado há milénios de história geológica. Isso inclui cadáveres de animais que nunca se chegaram a decompor e que preservam intactos, até hoje, vírus e bactérias capazes de dar início a novas epidemias. Vale a pena voltarmos a olhar com atenção para o que se passa nos pólos. |
Respostas sobre o hidrogénio e os mitos sobre incêndios |
O hidrogénio verde tem sido anunciado pelo Governo português como uma das grandes apostas nacionais no âmbito da transição energética. Se forem produzidas exclusivamente a partir de energia renovável (e é esse o objetivo da fábrica de hidrogénio projetada para Sines), as células de hidrogénio são uma das formas mais eficientes para armazenar energia — e podem ser usadas para alimentar veículos de grande dimensão. Até aviões, o que pode revolucionar definitivamente um dos setores mais poluentes da atividade humana. |
Contudo, a estratégia do Governo para introduzir o hidrogénio no sistema energético nacional não é unânime. Dos ambientalistas aos especialistas, têm sido muitas as críticas e os críticos, que o secretário de Estado da Energia, João Galamba, se tem empenhado em refutar. Mas porque é tão polémico o hidrogénio verde? Demos um passo atrás e preparámos um Explicador com nove perguntas e respostas para clarificar o que é o hidrogénio, como se produz, como pode acelerar a transição energética na mobilidade e na indústria e quais os argumentos de um lado e do outro desta discussão. |
Com uma parte considerável das regiões Norte e Centro em risco máximo de incêndio, os fogos florestais são alvo de preocupação acrescida num ano em que a pandemia obrigou ao adiamento de ações de limpeza de terrenos. Em julho já ocorreram vários incêndios no território português, alguns preocupantes, e agosto prepara-se para ser ainda mais quente. Na semana passada, entrevistei o climatologista Carlos da Câmara, especialista em previsão do risco de incêndio, que garantiu: este ano será um teste fundamental à capacidade portuguesa para lidar com os fogos para que a tragédia de 2017 não se repita. |