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Quando pensou pela primeira vez na ideia de fazer uma exposição com as fotos da guerra na Ucrânia, o João Porfírio ainda estava lá. Não é estranho: quem conhece o João, o editor de Fotografia do Observador, sabe que ele está sempre a pensar no que pode fazer a seguir. Passar da ideia à prática, porém, até nem partiu dele. Três semanas depois de ter voltado a Lisboa, recebeu uma chamada da Câmara de Portimão (de onde é natural) a convidá-lo para inaugurar um novo espaço de cultura na cidade, a antiga lota, que foi restaurada este ano. |
Estava encontrado o onde, era preciso decidir o quando e, sobretudo, o como. Quem conhece o João também sabe que ele tem sempre muitas ideias, e, na verdade, poucas das que tinha ficaram por fazer. A base seriam sempre as 26 fotografias que escolheu de entre as milhares que fez nos 75 dias que esteve na Ucrânia, como enviado especial do Observador, acompanhado, em momentos diferentes, pela Cátia Bruno, o Pedro Jorge Castro e o Carlos Diogo Santos. Uma escolha feita com a ajuda do fotojornalista Mário Cruz, a quem entregou a curadoria da exposição. |
A isso quis somar a recriação de um bunker, como os muitos que visitou, o som das sirenes de alerta que ouviu tantas vezes e objetos que soldados russos deixaram para trás, por exemplo. À porta, outro símbolo: uma reprodução do carro de uma família que fugiu do conflito, cravado de balas: dois tiros no parabrisas, três na lateral direita e um nos vidros das portas da frente. Não foi ao acaso: foram exatamente estas as marcas que ficaram no carro da família de Vova, um rapaz de 13 anos, baleado pelos soldados russos durante a fuga de Irpin. O João conheceu o Vova no Hospital Pediátrico de Kiev, onde estava a ser tratado por ter ficado gravemente ferido. O pai dele morreu no ataque. |
O carro, que também tem folhas de papel coladas nos vidros com a palavra “дети” — “crianças” em russo —, como muitos dos que se fizeram à estrada para fugir das cidades bombardeadas, é a primeira coisa que os visitantes veem da exposição, inaugurada no sábado passado, dia 16 de julho. Lá dentro ouve-se música do quinteto da orquestra Sem Fronteiras, do maestro Martim Sousa Tavares, interrompida pelas sirenes de emergência que, desde 24 de fevereiro, avisam a população ucraniana sempre que há ameaça de ataque aéreo. |
75 dias na Ucrânia |
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Os sons do quinteto ouviram-se ao vivo no dia da inauguração — e acabaram por provocar um dos momentos mais emotivos daquele dia. Antes, enquanto o João fazia uma visita guiada por todas as imagens, uma mulher acompanhava as descrições que o fotojornalista ia fazendo com lágrimas nos olhos. No final, aos primeiros acordes do hino ucraniano pela orquestra Sem Fronteiras, desabou a chorar. Diria mais tarde ao João que é ucraniana, veio para Portugal com a filha adolescente no início da guerra e deixou para trás quase toda a família: “Queria dizer obrigada. Finalmente tenho memórias do meu país.” O João Porfírio costuma dizer que “não é só uma exposição de fotografia”. E, de facto, não é. |
Se quiser perceber porquê, pode visitar até ao dia 16 de outubro, entre as 18h e as 23h, na antiga lota de Portimão. Desde sábado passado e até esta quinta-feira, mais de 3.200 pessoas fizeram isso mesmo. Por ser uma iniciativa do Observador, os visitantes recebem um código que lhes dá acesso a todos os conteúdos do jornal durante sete dias, mesmo os que normalmente só estão disponíveis para assinantes. Assim também pode ler, por exemplo, todas as reportagens feitas pelos enviados especiais à Ucrânia. |
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