A editora executiva do Observador, Dulce Neto, estava muito atrasada. Logo que conseguiu o visto para entrar em Angola, na terça-feira à tarde, passou rapidamente pela redação, foi a casa pegar nas malas e apanhou um Uber para o aeroporto. Parecia de propósito, mas foi só coincidência: o motorista era angolano; além de ser angolano, disse-lhe que era filho de um antigo militante da UNITA; além de ser angolano e filho de um antigo militante da UNITA, assegurou que era neto de uma antiga modista de Jonas Savimbi. |
A conversa não pôde ser longa porque a Dulce estava mesmo com pressa. Precisava de apanhar um avião nessa noite para estar em Luanda na manhã seguinte. Com todos os atrasos burocráticos, já ia apanhar a campanha eleitoral avançada. Antes de partir, deixou pronto um longo artigo onde contava as novidades mais recentes das eleições que serão disputadas no dia 24 entre João Lourenço, do MPLA, e Adalberto da Costa Júnior, da UNITA. |
Em Luanda, a Dulce tem alguma dificuldade em dormir e, para se conseguir concentrar e escrever, precisa de fechar todas as janelas. A responsabilidade é dos vizinhos. Como ficou alojada junto do palácio presidencial, do Ministério da Defesa e da Assembleia Nacional, está permanentemente a ouvir o barulho de sirenes e de movimentações de militares. Sempre que João Lourenço sai do palácio, como aconteceu há dias quando se deslocou a Benguela em campanha, as ruas da zona são fechadas para que passe a comitiva presidencial, que inclui vários carros e uma ambulância. |
Mas a Dulce vai resistindo ao barulho e ao cansaço. Até quarta-feira, ela vai ajudar-nos (e ajudá-lo) a seguir todos os detalhes da campanha no Observador e na Rádio Observador. |