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Nunca se assistiu a um dia assim no Parlamento. Na quinta-feira, os deputados tiveram 80 votações antes de irem de férias — e uma delas era especial. António Costa e Rui Rio tinham combinado o fim dos debates quinzenais, mas faltava o voto definitivo dos deputados. E havia ameaças de rebeldia. No PSD, Margarida Balseiro Lopes e Pedro Rodrigues avisaram que votariam contra a maioria. No PS, foi Jorge Lacão quem alertou que a bancada estava dividida. |
Já havia, portanto, polémica — e somou-se uma complicação. Por causa da pandemia, o Parlamento tem tido regras novas sobre a presença física dos deputados, que obrigam a que só possa estar metade de cada vez no hemiciclo. Assim, para evitar uma excessiva proximidade social, cada bancada parlamentar fica reduzida a 50% em cada debate — e os outros 50% ficam a assistir a tudo a partir dos seus gabinetes. |
Já havia uma polémica e uma complicação — e somou-se um problema. Na quinta-feira tínhamos quatro diplomas que exigiam maioria qualificada de dois terços. Como se trata de uma votação eletrónica, era preciso que todos os deputados se registassem no computador. Mas, como se percebe, isso não podia ser feito por todos ao mesmo tempo. Para contornar a dificuldade, instituiu-se a regra dos turnos. Metade dos deputados ia no primeiro turno votar os quatro diplomas e saíam; depois, entravam os deputados do segundo turno e votavam os mesmos quatro diplomas. |
Já havia uma polémica, uma complicação e um problema — e somou-se uma confusão. Como a alteração aos debates quinzenais não precisava de maioria qualificada, bastavam os votos do primeiro turno para o assunto ficar arrumado. Aí, houve 21 votos do PS e cinco do PSD contra a proposta. Toda a gente pensou que esta seria a contagem final, mas, quando entrou o segundo turno, a deputada socialista Sónia Fertuzinhos pediu para votar também: estava contra a alteração e queria que isso ficasse registado. E, assim, os rebeldes do PS passaram para 28 e os do PSD para sete. Os jornalistas que foram fazendo as contas do que se estava a passar não podem dizer que não foi um dia animado no Parlamento. |