|
 |
|
Ao final da noite de 24 de outubro de 2022, depois de algumas trocas de mensagens, Pêpê Rapazote, que estava no Rio de Janeiro, e a Sara Antunes de Oliveira, que estava em Lisboa, conseguiram finalmente falar ao telefone. Os dois já se conheciam e a subdiretora do Observador tinha uma proposta para lhe fazer: queríamos que ele fosse o narrador de um novo podcast do Observador, chamado “O Sargento na Cela 7”. É a história de António Lobato, o militar português que esteve mais tempo em cativeiro durante a guerra de África, e da acção secreta para o libertar, a operação Mar Verde. A conversa demorou 64 minutos e 21 segundos — mas não porque fosse preciso muito tempo para o convencer. O ator, que participou em produções internacionais como “Narcos” e “Rainha do Sul”, ficou imediatamente entusiasmado com o projeto. | Poucos meses depois, entre 17 e 19 de janeiro, Pêpê Rapazote esteve na redação do Observador a gravar os seis episódios desta série para ouvir em podcast. Não quis fazer testes ou ensaios antes. O melhor, como nos ensinou, é começar a gravar e depois repetir as vezes que for preciso até encontrar o tom certo — quando isso aconteceu, percebemos todos que era mesmo aquilo. Nesses três dias, o ator almoçou sempre na nossa copa (só saladas), a debater com a equipa projetos futuros. | Com David Santos, conhecido pelo nome artístico Noiserv, as coisas também foram muito fáceis. Depois de uma conversa inicial na redação do Observador, o músico foi muito rápido a entregar uma primeira proposta para a banda sonora original do podcast. Era mesmo aquilo. A música central deu origem a várias sub-músicas e trilhas que são usadas ao longo dos episódios para retratar diferentes momentos da história. Para além do tema do genérico, Noiserv compôs mais duas músicas originais, ao piano, inspiradas na história de amor entre António Lobato e a sua mulher, Maria dos Anjos. | Foram precisos vários meses — e várias pessoas — para fazer este podcast narrativo. A primeira vez que a jornalista Tânia Pereirinha ligou a António Lobato foi a 24 de junho de 2022. Seguiram-se muitas horas e muitos dias de conversa. A Tânia entrevistaria ainda mais sete protagonistas desta história: a mulher de António Lobato, outros prisioneiros resgatados na Mar Verde, o comandante de uma das lanchas envolvidas na operação e especialistas no período da guerra de África. No total, foram registadas mais de 17 horas de gravações em áudio, ao longo de cinco meses. | Mas, obviamente, as conversas mais marcantes foram com António Lobato. Com a Tânia esteve também o João Santos Duarte, editor de Podcasts do Observador. Numa das tardes de entrevista, durante o verão passado, num dia em que o João teve de sair mais cedo, a Tânia continuou a conversa com António Lobato. No final, à saída, perceberam que havia um incêndio lá fora. Lobato teve uma reação desconcertante: voltou a entrar em casa e fechou a porta. A Tânia demorou uns minutos até perceber que o piloto não tinha decidido ignorar o fogo, estava só a tratar de resolver o problema. Era uma altura do verão em que o país inteiro estava a arder. António Lobato saiu de casa a passo, de mangueira em punho, e, com toda a calma, apagou o incêndio. Quando os dois carros dos bombeiros chegaram, largos minutos depois, só tiveram de assegurar a fase de rescaldo. | Mais tarde, António Lobato ligou esta reação aos sete anos e meio que passou em cativeiro: “Fizeram com que características que já cá estavam se desenvolvessem ainda mais. Deram-me uma estabilidade tão grande que, se estivermos aqui sentados e rebentar uma bomba aqui ao lado, fico na mesma. Viu o que aconteceu com o fogo. Chegámos lá, e o que é que eu fiz? Ri-me, fui buscar uma mangueira e apaguei o fogo. Nas situações mais críticas, faço tudo instintivamente e não falha nada. Só quando acaba a desgraça é que caio em mim e fico cansado, quase exausto, mas enquanto houver essa coisa para fazer, faço tudo certinho, sem pensar. Isso é meu. Mas lá, na prisão, talvez tenha aperfeiçoado ainda mais”. | O guião foi escrito, ao longo de dois meses, pelo João Santos Duarte e pela Tânia Pereirinha. Mas não estiveram sozinhos. Quando entraram na fase da história que trata da operação Mar Verde, o João decidiu incorporar uma pistola Nerf à equipa, como incentivo motivacional. | Com o guião pronto, com a narração gravada e com a música feita, faltava acrescentar os sons que ajudam a transportar o ouvinte para a época em que se passa “O Sargento na Cela 7”. Foi aí que entrou o Diogo Casinha, responsável pela sonorização e pela pós-produção áudio que transformam a audição deste podcast numa experiência verdadeiramente imersiva. | Primeiro, as músicas. Além das que foram escolhidas pela equipa, houve três sugeridas pelos dois personagens principais. Para a cena de baile onde António Lobato e Maria dos Anjos se conhecem, lembraram três músicas que passavam naquela altura: “Jailhouse Rock”, de Elvis Presley; “Vocês sabem lá”, tema interpretado pelo conjunto Shegundo Ghalarza; e “Já chegou a Primavera”, de Simone de Oliveira. | Depois, os sons. No primeiro episódio, na cena em que António Lobato acelera no seu novo carro, o som do motor que ouvimos é mesmo de um Ford Zephyr 6, o mesmo que o piloto tinha. Na série, também são usados os sons reais de um avião North American T-6 Texan, o mesmo modelo que António Lobato pilotava quando se despenhou na Guiné. E, no episódio em que a operação Mar Verde arranca, o som do avião que patrulhou as águas é efetivamente de um P-3 Orion, que foi usado nesse dia pela Força Aérea Portuguesa para esse efeito. Mais: o som do armamento corresponde exatamente aos produzidos pelo que foi usado na operação Mar Verde — as rajadas de metralhadora automática AK-47 / Kalashnikov, os sons emitidos pelos lançadores de granadas RPG7 e os dos morteiros de 82 milímetros. Até os tiros que se ouvem quando Lobato anda a matar cobras em Bissalanca são efetivamente de uma pistola Walter, que ele usou nesse momento. | Nem sempre foi possível reconstituir os sons exatos. Aí, foi preciso usar a criatividade. Na cena em que António Lobato tem o acidente de avião que levaria à sua captura, foi usado o som de uma máquina de lavar roupa a destruir-se depois de ser posta a funcionar com tijolos no interior. | A capa do podcast é da autoria de Ana Costa Franco e Cristiana Couceiro, do estúdio de design e comunicação Ophelia, com vasta experiência internacional, tendo colaborado já com o New York Times, Washington Post, Le Monde ou Netflix. | “O Sargento na Cela 7” é uma grande história que vai poder ouvir a partir de terça-feira, dia 14. É uma série com seis episódios para ouvir no site do Observador, na Rádio Observador e também nas habituais plataformas de podcast e no Youtube. Todas as terças-feiras é disponibilizado um novo episódio. | Até lá, pode já ouvir o trailer da série. Aconselho-o a fazer isso mesmo: em poucas horas, foi ouvido por mais de 50 mil pessoas — e vale bem a pena. | Nesta semana, já tínhamos tido outra estreia. Mental, a nova secção do Observador dedicada à saúde mental, tem reportagens, explicadores, entrevistas, vídeos e informação útil. Também vale a pena passar por lá. |
|
Talvez lhe tenha escapado
|
|
Documentários
|
|
Um piloto abatido. Um cativeiro de sete anos e meio. Uma operação de resgate secreta. E uma história de amor que resiste a tudo. Vem aí "O Sargento na Cela 7", do Observador. Estreia a 14 de março.
|
|
|
|
Podcasts
|
|
“O Sargento na Cela 7” é a 1.ª série dos novos Podcast Plus do Observador. É a história do militar português que mais tempo esteve em cativeiro na guerra de África. Trailer já foi ouvido 68 mil vezes.
|
|
|
|
|
Podcasts
|
|
Tinham tudo para ser um flop, mas são um sucesso de downloads aos milhões e ouvintes ávidos pelo próximo episódio. "O Sargento na Cela 7" é o primeiro Podcast Plus do Observador.
|
|
|
|
Abusos na Igreja
|
|
Vários bispos já anunciaram o afastamento de padres suspeitos, outros dizem não haver dados e alguns continuam em silêncio: numa Igreja que fala várias vozes, quem são os bispos que já decidiram agir?
|
|
|
|
CP
|
|
Há muitos sindicatos a movimentarem-se por entre os trabalhadores da CP. O Observador fez o levantamento desta força. São quase duas dezenas de sindicatos com mais de 2.500 sócios.
|
|
|
|
|
Armando Vara
|
|
Anulação do perdão da pena por via da legislação especial da Covid-19 pode levar a nova prisão do ex-ministro do Desporto. Juiz que decretou cúmulo passa a decisão para o Tribunal de Execução de Penas
|
|
|
|
Preços
|
|
Especulação ou inevitabilidade? O Governo voltou a deixar a distribuição em xeque, devido aos preços dos alimentos, mas o setor rejeita responsabilidades. Medidas de outros países estão em estudo.
|
|
|
|
PSD
|
|
Na ressaca da crise dos Açores, Montenegro foi à Madeira para vender PSD como referencial de estabilidade. Críticas de Marcelo assustavam, mas ataque do Presidente ao Governo foi ouro sobre azul.
|
|
|
|
|
PS
|
|
O ex-secretário de Estado da Saúde fica ao lado de Marta Temido na posição sobre os privados durante a pandemia e diz que "se votasse em Lisboa, votaria em Marta Temido" para a autarquia.
|
|
|
|
Governo
|
|
LPM vai prestar serviços de assessoria de imprensa à PCM por 64 mil euros em 8 meses. Entre as empresas não escolhidas há quem se queixe de ter tido apenas cinco dias para apresentação da propostas.
|
|
|
|
|
Guerra na Ucrânia
|
|
Serviços de informações russos validaram a opinião de Putin de que ofensiva na Ucrânia seria um êxito. Mas Kremlin foi depois confrontado com realidade distinta — e com derrotas no campo de batalha.
|
|
|
Opinião
|
|
|
Na entrevista de ontem, o Presidente da República convidou o país a ficar diante da televisão, à espera que aconteça alguma coisa, mas com o aviso de que o mais provável é não acontecer nada.
|
|
|
|
Na onerosa série nacional “A TAP” já em quarta temporada, tudo é mau - guião, interpretes, realização. Reduzi-la a isso ficaria porém longe de um escândalo que nos humilha, nos ofende e nos rouba-
|
|
|
|
O governo travou uma guerra orçamental contra os professores. Perdeu-a. Agora só sobra disfarçar: após abandonar reformas e acumular cedências, o PS chama “aproximações quase históricas” às derrotas.
|
|
|
|
Não advogo julgamentos sumários nem linchamentos, mas a defesa das potenciais vítimas de abusos reiterados. Dada a gravidade e os relatos que ouvimos as vítimas devem ser a nossa principal preocupação
|
|
|
|
Enfrentamos um risco muito sério de a TAP ainda nos sair mais cara. A agora demitida presidente da empresa dificilmente não processará a empresa.
|
|
|
|
|