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Todos nós aprendemos sobre algumas das batalhas mais épicas de sempre. Muitos temos nas nossas estantes de casa livros e atlas desses confrontos marcantes. Mas escrever e ilustrar as que estão agora a decorrer, quando, mesmo nesta era tecnológica em que tudo acontece em direto, ainda não se sabe com detalhe o que aconteceu e os seus protagonistas continuam na linha da frente, torna-se muito complicado. Apesar de ter passado só um ano de guerra na Ucrânia, há já cinco batalhas que, de tão brutais, vão seguramente surgir nos livros (ou qualquer outra plataforma) de História do futuro. Que as próximas gerações vão estudar. A Cátia Bruno, jornalista de Internacional, e o Miguel Feraso Cabral, designer gráfico, com a ajuda de vídeos do Diogo Ventura, anteciparam-se para ajudar os historiadores. | Comecemos pelos passos da Cátia e depois vamos aos desafios do Miguel, ambos com uma tarefa hercúlea. | Primeiro passo. Recolher informação. Fez pesquisa em massa — o computador dela tinha tantas tabs abertas que parecia rebentar a qualquer momento —, leu centenas de artigos e depois pré-selecionou os que lhe pareceram mais úteis: mais de 200 links de jornais/TV’s/rádios, tanto ucranianos, como russos, norte-americanos, franceses, espanhóis e britânicos. | Segundo passo. Perceber a evolução das batalhas dia a dia. Ia comparando a informação dos artigos com as dos relatórios diários do Institute for the Study of War: e foram dezenas aqueles em que teve de mergulhar. Mas sem eles, teria tido muita dificuldade em perceber o que aconteceu em cada dia e ficaria só com uma ideia “geral”, sem compreender que certas coisas se passavam em simultâneo — como na invasão a Kiev, em que houve ataques aéreos e colunas a avançar por terra, todos ao mesmo tempo, quase nos mesmos dias. | Terceiro passo. Arrumar a informação. Isso levou-a a criar vários documentos a que chamou “Batalhas”, com subdivisões, como “nova versão”, “resumo”, “texto final”. Cada vez que não percebia quando tinha acontecido o quê, lá ia consultar ou reconsultar os artigos — com uns quantos, mais aprofundados, a serem particularmente úteis. | Quarto passo. Perceber a geografia e não baralhar os nomes de aldeias, cidades e pontes arrasadas antes de começar a passar a informação ao Miguel. Começou a usar o Google Maps para entender por onde avançavam as colunas, a que distância ficavam os lugares uns dos outros e vieram mais dores de cabeça. Descobriu, por exemplo, que existem duas Pryshyb na Ucrânia, em zonas bem diferentes do país. | Quinto passo. Juntarem-se os dois para transformar o texto em imagens em que soldados, tanques, aviões avançam e recuam sobre mapas. Para montar tudo visualmente, fizeram umas quantas sessões sentados lado a lado: ela com o Google Maps aberto, ele com outros links no ecrã secundário do computador, enquanto o mapa no ecrã principal ia sendo pintalgado de manchas e setas azuis e vermelhas, que lhes serviam de “caderno de rascunho”. | Estes últimos passos da Cátia cruzam com aquele que o Miguel considera ter sido o seu segundo grande desafio. Tal como ela, ele também teve grande dificuldade em encontrar as dezenas de aldeias mencionadas nos textos, já que para além de muitas só aparecerem com um zoom absurdo no Google Maps, tinham o tal problema de ter o mesmo nome, nomes muitos parecidos ou, em algumas áreas, só aparecem em cirílico. Só juntos resolveram as dúvidas, e ele avançou então para a parte dura da programação. | Antes, o desafio inicial do Miguel tinha sido arranjar a escala certa de cada mapa para que abrangesse todos os pontos relevantes de cada batalha. Pode parecer um mero detalhe, mas não. Escolhida a escala, era preciso limpar os mapas, dar-lhes uma identidade própria e acrescentar detalhes nas zonas principais. Por duas vezes teve de re-escalar dois mapas, o que o obrigou a recomeçar todo o processo. E sempre contra o tempo. Ah, porque ele é um eterno otimista nas estimativas para o desenvolvimento de trabalhos e depois acaba sempre com noites perdidas para cumprir o prazos. | O que nos leva aos desafios seguintes pelos quais teve de passar. Um deles, não pensar em cigarros. Tendo deixado de fumar há meses, o chamamento ainda aperta nestas situações de stress mais agudo. Acabou por não resistir e ‘cravar’ um cigarro à Catarina Santos, editora de Multimédia que se senta à sua frente. Acabou meio mal disposto e sem suportar muito bem o cheiro nos dedos. Nada que sabão, um copo de água e uma pastilha não resolvessem. Outro, que tipo de banda sonora escolher para ter nos headphones: optou por instrumentais, para as palavras não interferirem no raciocínio, já seguro com fita cola pela exaustão, e deixou o algoritmo tratar do resto. Por fim, tentar não acordar a meio das noites com pensamentos circulares a resolver detalhes de código de programação: nem sempre foi possível, tanto que o cansaço o venceu um dia e teve uma estreia absoluta — dormitou pela primeira vez num Bolt com a cabeça encostada ao vidro. | Quer a Cátia Bruno quer o Miguel Feraso Cabral aproveitaram o facto da redação do Observador ser como a cidade de Nova Iorque: nunca dorme. Ela, mais noctívaga, dava os melhores avanços à pesquisa depois das 20h, sabendo que tinha sempre a companhia de alguém, entre a atualidade do site e a da rádio. Ele, que habitualmente não trabalha aos fins de semana, temeu que ao vir para Alvalade sábado e domingo para cumprir os prazos, encontrasse o espaço totalmente vazio e que o silêncio fosse duro perante o cansaço acumulado. Mas não lhe faltou também companhia. | Depois desta batalha pessoal deles, os leitores podem ver neste especial multimédia 5 batalhas que vão ficar nos livros de história após um ano de guerra na Ucrânia. |
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À segunda série para a RTP, André Santos e Marco Leão filmam uma história num Portugal que podia ser o de hoje. Estreia-se esta quarta-feira. Os realizadores apresentam-nos a série.
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