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Se há temas em que posso usar a minha idade e falar em nome próprio, este é um deles. Sim, eu lembro-me bem das senhoras da Tupperware que iam lá em casa, em grupos, vender as caixas de plástico então caríssimas. Sim, eu ainda tenho em casa algumas dessas relíquias daquele tempo, bem conservadas, de que ninguém na altura sabia como dizer o nome. E sim, também pertenço ao grupo que, seja qual for a embalagem do género que compre, de plástico ou agora mais de vidro, lhe chamará sempre o mesmo, aquela marca. Mas a Beatriz Ferreira, jornalista de Economia, e o fotojornalista Diogo Ventura, que esta semana foram a Montalvo, só saberão destas histórias pelas mães ou avós — e pelas que ouviram na terra da única fábrica portuguesa onde há mais de quatro décadas se produzem as famosas caixinhas. |
Montalvo fica no concelho de Constância. E há 45 anos que tem uma fábrica da Tupperware, empregando cerca de 200 pessoas. Apesar de o nosso país ter sido líder de vendas da marca histórica em 2013 — como contava aqui a editora de Economia Alexandra Machado —, os anos de ouro terminaram e a falência da empresa nos EUA, no final do ano passado, acabou por atingir a pequena terra ribatejana. O fecho ainda não está definido, há propostas de compra, mas vivem-se tempos de grande incerteza perante a possibilidade do desemprego atingir muitas das pessoas de uma povoação com apenas 1.200 habitantes. |
Ou seja, onde alguém trabalha ou tem alguém que trabalha na Tupperware. A Beatriz e o Diogo foram à procura dessas pessoas. E não tiveram problemas em encontrá-las na véspera da data prevista para o encerramento da fábrica (8 de janeiro), entretanto prolongado até ao fim do mês. Acabaram por escrever uma reportagem cujo título diz tudo: “Numa terra em suspenso, se a Tupperware cair, não cairá sozinha”. |
Encontraram Moltalvo deserto — dos três cafés, só um estava aberto — e praticamente ninguém na rua. Mas acertaram à primeira. Quando abordaram uma mulher que meteu conversa com eles junto a um muro com vista para um pasto de ovelhas — a primeira com quem se cruzavam —, para perguntar se conhecia alguém que trabalhasse na fábrica, a ela bastou-lhe apontar para a única outra pessoa que se via a passar: “Olhe aquela senhora ali já trabalhou”. |
Depois seguiram até ao lavadouro municipal onde, de longe, conseguiram avistar a D. Irene, de 84 anos, a lavar num tanque toalhas brancas com sabão azul. O Diogo segredou à Beatriz: “Se calhar a filha ou o genro trabalham lá”. E não é que trabalhavam mesmo — não uma, mas as duas filhas estão empregadas na fábrica e não sabem qual será o seu futuro; o genro, esse reformou-se; e dois dos netos também já passaram pela Tupperware, só que entretanto seguiram outros caminhos. |
Sobre o que sente em Montalvo, perceberam-no noutros detalhes. Quando a Beatriz e o Diogo viram um camião entrar, vazio, fábrica adentro, um homem, dono de uns terrenos vizinhos, alertou-os imediatamente que já deveria ser para começar a retirar material. Mas não, não estavam ainda “em mudanças”. Eram operações normais e apenas uma desconfiança de uma das muitas pessoas assustadas da terra. |
Depois, os dois foram, literalmente, bater à porta de muitas empresas na zona industrial para perceber se alguma já tinha sido contactada por trabalhadores da Tupperware ou se iam abrir vagas para eles — só encontraram uma. |
Mas, pronto, encontraram também um leitor do Observador e ouvinte atento da Rádio Observador. Estavam com o drone para tirar fotografias à fábrica e perceber a sua dimensão quando um homem num jipe chegou perto deles. Como mora ali há 40 anos, contou-lhes a história da empresa e toda a evolução a que assistiu. No fim, quando se despediram e disseram que eram do Observador, ouviram: “Gosto imenso e ouço sempre a rádio. Agora não estou a ouvir porque o jipe é o carro de trabalho e não tem rádio, mas no meu carro pessoal tenho sempre sintonizado na Rádio Observador”. |
A despedida não foi má para a Beatriz e o Diogo. Mas não se saberá como vai ser para os 200 trabalhadores da mítica Tupperware de Montalvo. |
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31 de julho de 1992. Quando encontra o corpo de uma mulher num barracão na Póvoa de Santo Adrião, a PJ não imagina que é o início de um dos mais enigmáticos casos da história do crime em Portugal
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Cinco meses depois, mais um crime, noutro local mas com a mesma assinatura. No episódio 2 de "A Caça ao Estripador de Lisboa” a PJ já não tem dúvidas de que há um assassino em série à solta na cidade.
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O assassino volta à Póvoa de Santo Adrião e faz a terceira vítima. Mas desta vez a polícia não precisa de ajuda para a identificar: é uma mulher que os agentes responsáveis pelo caso conhecem bem.
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Podcast Plus
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Com a investigação praticamente parada, a PJ decide pedir ajuda à polícia internacional mais habituada a lidar com casos de assassinos em série. Quarto episódio de "A Caça ao Estripador de Lisboa".
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Podcast Plus
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E se o assassino já tiver começado a matar há anos e nos EUA? No episódio 5 de "A Caça ao Estripador de Lisboa" a PJ segue várias pistas internacionais. E põe sob escuta um médico muito suspeito.
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No último episódio de "A Caça ao Estripador de Lisboa", os crimes vão prescrever mas a história não acaba. Em 2011 um jornal anuncia que fez aquilo que a PJ nunca conseguiu: descobriu o assassino.
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Opinião
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Sem uma reforma estrutural do sistema de impostos e outras, como a da administração pública e da justiça económica, continuaremos a lamentarmo-nos de ver Portugal entre os países mais atrasados da UE.
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Para as autoridades e para a comunicação social, a grande missão é agora escamotear e deturpar qualquer informação que possa estimular os preconceitos da plebe e ser “explorada” pelo “fascismo”.
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Uma ideia de irmandade subjaz ao ideal da fugitividade, talvez para entendê-la seja preciso já nos termos sentido acossados.
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Precisamos muito do Quarto Poder – desde que se afirme como tal e não como mera extensão não assumida de um outro poder qualquer.
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