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Por detrás do vidro embaciado de uma janela de um comboio prestes a partir da estação de Lviv, uma criança ucraniana de gorro creme chora compulsivamente com a pequena mão aberta espalmada em desespero, despedindo-se do pai que tem de ficar na guerra. Esta é já uma das fotos mais emblemáticas do conflito. E é do João Porfírio, o editor de fotografia do Observador. |
O João e a Cátia Bruno, jornalista conceituada de Internacional, estão há uma semana na Ucrânia. Viajaram no dia em que a invasão começou, por isso em vez de irem diretamente para Kiev, como previsto, viram-se obrigados a fazer um desvio por Cracóvia e a entrar pela Polónia, ficando em Lviv, como o Pedro Jorge Castro já contou aqui a semana passada. Acontece que esta cidade se tornou na principal rota de fuga de refugiados. Naquela segunda-feira, 28, quando a Cátia acabava de escrever mais uma reportagem, sobre como se organizava a resistência, o João decidiu sair e ir até à estação, para confirmar se havia mesmo uma enorme confusão, como lhe tinham dito. |
E encontrou de facto o caos. Mas nem o João nem a Cátia têm ainda (nem devem já chegar) as credenciais de jornalistas (press) que deviam trazer penduradas ao pescoço. E quando ele começou a disparar o botão da máquina, logo um polícia tentou saber se não seria um russo infiltrado, pediu-lhe os documentos, fotografou o passaporte e a carteira profissional, gritou-lhe, disse-lhe que não podia estar ali. Valeu ao João Porfírio um veterano e premiado jornalista da BBC, Fegan Keane, que rapidamente se aproximou e afirmou “este rapaz está comigo”. |
O João fez então o seu trabalho, imagem atrás de imagem, cada uma mais forte que a outra, e acabou por se emocionar. Tanto que acabou com o tal polícia a confortá-lo e a equipa da BBC, a quem Fegan o apresentou como “o novo amigo português”, a ir pagar-lhe um croissant aconchegante para o estômago e para a alma na rua da frente, enquanto trocavam números de telefone e conselhos. Fegan Keane perguntou-lhe se era o seu primeiro conflito armado, e quando o João Porfírio respondeu que em palco de guerra sim, ele explicou-lhe que era bom sinal ele ter ficado emocionado: “Já faço guerras há 30 anos, isso mostra que não és uma máquina!”. No dia seguinte, o João acordou com uma mensagem de WhatsApp a perguntar como se sentia, e quando respondeu que estava recuperado e já a trabalhar com a Cátia num velho teatro onde famílias se refugiavam, Keane perguntou-lhe se o Observador se importava que a BBC também lá fosse fazer reportagem. |
Ah, à fotogaleria na “estação do desespero” o João colocou este título: “Isto é um jogo e temos de entrar no comboio. Corre filho”. E não houve quem não se lembrasse do filme A Vida é Bela, de Roberto Benigni, vencedor de três Óscares em 1999. E ainda nos contou tudo em vídeo, como se as fotos não fossem já um murro no estômago, sem direito a croissant. |
Não foi o único vídeo dos enviados do Observador à Ucrânia, nem a primeira foto, a mostrar a dimensão humanitária deste conflito. A Cátia Bruno já tinha mostrado as histórias dos que tinham de partir e dos que ficavam e contado como famílias se separavam devido à lei marcial, numa outra reportagem que o João ilustrou com uma imagem marcante. |
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Entre dezenas de telefonemas diários (o editor de Sociedade Carlos Diogo Santos e o subeditor Pedro Raínho, ligam-lhes duas a três vezes por dia, e recebem outras tantas chamadas, algumas que já deixaram de atender por acharem que eram Spam, uma vez que aparecem como se fossem da Noruega, Roménia, Alemanha ou Polónia, ninguém sabe porquê), ao todo o João e a Cátia já publicaram 17 reportagens nesta semana em Lviv. Muitas delas depois relatadas com novos detalhes no podcast das manhãs, A História do Dia, coordenado pelo subdiretor Ricardo Conceição, como pode ouvir aqui, aqui, aqui, aqui e ainda aqui. |
Isto enquanto se levantam várias vezes por noite para ir para o bunker de abrigo do hotel, mal as sirenes tocam. Da primeira vez, o barulho foi tal (a sirene toca cá fora e o altifalante pelo qual o responsável do hotel faz o aviso parece estar dentro do ar condicionado) que o João saltou da cama ainda a dormir e ficou de pé. Ele foi sempre de pijama, vestindo apenas o blusão e calçando os sapatos, para a cave. A Cátia nos primeiros dias ainda se vestia, depois rendeu-se. Mas apesar desse abrigo ser no ginásio, cheio de halteres e bicicletas, ninguém fez exercício. E todos já sabem que eles, os portugueses, bem água sem gás, ao contrário dos ucranianos, doidos por sparkling water. |
A Cátia também já fez uma meia entrevista num outro bunker. Estava no café, a sirene tocou a meio, e teve de continuar no escuro, com toda a gente no abrigo a ouvir a conversa com interesse. Também lhe aconteceu ser abordada por um empregado do hotel em desespero, que queria que mudassem o carro, que está estacionado à porta: pelo nível de urgência ela pensou que era para passar um tanque ou um outro veículo militar, mas quando o João Porfírio lá chegou a correr, percebeu que era só falta de jeito do outro condutor. |
O que é estranho, porque a tradutora que os acompanha, e que adoram, já os levou de carro à aldeia de Drozdovychi, e conduz de forma louca, como a maioria dos ucranianos. Aliás, nem lhe falta o famoso autocolante na parte de trás do carro que diz “good girls go to heaven, bad girls go everywhere@”. Infelizmente, na Ucrânia, já não é assim. Ninguém vai onde quer. |
(pode continuar a seguir o trabalho da Cátia Bruno e do João Porfírio desde a Ucrânia no site e na rádio Observador onde manteremos uma cobertura ao minuto deste conflito numa mobilização completa da redação em todas as áreas). |
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Assume sucesso desportivo, preocupa-se com parte financeira. Elogia treinador, teme que clube fique seu "refém". Garante que há sempre financiamento para bons projetos. O que defende Ricardo Oliveira.
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Estreia-se esta quarta-feira o terceiro e último capítulo do documentário "Jeen-Yuhs: uma trilogia Kanye". De onde veio o prodígio transformado em rapper de sucesso e, mais tarde, estrela megalómana?
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Os dois pesos e duas medidas que existem na avaliação dos extremismos políticos em Portugal é algo que tem de acabar. Comunistas e bloquistas são tão perigosos como o Chega.
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