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“Tão expressivo!, nem sei que fotos escolher”. A frase é do João Porfírio, o nosso editor de fotografia, mal terminou a entrevista a António Barreto e foi editar as imagens tiradas ao ex-político, sociólogo e pensador português que acaba de publicar mais um livro. |
Pela primeira vez na sua carreira de fotojornalista, o João foi surpreendido. E ele não é de ser apanhado de surpresa. Nem em estúdio, nem no meio de incêndios, tragédias ou cenários de guerra. Mas nunca tinha apanhado um entrevistado assim. “Faça de mim o que quiser, quando quiser que olhe para si ou para a luz, diga. Dê-me as ordens todas. Fui ator uma data de anos, sei o que fazer. Há mais de 60 anos que faço teatro, obedeço bem, sei como é”. |
As ordens devem ter sido boas e foram bem cumpridas. A experiência dos palcos que iniciou no CITAC – Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra, nos anos 60, quando estudava Direito na Universidade, estão nitidamente entranhadas até hoje na sua forma de posar, daí que as fotos tenham ficado tremendamente expressivas, dificultando a escolha e revelando mais uma das suas muitas facetas. Desta vez, Porfírio, confessa, o trabalho ficou facilitado. |
Na verdade, tanto fotografar como falar com António Barreto é fácil. O pretexto para esta entrevista, a publicação do seu último livro, ‘Três Retratos, Salazar, Cunhal, Soares’, foi apenas isso, o pretexto para uma conversa longa com o José Manuel Fernandes, que começou com sua visão sobre os protagonistas deste livro, mas depressa se estendeu à sociedade portuguesa em geral e a alguns dos seus atuais problemas, da pandemia que vivemos até a questões como o fim dos debates quinzenais. |
Surpreso com a diferença que encontrou desde a entrevista conjunta que dera há três anos ao Observador no meio da redação quando ainda ‘vivíamos’ confinados na pequena sede no Bairro Alto, e as novas instalações bem maiores e bem mais cheias mesmo em confinamento em Alvalade, António Barreto saiu dos estúdios da rádio sem se ter apercebido que passara quase hora e meia de entrevista para o Sob Escuta. Mesmo assim, ficou com pena de terem ficado por fazer perguntas sobre o racismo e a cultura da censura. Temas de queria falar. |
Voltou um dia depois para uma edição especial do programa E o Resto é História, com Rui Ramos e João Miguel Tavares, que irá para o ar a 12 de agosto. |