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Tempo de moderação na alimentação? |
As datas comemorativas são um bom pontapé de partida para um olhar mais atento à nossa alimentação e para nos desafiarmos a criar novos hábitos, nem que seja por um período curto de tempo. Para muitos católicos, os quarenta dias da Quaresma convidam a alguma simplicidade e moderação — também no que comem. Mas mesmo para quem não é católico, esta altura do ano pode ser um bom pretexto para mudanças saudáveis… |
- … reduzindo o tamanho das porções das refeições, o que leva diretamente a reduzir o conteúdo calórico das mesmas…
- … evitando alimentos processados e optando por outros mais simples, sendo uma escolha com mais qualidade nutricional, dando preferência aos alimentos provenientes da terra…
- … evitando álcool e doces e, com isso, excluindo produtos que nos inflamam…
- … excluindo totalmente a carne e substituindo-a por peixe, cefalópodes (polvo, lulas e chocos), ovos ou alimentação vegetariana…
- … excluindo, num determinado dia da semana (a sexta-feira, se seguirmos à risca o pretexto da Quaresma) a carne ou mesmo o peixe e outros produtos animais como laticínios e ovos, praticando assim uma alimentação vegetariana semanalmente…
- … colocando em prática uma abstinência de alimentos (jejum), que tanto pode ocorrer na redução do número de refeições diárias (passar por exemplo a ter apenas uma principal e dois snacks), como na restrição horária maior do que a habitual (16 horas horas sem comer, ou mesmo 20, esporadicamente). Esta medida, no entanto, deve ser acompanhada por um profissional de saúde especializado, já que o jejum poderá não ser apropriado para algumas pessoas, por razões de saúde…
- … aumentando a atividade física, com uma nova rotina de exercícios ou aumentando a intensidade dos que fazemos…
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Acima de tudo, importa reforçar que, quando fazemos um jejum ou abdicamos de determinados alimentos de que gostamos, estamos a fazer um trabalho de consciência sobre a forma como nutrimos o nosso corpo. A Quaresma é um período ótimo para dar mais valor aos alimentos que nos fazem melhor e repensar em novos hábitos Se aplicados durante quarenta dias, estes pontos de mudança na alimentação e estilos de vida podem ter impacto não só na nossa saúde mas também no nosso peso. Sem esquecer, no entanto, que uma perda de peso sustentável implica um compromisso a longo prazo, com alguns desafios de curto prazo para impulsionar a motivação. |
Assim, a redução do consumo da carne durante o período da quaresma poderá também ser importante para estimular o aumento de consumo de peixe e outras alternativas. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, o consumo médio de carne por habitante em 2018 atingiu os valores mais elevados de sempre (117,4Kg), tendo descido para 115,7kg em 2021. |
O consumo de carne é benéfico, mas em excesso, especialmente a carne vermelha (vaca, porco, leitão, borrego ou cabrito), aumenta os riscos de cancro colorretal. O limite de consumo de carnes vermelhas deverá rondar os 350g a 500g por semana o que, para um homem adulto, equivale a três refeições. Muitas pratos tradicionais da Quaresma são as lasanhas vegetarianas (que de certeza terão muitos adeptos) e, em muitos países, o estufado de peixe, que equivalerá à nossa caldeirada ou ao arroz de peixe – ou caril de peixe. |
Verdadeiro ou falso? Mesmo que não tenha fome, devo obrigar-me a comer de três em três horas |
Falso. Não existe uma regra que se aplique a todas as pessoas. Para algumas é importante comer durante o dia de forma regular para controlar a fome de final do dia ou mesmo da noite, mas, para outras, o facto de estarem a comer de três em três horas faz com que não consigam controlar a quantidade do que ingerem e pode promover comportamentos compulsivos, aumentando o número de refeições diárias . É muito importante ouvirmos os nossos sinais de fome e de saciedade — e respeitá-los. |
Uma pergunta frequente nas consultas: se beber muita água na refeição emagreço mais? |
A resposta é não. Muita água na refeição vai fazer com que o PH do estômago não fique tão ácido como deveria e acaba por prejudicar a boa digestão da proteína, uma vez que as enzimas responsáveis pela digestão não serão ativadas. Além disso, o excesso de água dilata o estômago, dando mais vontade de comer nas refeições seguintes. |
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Uma equipa maioritariamente composta por nutricionistas e outros profissionais de saúde (e uma mãe dedicada a criar crianças que adorassem comer de tudo). É um verdadeiro guia para alimentação nos primeiros três anos de vida, começando com a diversificação alimentar aos quatro ou seis meses. |
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Mariana Chaves é nutricionista clínica, autora do podcast Aprender a Comer, na Rádio Observador, e do livro Dieta Única (ed. Guerra e Paz, 2016) [ver o perfil completo]. |