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Foi um acontecimento inédito: na quarta-feira, milhares de manifestantes pró-Trump invadiram a casa da democracia norte-americana, o Capitólio, obrigando à interrupção da contagem dos votos que viriam a validar a eleição de Joe Biden como presidente dos Estados Unidos. Na sequência destes confrontos, cinco pessoas perderam a vida e outras dezenas ficaram feridas. A servir de central de comando de todas estas movimentações: as redes sociais. |
Vai daí aconteceu outra coisa inédita: Twitter, Facebook, Instagram e Snapchat bloquearam as contas de Donald Trump nas respetivas plataformas. Primeiro, de forma temporária. Depois, indefinidamente. E, por último, talvez não as reativem mais. As justificações são claras: |
- Mark Zuckerberg disse que, até à data, tinha permitido as publicações de Trump, porque acreditava que o público tinha direito a ter um acesso o mais amplo possível ao discurso político, mesmo quando este era polémico. “Mas o contexto atual agora é fundamentalmente diferente e envolve a utilização da nossa plataforma para incitar uma insurreição violenta contra um governo eleito democraticamente”, escreveu no Facebook.
- O Twitter esclareceu o seguinte: “Após uma revisão detalhada dos tweets recentes da conta @realDonaldTrump e o contexto à volta deles — especificamente como foram recebidos e interpretados dentro e fora do Twitter —, suspendemos de modo permanente a conta, devido ao risco de futuro incitamento à violência“.
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A discussão em torno das publicações do presidente cessante dos EUA nas redes sociais já acontece há muito e algumas foram, inclusive, retiradas das plataformas, depois de se ter concluído que disseminavam informação falsa. Por isso, para alguns especialistas, esta desativação das contas de Trump chega tarde e já devia ter acontecido antes. Mas para alguns líderes europeus (e não só), esta decisão é, na verdade, “muito problemática” e “chocante”.. |
- Angela Merkel, por exemplo, defende que o “direito fundamental à liberdade de opinião” deveria ser determinado pelo Estado de Direito e pelo governo, e “não de acordo com a decisão da gestão das plataformas de media”;
- O ministro das Finanças francês, Bruno Le Maire, diz que ficou “chocado”, porque “a regulamentação digital não deve ser feita pela oligarquia digital” e que deve ser, antes, discutida pelos governos e pela Justiça;
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Já plantei a semente, agora faça a sua reflexão — que é para isto que este nosso email serve. Uma coisa é certa: 2021 começou tumultuoso e assim vai continuar, pelo menos ao que parece. Nos próximos dias, em Portugal, regressamos a um novo confinamento geral, com números mais assustadores do que os de março (já morreram mais de 8 mil pessoas com Covid-19). E, pelo meio, estão marcadas eleições presidenciais em Portugal, podendo acompanhar aqui as campanhas de cada candidato. Até lá, não se esqueça: nem tudo o que lê nas redes sociais é verdade. |
Cuide de si e dos que lhe são próximos. Eu cá estarei na próxima terça-feira. |
P.S.: Se a realidade estiver a ser muito dura, saiba aqui como pode fugir para outro planeta. |