Em tempos, dava na televisão “A Corrida Mais Louca do Mundo”, uma série à base de bonecada em que cada episódio era uma corrida entre veículos pilotados por um grupo de personagens engraçadas. Já por estas semanas, temos o privilégio de assistir àquela que é “A Corrida Mais Oca do Mundo”, a competição em que um grupo de personalidades, distribuídas ao longo de um espectro que vai de “desinteressante” a “profundamente assustador”, tentam ganhar a corrida à Presidência da República de Portugal.

A – numa perspectiva optimista – vacuidade do grupo de candidatos a Belém ficou bem comprovada numa sondagem realizada pela Empresa de Sondagens Fortíssima na Detecção de Vacuidades, para o Observador. Segundo este estudo de opinião, se amanhã todos os candidatos à Presidência da República desistissem, com excepção de Tino de Rans, o nível da campanha subiria 27%. Com uma margem de erro de 1,5%. E não, não basta assinalar o facto da Empresa de Sondagens Fortíssima na Detecção de Vacuidades ter sido inventada há cinco segundos para descredibilizar este resultado.

Bom, mas é importante não perder a noção do óbvio paralelismo entre A Corrida Mais Louca do Mundo” e A Corrida Mais Oca do Mundo”. Para tal, basta notar que, enquanto a série animada dos anos 60 popularizou o simpático cão, Muttley, a corrida à presidência portuguesa tem duas concorrentes, Ana Gomes e Marisa Matias, cujo único objectivo parece ser rosnar ao candidato André Ventura. Na verdade, é bem capaz que a missão de ambas seja, não tanto correr para Belém, mas mais correr com o Ventura.

De facto, Ana Gomes e Marisa Matias, em caso de vitória — apesar de não nos reservar um destino simpático, deste, o Senhor guardar-nos-á –, ameaçam ilegalizar o Chega. Ou, no mínimo dos mínimos, prometem vetar qualquer governo em que o partido de André Ventura participe. Eu, de facto, tinha ideia que a nossa democracia atravessava uma crise profunda, mas nunca imaginei que fosse tão grave a ponto de haver necessidade de despachar o stock de cargos institucionais ao desbarato. Mas, enfim, parece não haver dúvida que, com o posto de Presidente da República, o vencedor das eleições de Janeiro receberá, de brinde, o lugar de Presidente do Tribunal Constitucional.

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No meio disto tudo, constato com satisfação que, ainda assim, a nossa democracia tem feito o seu caminho no sentido de se tornar cada vez mais igualitária e não discriminatória. Esta eleição presidencial é um óptimo exemplo disso. Estando na corrida por Belém os candidatos Marcelo Rebelo de Sousa e André Ventura, ainda bem que temos em funcionamento o sistema de quotas para candidatas populistas, pois assim também Ana Gomes e Marisa Matias puderam entrar na contenda. E, desta forma, a nossa democracia beneficia do tão premente olhar feminino populista sobre a política. A partir de agora, o que é que pode correr mal? Rigorosamente nada.

A não ser, talvez, os resultados dos alunos portugueses no TIMMS, prova que avalia os conhecimentos dos petizes nas áreas da Matemática e Ciências. Para terem uma ideia, os últimos resultados a Matemática foram tão maus, que a maioria dos alunos não conseguiu responder, sequer, a esta questão:

“Tendo em conta que os resultados a Matemática no TIMMS de 2015 foram óptimos e que os de 2019 foram péssimos, há quantos anos o Governo do PS tomou posse?”

Eh pá, mas também a pergunta tem rasteira. Leva-nos a responder logo “4”, esquecendo que já estamos em 2020. Agora, se na Matemática os resultados foram horríveis, já em Ciências os nossos alunos têm futuro. Pelo menos como cobaias das políticas progressistas do governo e dos seus apoiantes marxistas, as perspectivas dos estudantes são risonhas.