A verdade é que, uma vez pais, não somos pais para sempre. Seríamos, se isso quisesse dizer que a biologia ou a as histórias que se dividem seriam o “quanto baste” que nos garantiria o estatuto de pais. E não é verdade. Tornamo-nos pais à medida em que damos provas que merecemos ser pais. E se, durante grande parte da infância dos nossos filhos, regra geral, isso não merece contestação, à medida que eles crescem, ora nos reconhecem como pais ora não nos sentem capazes de o ser. Tudo depende daquilo que lhes damos.
Tenham a idade que tiverem, os nossos filhos, ao olharem para nós, precisam de se sentir reconhecidos no que pensamos, no que recebem de nós e naquilo que fazemos. Para que sintam, em cada bocadinho de tudo o que é nosso, que somos “os seus” pais. Que merecemos a admiração indispensável para que eles queiram identificar-se connosco. E — sem que tenham, até, consciência disso — para que queiram ser como nós.
E se, até à adolescência, o desejo de merecermos essa admiração é assumido por nós e nos merece uma determinação sem tréguas e o maior dos orgulhos, à medida que os nossos filhos crescem, “preguiçamos” demais. Vamos aceitando, com tristeza, que não seja assim. Mas exigimos pouco. E aquilo que nos legitima como pais parece ir ficando mais ancorado no passado do que transformar-se, todos os dias, em novos argumentos que nos tornem mais e melhores pais.
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