Em Outubro, numa crónica para este jornal, procurei explicar como é que o eleitorado da direita, nomeadamente o do PSD, se tornou anti-sistema após o programa de intervenção da troika. Anti-sistema contra a oligarquia que domina a política, quase faliu o Estado e se apoderou do governo apesar de não ter vencido as eleições legislativas; Anti-sistema contra os ’empresários’ que de mãos dadas com governo Sócrates quase faliram o Estado e  que com o apoio do PCP e do BE espreitam a sua próxima oportunidade.

Na altura referi também que, por essa razão, o choque entre o eleitorado do PSD e a actual direcção do partido seria inevitável. Esse choque é agora evidente nas sondagens, na incapacidade de Rui Rio apresentar uma ideia, projecto, visão para o país. Um ano depois de ter sido eleito líder do PSD sabemos que Rio teria mudado um ou outro pormenor na governação de António Costa (talvez um maior rigor nas contas públicas), mas o essencial seria o mesmo.

A invenção da geringonça juntou as esquerdas ao ponto de só com maioria absoluta ser possível à direita regressar ao governo. Perante a bipolarização escamoteada da política portuguesa, uma coligação pré-eleitoral, de preferência uma fusão do PSD, CDS e Aliança num só partido de direita, não só se torna necessária como natural.

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