O apelo ao ‘voto útil’, tal como o entendíamos, acabou em 2015. Antes de 2015, por força de uma bipolarização alimentada pelo Bloco Central dos interesses, ainda hoje reinante no nosso país, o apelo ao ‘voto útil’ foi utilizado até à exaustão. Custa-me, por isso, ver hoje a generalidade da ‘comentocracia’, que supostamente deveria ser gente bem informada, falar em apelo ao ‘voto útil’ à direita, quando, dada a inexistência de um partido ou bloco hegemónico à direita, a verdadeira utilidade do voto reside na liberdade de cada um poder votar livremente e de acordo com as suas convicções.

Em 2015, como é sabido, a coligação PSD/CDS, denominada ‘Portugal à Frente’, venceu as eleições. Venceu? Não, não venceu! O que aconteceu foi que ficou à frente do segundo partido mais votado, o PS. Mas o que até então nunca havia sido claro para quase ninguém, é que só vence verdadeiramente eleições legislativas em Portugal, em conformidade com o regime vigente, quem, depois delas, consegue garantir uma maioria absoluta de deputados eleitos na Assembleia da República – maioria de apoio ou, pelo menos, de não obstrução. Até 2015, isso nem sempre fora claro, porque nunca o PS havia sequer entreaberto a porta a um acordo ou arranjinho com os partidos da extrema-esquerda, PCP e Bloco de Esquerda, para governar. Ora, em 2015, como ficou logo muito visível naquela noite eleitoral de 4 de Outubro, quer o PS quer os partidos da extrema-esquerda portuguesa, não desejando ficar-se por entreabrir essa porta, escancararam-na, ao ponto de terem criado a denominada ‘geringonça’. Com esta reinvenção à esquerda e a inexistência de um partido ou aliança à direita, acabou o voto útil à direita: como hoje é claro para quase todos, de nada serve aos eleitores de direita irem votar no PSD para que o PSD fique à frente do PS, se, apurados os resultados, o PS, o PCP e o Bloco de Esquerda lograrem obter uma maioria absoluta de deputados na Assembleia da República. Conseguindo-o, não nos iludamos, voltarão a formar Governo. E, portanto, repetir-se-á um arranjinho à la 2015.

Aqui chegados, custa-me ler e ouvir alguns comentadores e políticos insistirem no ‘voto útil’ no PSD. Para existir voto útil hoje – como, aliás, sempre – é preciso que, de facto, seja plausível a obtenção de uma maioria absoluta de deputados por parte de quem faz esse apelo. É por isso que António Costa pode apelar ao velho conceito de ‘voto útil’, que lhe pode mesmo valer uma maioria absoluta de deputados, e que, à direita, com a recusa do PSD em formar uma coligação pré-eleitoral com o CDS, o apelo ao ‘voto útil’ é não apenas absolutamente incompreensível, como inútil e indesejável!

Indesejável, porque o importante é que os partidos moderados que se situam à direita do PS possam evidenciar todas as suas diferenças procurando mobilizar todos aqueles que pensam essencialmente como eles, potenciando, por conseguinte, o voto à direita; e é absolutamente inútil, porque o voto, neste contexto, como diria o Professor Adriano Moreira, só é “útil para quem o recebe e não para quem o dá”. De facto, Rui Rio pode ser Primeiro-Ministro sem que o PSD seja o partido mais votado – como António Costa o é desde 2015 -, pelo que um voto no PSD só é útil para o PSD. Até porque um voto no PSD, como Rui Rio afirmou já, não garante que o PS não volte a ser Governo mesmo que o PSD ganhe!

É aqui que o CDS-PP entra e pode, na verdade, prestar um inestimável serviço à direita e, sobretudo, ao País! O CDS, pelas mesmas razões de sempre, é a direita certa, a direita social e a direita moderada, que soma, que une e que pode permitir aos eleitores do seu espaço político vencer eleições e governar, garantindo, uma vez no Governo, a permanente observância de princípios e valores, que, por serem comuns a boa parte da população, são, por isso mesmo, agregadores da sociedade portuguesa.

Nenhum dos outros partidos que se situam no espaço político do centro e da direita garante aquilo que o CDS-PP oferece. E são justamente os princípios e valores de sempre do CDS, que sendo bons – não por serem antigos, mas antigos por serem bons – que traduzem a utilidade do voto no CDS-PP. Por isso, digo: não havendo, como é claro, ‘voto útil’ à direita, o que é verdadeiramente útil, à direita, é votar no CDS. A direita certa.

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