O governo chegou a acordo com as concessionárias das auto-estradas e, em 2023, as portagens terão um aumento de 4,9% ao invés dos 9,5% inicialmente pedidos. Desse acordo ficou estabelecido que o custo da diferença entre os 4,9% e os ditos 9,5% seriam repartidos entre o Estado e as concessionárias. Uma solução que o ministro Pedro Nuno Santos de pronto considerou equilibrada.

Esta conclusão do ministro é interessante porque difere em absoluto da justificação dada para o congelamento do aumento das rendas nos 2%. Aqui não houve distribuição de custos, mas optou-se por simplsmente onerar os proprietários. As razões para a diferença de tratamento que é dada às grandes empresas e a que se dá aos pequenos proprietários é reveladora.

Por razões várias, Portugal padece do preconceito grave que encara cada proprietário, cada empresário como alguém rico. Infelizmente não é assim. Infelizmente pois se assim fosse significaria que no país havia capital, o que não é verdade. Não só as empresas portuguesas se encontram descapitalizadas como a maioria dos proprietários o conseguem ser com sacrifícios, custos e porque o imobiliário é dos poucos sectores nos quais ainda se pode investir em Portugal.

As portagens terão um aumento de 4,9% em 2023 e o Estado suportará mais 2,8% que irá entregar às concessionárias. Como o Estado é suportado pelos cidadãos isso significa que os aumentos serão na ordem dos 7,7%. Já as rendas não irão aumentar mais de 2% no próximo ano. A diferença para com a inflação (à volta dos 10%) será integralmente paga pelos proprietários, cidadãos iguais aos  restantes mas que cometeram o pecado de pouparem e investirem no pouco que o país ainda oferece.

A explicação para esta diferença de tratamento é simples de entender, pois o PS já nos habituou à sua prática de tratar melhor as grandes empresas que os simples cidadãos que não se conhecem entre si e em que o único ponto têm em comum é o serem donos de casas que arrendam. Não estamos apenas perante uma das muitas razões que explicam o empobrecimento e estagnação do país que nos persegue desde 1995. O que está em causa é o falhanço daquele que deve ser um dos pilares do Estado de direito: a igualdade. Trata-se de uma contradição socialista muito curiosa, mas antiga.

Entretanto, hoje é dia de Natal. O dia em que os poderosos ignoraram o mais fraco e humilde dos homens. Um dia em que paramos e nos detemos nisso por uns instantes. Já amanhã volta a ser um dia habitual, como qualquer outro.

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