“Estamos agora a entrar numa longuíssima campanha eleitoral, que teria gostado que fosse menos longa e que não demorasse um ano”, disse há dias o prof. Marcelo, indivíduo que se encontra em campanha eleitoral vai para quatro anos. Além de faltar legitimidade ao autor, à frase (igual nas várias fontes que consultei) falta sentido: agora é que estamos a entrar numa campanha que começou há um ano ou há quase um ano? Quando a presidência se desvia das “selfies” e das análises à temperatura do mar dá nisto. Para cúmulo, à frase falta também realidade.

Uma campanha eleitoral pressupõe uma série de adversários políticos que se confrontam e disputam o maior número possível de votos. Aquilo que temos visto é o partido que ocupou o poder e que manda no Estado a apascentar os demais partidos com migalhas ou promessas de migalhas desse poder e desse Estado. E os demais partidos, os que se aliaram formalmente ao PS e os que sonham com uma aliança, encontram-se satisfeitíssimos com a situação, a ponto de limitarem a oposição a um simulacro ridículo. Hoje, excepto por minúsculos movimentos bem ou mal-intencionados, não há oposição, não há alternativa e, por este andar, não tarda não haverá sequer os vestígios de democracia que ainda restam.

Nestas pacíficas circunstâncias, e com a ajuda adicional – e escusada – da generalidade dos “media”, de comentadores amestrados, do “empresariado” subserviente, da igreja e de Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, o PS das negociatas e das clientelas e das patranhas e das bancarrotas ganhará as “legislativas”, ficando apenas por apurar se com ou sem maioria parlamentar. Em qualquer dos casos, não importa tanto o resultado do PS quanto o resultado das esquerdas, incluindo as beatas do PAN, que ameaçam conquistar dois terços do parlamento para brincar às revisões constitucionais. Na legislatura que agora acaba, uma cavalgada de impostos e censuras, ensaiou-se a incursão pelas fronteiras do Terceiro Mundo. Não é garantido que na próxima não se formalize a adesão.

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