É curioso que escreva sobre a falência da esquerda quando esta se prepara para passar no Parlamento um orçamento que se espera excedentário. Sucede que o próprio facto de tal acontecer comprova o que digo: a esquerda faliu e nada tem a acrescentar. Outra prova disso mesmo vimos escarrapachada na primeira página do Público do dia 18 de Dezembro 2019, com uma citação de António Costa: “Não é de esquerda promover défices e aumento de dívida”. Podemos ver o primeiro-ministro a dizê-lo aqui. Este é o António Costa que fez parte do governo de Sócrates (que passou a dívida pública portuguesa de 72% para 114% do PIB apenas em 6 anos) e que criticou violentamente o governo de Passos Coelho por aplicar um programa com vista a travar essa mesma dívida pública socialista.
Costa não é o único à esquerda a fazer o mesmo. Qualquer socialista, tenha ou não feito parte do governo Sócrates, fosse do PS, do PCP ou do BE, acreditou durante anos que o défice equivalia ao Estado colocar dinheiro na economia. O défice era indispensável e a dívida para se ir pagando. Diziam-se keynesianos, embora Keynes nunca tenha afirmado tal coisa. E como não era verdade o que diziam nem era verdadeiro aquilo em que diziam acreditar, mudaram de opinião à primeira oportunidade. Ou dizem que mudaram de opinião porque, no fundo, nunca saberemos o que pensam e em que acreditam.
E o que é não pensar senão uma falência intelectual? É por isso que o excedente orçamental de que a esquerda se gaba (e que vamos ver se se concretiza) será conseguido por acaso, fruto da política do BCE, dos impostos altos e das cativações na saúde. Não houve reformas, não se apresentou nada de novo que não meros ajustes em folha excel. O que o PS fez foi criar uma forma de manter os seus interesses à custa dos contribuintes e dos que precisam de cuidados sociais.
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