O Congresso do Partido Comunista Português foi um evento impressionante. Pelo planeamento sem falhas, pelo respeito escrupuloso do afastamento social, pelo zelo no uso das máscaras e na aplicação das medidas de higiene, via-se bem que estávamos num congresso comunista organizado durante a pandemia. Pelas intervenções, dir-se-ia que a pandemia era a gripe espanhola de 1918. Montaram um grande aparato de segurança, mas sem necessidade. Os comunistas estão imunes ao contágio, uma vez que a Covid está em 2020 e os comunistas em 1920.
Devo dizer que foi com grande satisfação que passei uma tarde a ouvir os delegados. Na espiral de incerteza em que vivemos, é reconfortante saber que ainda há faróis de coerência por onde nos podemos nortear. O comunismo nunca muda e os comunistas não têm pejo em afirmá-lo. Gabo-lhes a constância dos princípios. São contra a propriedade privada e também contra a impropriedade privada: tudo o que têm a dizer que seja inconveniente, dizem-no em público.
Gostei de todos os discursos. Cada qual, à sua maneira, contribuiu com uma camada de mofo para aquele sabor a antigo com que fiquei no fim da sessão. No entanto, tenho de salientar a comunicação do camarada Albano Nunes, membro da Comissão Central de Controlo (a CCC do PCP é uma espécie de polícia interna, ou seja, fiscaliza os comunistas como os comunistas gostavam de nos fiscalizar a nós).
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