Quando por aí oiço, que o actual líder da Juventude Popular é muito novo – tem 31 anos – para se candidatar à liderança do CDS, fico incomodado.

Já alguém se deu ao trabalho de ir verificar com que idade é que alguns, dos mais famosos líderes partidários em Portugal, chegaram a essa posição nos seus partidos? Das duas uma: ou o não fizeram, ou são desonestos intelectualmente.

Também se diz por aí, que os tempos mudaram e que os 40 são os novos 30 e assim sucessivamente. Não é verdade. Aumentou a esperança de vida – Graças a Deus – mas, que eu saiba, a dita não veio acompanhada de um atraso no desenvolvimento mental e físico do ser humano.

Há pouco mais de 20 anos, a minha geração, era casada, tinha filhos e assumia responsabilidades profissionais. Existiu alguma mudança drástica? Só no plano económico. É agora (bastante) mais difícil comprar casa, e ter filhos. Casar, era na altura, a forma melhor aceite, de vivermos com quem amamos. Agora juntam-se mais, o que não traz mal nenhum ao mundo.

Ter 30 anos em 2019, ou em 1989 é a mesma coisa. Temos o mesmo desenvolvimento, o mesmo nº de dentes.

No entanto, parece que para ser líder partidário – do CDS em particular – é necessário ser mais velho. Quanto, é a pergunta que se impõe: 40? 50? 60? É uma pergunta, cuja resposta é dada de acordo com as conveniências, o que não é bonito.

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Para ser líder partidário é sim, necessário: a) Ter uma sólida formação (moral e académica); b) Defender coerentemente um conjunto de valores; c) Ter carisma; d) Possuir capacidade de liderança; e) Ser corajoso; f) Ter ambição.

Afirmar-se que estas características se ganham com a idade, é dizer um disparate. Ou se as tem, ou não (algumas delas são inatas).

Na minha opinião, Francisco Rodrigues dos Santos – que, à data deste texto ainda não apresentou candidatura, nem sei se irá fazê-lo – reúne todas as condições para ser o futuro líder do CDS.

Questão diferente é entender que outros não conseguem reunir idênticas condições, independentemente da sua idade. Claro que existem.

O que eu não gosto, porque não faz sentido, é desclassificar alguém por via da sua idade. É querer ganhar na “secretaria”, o que é mau, mesmo muito mau.

Schumpeter afirmava que a política passaria a ser feita por profissionais. Concordo. Mas, não são os anos de vida que nos transformam, em bons – ou maus – profissionais. Terá sido a idade que deu mais experiência ao famigerado Obstetra de Setúbal? Ou apenas lhe deu mais tempo para fazer asneiras? E o Juiz Rangel? Foram os seus anos de vida que lhe trouxeram mais competência? A idade não cria valor nem competência. Traz, é claro, experiência. O problema é que muita experiência, ou seja, muita idade, faz-nos perder vitalidade, coragem para afrontar e traz – muitas vezes – acomodamento.

Façamos uma analogia com o futebol. Quem dava mais gozo ver jogar: o CR7 de 19 anos que jogava a 200 à hora, partia para cima dos adversários como se não houvesse amanhã sem medo de nada, ou o CR7 de 34 anos, que se poupa, pensa nas lesões e só acelera pela certa? Eu prefiro o primeiro.

Também é claro que a afirmação que “a idade está na cabeça” é uma historieta que todos nós gostamos de acreditar. A idade é – infelizmente – “holística”. Ou seja, retira capacidades no todo e não apenas em parte(s).

Francisco Rodrigues dos Santos está no uso pleno das suas capacidades e era bom para ele, para o CDS, e para o país a título de exemplo, que a sua geração fosse à luta, mostrando o que vale.