A digitalização já começava lentamente a surgir no setor imobiliário em Portugal quando a pandemia da Covid-19 se fez sentir. Daí em diante as medidas tomadas para incorporar a tecnologia nos processos de venda, compra e arrendamento de casa ganharam outro impulso. Um setor tradicionalmente marcado pela burocracia e alongados tempos de espera viu assim nascer uma oportunidade única de se destacar.

Com as novas normas impostas e o distanciamento físico que a crise de saúde pública trouxe consigo, a própria sobrevivência do mercado imobiliário ficou em grande parte dependente da adoção de uma nova dinâmica baseada no digital. Durante bastante tempo, possíveis clientes não se podiam deslocar aos espaços físicos que pretendiam conhecer para avaliar as suas condições, um contexto que se revelava altamente prejudicial ao negócio. Face a este obstáculo, o setor não podia ficar parado.

Deste modo, os websites tornaram-se a ferramenta principal para manter os clientes informados sobre as oportunidades disponíveis. A preocupação em deter uma página apelativa, de navegação fácil e intuitiva, cresceu mais afincadamente, com o foco a residir em garantir o retorno de possíveis clientes ao site sempre que estes apresentassem alguma necessidade ou curiosidade imobiliária.

A verdade é que, no que respeita às gerações mais novas, que correspondem no fundo ao futuro do consumo, já quase todas as transações e atividades comerciais são realizadas online, em detrimento de muitos outros canais presenciais que têm dominado até então. Uma tendência que a pandemia veio acentuar ainda mais. A adoção de instrumentos digitais revela-se, por isso, essencial hoje, a fim de não se ficar para trás face à concorrência.

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O acesso a informação atualizada é outro aspeto determinante para o sucesso dos negócios imobiliários atualmente. Proporcionar ao cliente final o acesso ao maior número de informações possível sobre a indústria, as suas tendências e movimentações, com o intuito de o levar a tomar decisões mais seguras e refletidas no âmbito das suas necessidades imobiliárias, só pode ser vantajoso. A revolução digital transporta consigo esse enorme potencial de garantir a credibilização dos vários processos envolvidos no arrendamento e compra de imóveis.

Talvez um dos fenómenos mais surpreendentes a surgir perante a digitalização do setor tenha sido o princípio da geolocalização imobiliária, que trouxe o benefício de o cliente ter em tempo real – à distância de um clique –, não só a possibilidade de conhecer ofertas que vão ao encontro das suas necessidades, como a de ser impactado por negócios imobiliários em áreas que frequenta com regularidade, como exemplo a sua zona de trabalho.

Por todos estes fatores, a digitalização deve ser perspetivada enquanto uma oportunidade de acrescentar valor ao negócio imobiliário, e não como uma ameaça à atuação do ser humano, uma vez que profissionais experientes e competentes serão sempre essenciais ao setor. Pessoalmente, creio que o discurso em torno do tema deve sempre procurar aliar os benefícios da tecnologia aos benefícios da intervenção humana, defendendo em todos os momentos a complementaridade entre ambas e não a supressão de uma parte pela outra.