1 Façamos um pequeno exercício de memória. Fogos florestais de 2017 nos quais morreram 117 pessoas, um cidadão ucraniano espancado até à morte nas instalações do principal aeroporto do país, os 5.576 óbitos registados em janeiro de 2021 por covid-19 (na altura, 44,6% do total de mortes desde o início da pandemia) depois do relaxamento das regras para o natal de 2020, o assalto ao paiol de Tancos por um bando de amadores que levou Portugal a ser alvo de chacota internacional e, finalmente, um Governo que tem o marido, a mulher, o pai e a filha sentados à mesma mesa do Conselho de Ministros.

Todos estes casos — há muitos outros exemplos — conceptualizam um novo conceito de responsabilidade política. Na prática, a irresponsabilidade passou a ser a regra, sendo certo que em alguns casos foram mesmo desafiadas as fronteiras da inimputabilidade política.

Basta ver o caso paradigmático dos fogos florestais em que António Costa, um professor catedrático na arte de sacudir a água do capote, começou por culpar a natureza e os seus fenómenos como se o determinismo fosse uma obrigação a seguir no rescaldo do fogo de Pedrógão Grande em 2017. E perante a repetição da tragédia uns meses mais tarde considerou “infantil” demitir a ministra Constança Urbano de Sousa.

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