À data de hoje apenas sabemos que o combate à pandemia Covid-19 nos convoca a todos à urgência da tomada de decisão em terreno desconhecido. As medidas tomadas, de grande dureza, a todos nos colocarão à prova enquanto sociedade e da resposta que colectivamente lhes soubermos dar resultará o seu sucesso.

A decisão de encerramento das escolas é uma medida muitíssimo difícil, de elevadíssimo impacto social. Bem esteve o Governo ao ter a coragem de tomar esta decisão. Não dispondo ainda de um consenso técnico alargado e consolidado o Governo decidiu agir assim que criadas as condições para que a sua acção pudesse ser eficaz e não meramente simbólica.

Desta tomada de decisão sobressaem dois aspectos fundamentais: a procura permanente do melhor aconselhamento técnico e científico junto das estruturas nacionais e internacionais de saúde pública e a serenidade que todos esperamos de quem nos lidera.

A publicação do parecer do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, de 12 de março, cria a expetativa do aparecimento das condições para uma tomada de decisão robusta, articulada internacionalmente e – assim o esperamos – eficaz.

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Num contexto europeu aberto e de livre circulação só da real articulação entre todos pode resultar um combate bem-sucedido, que dê efectividade às decisões tomadas e coerência ao conjunto de decisões bem-intencionadas mas ineficazes que diversas instituições não dependentes do Estado Central foram adoptando.

Parece por demais evidente que o parecer do Conselho Nacional de Saúde Pública sobre o não encerramento das escolas apanhou as comunidades educativas de surpresa, assaltadas pelo medo e pelo bombardeamento permanente de respostas contraditórias a um tema que desperta os medos mais profundos de cada um dos seus intervenientes.

Os relatos provenientes das mais diversas escolas de todo o país são de dias de profunda tensão, de um corpo docente e de auxiliares colocados sobre uma pressão brutal pelos encarregados de educação e de alunos em agitação permanente. Tinha razão o senhor Presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares quando alertava para a existência de duas pandemias: “uma que é vírica e outra que é provocada pelo medo”.

Se aquela Universidade fecha, por que não fechou a minha? Se as universidades fecham por que não fecham as escolas? São perguntas legítimas que todas as famílias colocaram em plena pandemia do Covid-19. E é precisamente esta dissonância na resposta das instituições que gerou comportamentos contraditórios, entre o pânico do açambarcamento de bens e as idas à praia em clima de aparente normalidade.

Temos hoje, na curta janela temporal de que dispomos – tanto quanto sabemos – uma decisão robusta, determinada e internacionalmente articulada. Não tenhamos a pretensão de ter certezas mas saibamos reconhecer que só da articulação de todas as instituições públicas poderá resultar o sucesso deste combate.