Nota de abertura

Esta reflexão tem um título weberiano, a mentira na política (Max Weber preferiria a verdade na política), complementado por outro título freudiano, o mal-estar mental do Ocidente. É nessa complementaridade que se compreende a falência moral das sociedades ocidentais, por seu lado sustentada por universidades e escolas que promovem a falência intelectual dos respetivos povos. Não existe pior miséria que os regimes políticos possam impor.

Em 1930, Freud considerou a tendência equiparável d’O mal-estar na civilização. Um pouco por todo o mundo ocidental a situação atual manifesta-se em três sintomas.

O primeiro sintoma do mal-estar mental do Ocidente é a morte da neutralidade política das instituições. Estou a referir-me a órgãos de soberania, justiça, universidades, ensino básico e secundário, comunicação social, mundo das artes, entre outras instituições. Matar a neutralidade política das instituições é o mesmo que matar a liberdade, é o mesmo que matar as democracias. Pense, caro leitor, num eixo em torno do qual tudo gira. Para Max Weber, a neutralidade axiológica é o princípio que obriga o pensamento de indivíduos, de instituições ou de senso comum a girarem sempre em torno do Eixo da Verdade. Regimes que matam a neutralidade política das instituições matam socialmente a verdade. Esse é um traço da crise do mundo ocidental.

O segundo sintoma do mal-estar mental do Ocidente é a falência da distinção entre a compreensão e o julgamento. Prossigo com Max Weber. A relação inteligente de cada um de nós com o mundo que nos rodeia e do qual somos parte integrante depende deste princípio: quanto mais compreendemos menos julgamos ou quanto mais julgamos menos compreendemos. Quem se preocupa, acima de tudo, em compreender é justo, saudável, inteligente, dinâmico, fértil, aceita a renovação. É isso que devem impor as instituições que têm por obrigação promover a inteligência enquanto fenómeno social. Em vez disso, as instituições tutelares viciaram-se na primazia social do julgamento contra a primazia social da compreensão. As instituições tutelares atuais socializam o pensamento dogmático instantâneo à custa do sacrifício de uma vida social orientada pela razão que exige tempo de reflexão. Essa é a natureza dos sistemas políticos e institucionais de tempos inquisitoriais. Do ensino secundário ao superior, nunca como hoje os alunos tiveram tantas ideias feitas e certezas sobre história, filosofia, moral, vida ou sobre mundo antes de lerem um único livro. A racionalidade que sustentou a prosperidade do Ocidente afunda-se na irrelevância.

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O terceiro sintoma do mal-estar mental do Ocidente é a destruição dos princípios sociais do julgamento moral. A moral humana sustenta-se em dois princípios: primeiro, só exigirmos aos outros aquilo que, em primeiro lugar, exigirmos a nós mesmos; segundo, a realização e prosperidade de cada um de nós, das nossas famílias, instituições, sociedades, economias são determinadas pelo primado moral da autorresponsabilidade. Acontece, que o último meio século corrompeu gravemente os princípios referidos, a ponto de o primado moral da autorresponsabilidade ter sido trocado pela veneração institucional e cívica do ideal da vitimização, sinal da derrota civilizacional do Ocidente face aos ventos soviéticos.

Feito o sumário, irei explicar os assuntos ponto por ponto.

1 A morte da neutralidade política das instituições

Nós, humanos, somos necessariamente complexos. Apenas buscamos coletivamente a verdade quando nos submetemos a um princípio fundamental: nunca descartarmos a hipótese contrária àquela que defendemos se a hipótese contrária também for plausível. É essa a definição de neutralidade axiológica de Max Weber. Não há outra forma de assegurar a neutralidade política das instituições.

Essa neutralidade deveria ser uma conquista inalienável, inegociável do mundo civilizado. Mas não é. Sem a busca coletiva constante da neutralidade política pelas instituições, o pensamento dos indivíduos, o pensamento coletivo ou simplesmente o pensamento humano nunca se libertam de meias verdades.

As meias verdades, na vida coletiva, correspondem a mentiras e a mentira institucionalizada acaba sempre por destruir a ordem moral que conduz, necessariamente, à esterilidade da condição humana: menos riqueza e mais instabilidade, isto é, mais pobreza, instabilidade, insegurança, abusos do Estado, repressão, opressão, regressão civilizacional.

Os regimes políticos de meias verdades estão sempre predispostos a ilegalizar, silenciar, banir socialmente verdades inconvenientes. Por exemplo, em Portugal as verdades inconvenientes há muito que são espelhos fidedignos do funcionamento da justiça, finanças públicas, economia, ensino, saúde, questões raciais e étnicas, imigração, relação maioria/minorias, controlo das fronteiras territoriais nacionais e europeias, entre outros domínios. Há apenas diferenças de grau no interior do mundo ocidental, todo ele afetado.

A manipulação política da memória coletiva é elucidativa, em especial no caso da história colonial. Não apenas a portuguesa, e não apenas a dos povos colonizadores, mas também dos povos colonizados. Isso porque os regimes políticos do último meio século têm forçado a que se apague da memória coletiva aquilo que foi positivo no passado histórico, em especial o que tem a ver com a relação entre os europeus e outros povos, e impõem uma memória social fixada no lado negativo da história. Com isso, as salas de aula do ensino básico às universidades, um pouco por todo o lado, transformaram-se em indústrias do desvio funcional depressivo da memória coletiva.

Suponho que ninguém reclame que se apague da história a violência e o trauma. Porém, em nome da mais básica sanidade mental da espécie não podemos admitir a supressão da metade valiosa ou positiva da memória individual ou coletiva, sobretudo quando é óbvio o importantíssimo legado civilizacional da colonização europeia ao mundo, incluindo a portuguesa. Por imposição ideológica e patológica dos regimes políticos atuais, as sociedades vivem confinadas a meia história, à metade negativa da memória social que alimenta o desvio funcional depressivo da memória.

Trata-se uma tipificação fidedigna de repressão mental. Não creio que tenha existido nada de equiparável ao longo dos séculos passados. Portugal foi seriamente arrastado por esse traço de rutura patológica com a natureza da condição humana, acelerado no último meio século. Vivemos tempos de loucura civilizacional.

Temos, todavia, de admitir que a classe política queira viver de meias verdades ou de mentiras. Esse é um direito que as sociedades livres podem, devem e têm de respeitar. O que a classe política, ou parte dela, não pode, em circunstância alguma, fazer é impor a sua doença mental das meias verdades ou das mentiras a instituições como órgãos de soberania, justiça, universidades, ensino básico e secundário, comunicação social, por aí adiante.

Mas essa é justamente a natureza dos regimes políticos e das elites que hoje controlam hegemonicamente os destinos do Ocidente e a Terceira República portuguesa pode ocupar o pódio.

Num momento em que as sociedades ocidentais estão mentalmente coagidas a afastar-se do Eixo da Verdade, alguém tem de assumir que ele resiste, apesar de tudo, no senso comum. Há, por isso, razões morais, intelectuais e cívicas profundas para que, em diversas sociedades, surjam movimentos e partidos políticos que valorizem os indivíduos comuns, um caminho de restauração da sanidade mental das sociedades, um processo que segue a rota de baixo para cima, das sociedades para as elites.

Essa é, no entanto, uma ousadia que a ditadura mental dos sábios (académicos, intelectuais e demais elites bem-pensantes) não toleram. Esse acaba por ser o caminho mais rápido para os ousados reformistas ganharem o rótulo de populistas. Não só. Pagam um preço ainda mais elevado: racistas, xenófobos, fascistas, neonazis, extrema-direita, entre outras adjetivações. Se se tratar de um partido político, o extra de ser ilegalizado fica iminente. Portugal navega na crista da onda do desastre civilizacional em que o Ocidente se afunda.

Pessoas com réstias de sanidade mental, as que se guiam pela intuição humana de busca permanente da verdade, sabem que têm a obrigação de colocar sempre a hipótese contrária à que defendem, como explicitou Max Weber, antes de qualquer conclusão, opinião publicada, intervenção, lei, ação judicial, sentença, ou qualquer outro julgamento sobre quem pensa diferente delas.

A razão é simples. É sempre plausível que os visados pela casta mental dominante não se sintam nem queiram ser racistas, xenófobos, fascistas, neonazis, populistas, de extrema-direita. A não ser que afirmem isso mesmo, taxativamente, na primeira pessoa e que atuem a preceito nos seus quotidianos. O que, por norma, está por comprovar.

A hipótese mais plausível é a dos visados apenas quererem buscar a verdade, tal como a consideram humanamente justa na sua perspetiva. Mas esses tendem a ser remetidos, na era da ditadura do politicamente correto, para a inconstitucionalidade ou mesmo o reino do crime, isto é, o Ocidente decidiu banir e criminalizar a busca genuína da verdade, a fonte da sua fertilidade e prosperidade pelo menos desde o século XVIII. Nada nos garante que hoje se possa expressar publicamente, com dignidade e segurança, a complexidade de sermos humanos, homens, mulheres, negros, brancos e todas as demais diversidades sociais e visões do mundo.

Se vivêssemos em tempos normais de sanidade mental, o Eixo da Verdade estaria sempre entre o que os outros dizem que terceiros são e aquilo que esses mesmos terceiros acreditam, eles mesmos, que são. As divergências seriam dirimidas sem censuras ou silenciamentos de qualquer das partes, apenas pelo conhecimento. Não respeitar a autodefinição dos indivíduos e dos coletivos sobre eles mesmos é obrigá-los a aceitar apenas uma identidade social imposta autocraticamente por quem controla um dado regime político ou processos mentais. A atitude e prática tem um nome: violência simbólica. Ela avançou e avança que nem mancha de óleo pelo Ocidente.

Que inimigos e adversários político-partidários usem da violência simbólica para se atacarem mutuamente, até se compreende. Mas isso, por norma, revela ausência de argumentos morais e intelectuais de, pelo menos, uma das partes.

Todavia, a violência simbólica é absolutamente inadmissível, é terrivelmente desumana, é intolerável quando extravasa da estrita arena político-partidária para se manifestar nos órgãos de soberania de uma democracia, quando se manifesta nas universidades, salas de aula, comunicação social, quando é ostensiva, grosseira, selvagem no espaço público. Tal significa a violenta hegemonia de uma das partes do campo político sobre a outra, isto é, o mais perverso atropelo a uma democracia. A parte ostracizada pode nem sequer ter preferido entrar no jogo da violência simbólica, apenas tentado sobreviver libertando-se dela e libertando a respetiva sociedade.

Apesar de ter de suportar essa violência simbólica por parte dos donos dos regimes, como é que os visados devem reagir? Só lhes resta um caminho quando ainda existem réstias de crença na civilização: responder com o princípio da realidade de Freud, que significa suportar a dor e saber adiar a recompensa. Se a resposta for absolutamente pacífica, e se a razão estiver do lado dos ostracizados, não se deve perder a esperança do tempo vir a fazer-lhes justiça, dure o que durar a violência simbólica. Isso, porque as sociedades acabam por reconhecer nesses movimentos reformistas forças morais da sua época, mesmo que no início lhes pareçam o contrário. Portugal, como outros países, não foi nem será exceção.

2 A falência da distinção entre a compreensão e o julgamento

Quanto mais compreendemos menos julgamos e vice-versa, como referi no sumário. Só existem sociedades justas, inteligentes, democráticas, plurais, prósperas, civilizadas quando as elites académicas, intelectuais, jornalísticas, artísticas, entre outras, revelam a preocupação permanente em compreender o mundo à sua volta, e em compreenderem-no bem, e evitam ao máximo julgamentos morais apriorísticos.

No Ocidente, hoje a norma é justamente a contrária, o vício tomou o lugar da virtude intelectual. Em primeiro lugar e acima de tudo, as tutelas das sociedades julgam e ensinam a julgar: uns são sempre bonzinhos, outros são sempre maus.

Sociedades orientadas pelas suas elites desse modo são doutrinadas no desprezo pela compreensão, no desprezo pela inteligência, no desprezo pela razão. As elites atuais que assim procedem, mal se sentem minimamente ameaçadas, mesmo por movimentos ou forças embrionárias, julgam-nas dogmática e violentamente no campo simbólico: racistas, xenófobos, fascistas, neonazis, populistas, extrema-direita. Há quem veja nisto uma «saudável» cerca sanitária. Os próprios repressores.

Quem julga os outros antes de os compreender, quem julga o que está a nascer ou nem sequer nasceu, tem tudo para ser um infanticida totalitário. Quando o que está a nascer são, por exemplo, partidos políticos, estes são necessariamente expressões de sensibilidades sociais que têm obrigatoriamente de ser compreendidas pelas instituições antes de qualquer julgamento. Muito em particular quando estão em causa, por exemplo, partidos políticos que se filiam à tradição secular da identidade dos povos que, por seu lado, pode derivar de uma tradição milenar ainda mais abrangente, como a tradição milenar judaico-cristã ou greco-romana.

A classe política e as elites dos regimes que tutelam o Ocidente – académicos, intelectuais, jornalistas, artistas – tendem a viver no desespero de matar movimentos politicamente renovadores antes de completarem dois anos, que nem Herodes. O menos mau é que esse pode ser um sintoma que, quanto mais óbvio, mais indicia a antecipação de mudanças históricas de regimes políticos caducos.

Só instituições tutelares que desistiram de compreender quem são e o que pensam os respetivos povos, como os Portugueses, só instituições tutelares que desistem de pensar, que desistem da razão no sentido weberiano, só instituições que cedem a uma classe política ignóbil é que se deixam arrastar em vícios inquisitoriais ou totalitárias. Infelizmente isso é hoje norma no Ocidente.

Apesar de tudo, as sociedades com réstias de dignidade e civilização podem manter a esperança de exigirem que as suas instituições as devolvam ao reino da inteligência, da sanidade mental, da prosperidade, da civilização.

3 A destruição social dos princípios do julgamento moral

É impossível um regime político dignificar a condição humana quando as suas elites pensantes romperam com os dois princípios sociais do julgamento moral que referi: primeiro, só exigirmos aos outros aquilo que, em primeiro lugar, exigirmos a nós mesmos; segundo, exigirmos a submissão universal ao primado moral da autorresponsabilidade sem distinções entre maioria e minorias, entre povos pobres e povos ricos e entre todos os demais.

A pobreza material de indivíduos, comunidades e povos é circunstancial. Ultrapassá-la é uma questão de tempo. A história sempre forneceu provas de superação. A miséria moral, por seu lado, é de outra natureza. Não é circunstancial. É um estado de degeneração da essência da condição humana. Neste caso, o desafio torna-se bem mais difícil superar.

A degeneração moral é, infelizmente, o legado trágico do atual ciclo histórico do Ocidente e, mais uma vez, o atual regime político português está na linha da frente. Será impossível hoje reformar o que quer que seja no Ocidente, restaurar a dignidade dos povos e, em alguns casos, restaurar uma prosperidade mínima sem a prévia refundação moral das democracias ocidentais.

Mas é sempre possível enfrentar tamanho desafio percebendo mais três detalhes.

3.1. Primeiro detalhe

Não é novidade no Ocidente, incluindo em Portugal, que existem regimes políticos que impõem às respetivas sociedades a alienação do tempo histórico, um dos traços da loucura social politicamente induzida.

As elites bem-pensantes, donas dos regimes ocidentais, hoje podem tranquilamente fabricar continuidades históricas onde as mesmas não existem. Podem instrumentalizar a memória social nesse sentido apenas para deslegitimar, perseguir, julgar e condenar adversários políticos, em regra de direita, ignorando as consequências sociais dessa manipulação.

Os factos demonstram que existiu uma descontinuidade histórica inequívoca, no tempo e no espaço, entre os fenómenos políticos violentos do passado da responsabilidade da direita, em especial anteriores à Segunda Guerra Mundial (1939-1945), e movimentos ou fenómenos políticos da direita do presente. Basta alterar um detalhe histórico – como a recusa ostensiva da violência política ou a defesa intransigente da democracia – para fenómenos descontinuados pelo tempo e intercalados pela distância de gerações diferentes assumirem características e consequências originais que tornam impossível reproduzir qualquer passado no presente, como é o caso da nova direita.

Apesar de tamanho óbvio sustentado na mais elementar racionalidade, as elites mentais donas dos regimes podem impor, ao pensamento social, crenças de continuidades históricas onde elas não existem. Nada mais eficaz para fabricar mentes alienadas predispostas a serem delatoras, inquisidoras, intriguistas, ignorantes. Não é por acaso que se multiplicam indivíduos instintivamente primários e intelectualmente perturbados que buscam neofascistas e neonazis a toda a hora, a cada esquina, a cada palavra interditada pela ditadura do politicamente correto. Nada distinto dos tempos da inquisição em que a ligação alucinada não era entre o passado e o presente, mas entre a terra e o céu, todavia as consequências equiparam-se.

Pior, só mesmo essa mesma casta elitista – que mesmo quando não está no poder político tem sempre garantido o controlo do poder mental factual (através das universidades, comunicação social, meios artísticos) – ter carta branca para omitir militantemente continuidades históricas onde elas são inequívocas. A violência política da esquerda – de comunistas a socialistas – nunca teve, até hoje, momentos de interrupção desde 1917, o ano da revolução bolchevique na Rússia. Se não existem descontinuidades históricas e geracionais, a natureza imoral substantiva dos fenómenos políticos e sociais mantém-se.

No campo político da esquerda, aqui incluem-se também os sociais-democratas, nunca houve manifestações sociais ou movimentos intelectuais, culturais, históricos ou cívicos genuínos de remorsos, arrependimentos, silêncios de contrição, complexos de culpa sobre genocídios, violências, males, destruições, erros, abusos praticados pela esquerda do passado ao presente. Se ainda nos permitem acreditar em Freud, quem não revela sentimentos de remorso e de arrependimento, quem é incapaz de sentimentos de culpa própria, jamais será um sujeito moral.

Temos de admitir tal hipótese na apreciação de comunistas, socialistas, sociais-democratas. Em Portugal é tudo demasiado plausível.

3.2. Segundo detalhe

Também não é novidade que muitos regimes políticos ocidentais, o português incluído, impõem socialmente a manipulação grosseira dos números.

Os indivíduos comuns são mentalmente manietados a identificarem uma radical gravidade numa única morte, desde que a casta bem-pensante consiga associar essa morte ao campo político adversário, a direita, e ainda que essa associação seja fortemente abusiva.

Sublinho que a gravidade criminal de casos de violência, muitíssimo mais quando envolvem homicídios, é irrefutável quaisquer que sejam as circunstâncias. Porém, transitar da gravidade criminal de um facto isolado para um fenómeno político e social com o mínimo de relevância significa, na esmagadora maioria das sociedades, em especial europeias, encaminhar essas mesmas sociedades para estados de alienação ou mesmo de alucinação.

Não existem réstias de sanidade mental neste tipo de manipulação em que os meios de comunicação social se viciaram com o apoio do mundo académico.

Em sentido contrário, a mesmíssima casta bem-pensante esconde do senso comum genocídios de milhares ou de milhões de seres humanos praticados por regimes de esquerda. A violência do próprio campo político fica socialmente invisível.

Ao contrário do que acontece, e bem, com o regime nazi, nos manuais escolares que moldam as mentes de forma massificada por todo o Ocidente é fortemente plausível continuar a ser uma aventura encontrar, em números e em impacto explicativo, a dimensão da violência política na Rússia Soviética, anterior e posterior à nazi, na China Maoísta, em Cuba de Fidel Castro, em Moçambique de Samora Machel ou em Angola de Agostinho Neto, entre tantos e tantos exemplos progressistas. Em Portugal isso não é hipótese, é certeza. Dou já o desconto da destruição de instituições e de economias ainda bem vivas causadas pela esquerda por esse mundo fora.

Quando hoje se diz DIREITA, os instintos ativam automaticamente reações negativas primárias: direita-catolicismo-cruzadas-inquisição-reis-absolutismo-conservadorismo-colonialismo-repressão-ditadura-guerra-racismo-genocídio-machismo-tóxico-maldade-direita-nunca-mais. E espera-se que o cidadão rosne ao ouvir a palavra direita.

Quando hoje se diz ESQUERDA, ativam-se automaticamente os louváveis bons instintos da espécie: esquerda-social-socialismo-amizade-justiça-igualdade-liberdade-independência-paz-sexo-direitos-subsídios-música-festas-férias-fim-dos-exames-inclusão-bondade-esquerda-para-sempre. E espera-se que o povo salive de felicidade ao ouvir a palavra esquerda.

É isto que se prepara massivamente nas salas de aula, televisões, rádios, jornais por todo o Ocidente. A complexidade da espécie humana deixou de contar num mundo que não quer ser mais civilizado. A realidade deixou de contar. Regressámos aos instintos primários mais básicos.

Qual é hoje a diferença entre governar pessoas e adestrar animais? Felizmente algumas pessoas começam a ter vergonha daquilo que lhes anda a ser feito em pleno Ocidente, aos seus filhos, aos seus netos, às suas famílias, à sua dignidade humana.

3.3. Terceiro detalhe

Vivemos tempos da destruição da lógica mais elementar do julgamento moral. Aqueles que os donos do regime não gostam, por norma a nova direita, são moralmente julgados, não a partir de factos comprováveis do passado ou do presente, como têm de ser os factos, mas a partir de intenções futuras que eles mesmos atribuem a esses outros.

Ser de direita é hoje submeter-se ao julgamento por antecipação, é ser julgado por crimes que supostamente ir-se-ão cometer num futuro que nunca chega. Nem o Tribunal do Santo Ofício foi tão perversamente criativo como a nova elite bem-pensante.

Em sentido contrário, crimes factuais do passado e do presente comprovadamente cometidos pelo campo político amigo, o socialista ou comunista, não legitimam condenações. Ou seja, a esquerda ganhou o direito de excluir-se a si mesma dos critérios de julgamento moral que impõe autocraticamente aos outros. Será que o Ocidente ainda é uma civilização?

Terrorismo: a conclusão

Indivíduos, ideologias, partidos políticos, instituições, movimentos sociais, regimes políticos que se encaixam nas descrições feitas são, necessariamente, terroristas morais e terroristas intelectuais. Todo o terrorismo tem de ser intransigentemente combatido. Max Weber e Sigmund Freud devem andar às voltas nos respetivos túmulos.