Esta semana foi notícia, que a China aceita a entrada de estrangeiros no seu país sem necessidade de fazerem quarentena de 21 dias, caso o visitante tenha sido vacinado com uma das quatro vacinas aprovadas pela autoridade sanitária chinesa. Por outro lado, as vacinas aprovadas pela Europa e pelos Estados Unidos, como as da Pfizer, Moderna, AstraZeneca e Johnson & Johnson, não são reconhecidas na China como válidas, tendo o turista de apresentar o teste à Covid-19 negativo e de cumprir integralmente a quarentena.

A União Europeia e os Estados Unidos, nomeadamente a Agência Europeia de Medicamentos e a FDA norte-americana, não aprovaram ainda qualquer das vacinas chinesas. Em plena pandemia, estamos perante uma guerra intercontinental para o reconhecimento científico da vacina produzida por vários países. E ainda falta a vacina russa entrar em cena e complicar ainda mais o panorama, cujo principal prejudicado será sempre a população mundial.

A Organização Mundial de Saúde e a própria Organização das Nações Unidas deviam mediar melhor este conflito científico com contornos políticos e económicos subjacentes.

A pandemia é uma guerra global contra o mesmo inimigo, que embora seja de tamanho nanométrico, tem um um poder incalculável, capaz de gerar novas variantes mais contagiantes e mortais para o ser humano. Face a estas guerras políticas, comerciais, económicas e científicas instaladas entre vários países, se não travarmos já este cenário, a população mundial vai sofrer consequências nefastas para a sua vida e sobrevivência.

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Alguém tem de dar um murro na mesa para pôr fim a esta situação. E esse alguém tem de ser as Nações Unidas, com o apoio científico da OMS em relação à validação de cada vacina, sem rodeios, sem lobbies, sem medo, pondo sempre como prioridade a erradicação da Covid-19, em defesa do ser humano e da vida.

Se as vacinas chinesa e russa apresentam resultados científicos que nos possam ajudar a acelerar o processo de vacinação em massa da população mundial, qual é o problema de as aceitarem como válidas?

O que nos falta neste momento? Vacinas para todos os continentes! As que são produzidas não são suficientes para abranger milhões de pessoas. Se a União Europeia está com tanta dificuldade em conseguir vacinar os seus cidadãos, com tamanha desorganização e incumprimento de datas, o que irá acontecer no continente africano e sul-americano?

A prioridade mundial é vacinar a maior parte da população. Se os benefícios da vacinação forem superiores aos riscos, como tem vindo a acontecer com as vacinas aprovadas na Europa, nomeadamente com a da AstraZeneca, porque não aprovar também as vacinas chinesa e russa? Os benefícios não são superiores aos riscos? Ou será por razões pura e simplesmente políticas ?

Se este for o real motivo, é lamentável, porque, mais uma vez, meia dúzia de políticos consegue impor a vontade ao resto do mundo. O tempo vai passando e a bolha em que vivemos está em vias de rebentar face à impaciência das pessoas perante tanta incompetência, irresponsabilidade e interesses instalados, quando a única preocupação devia ser travar a pandemia e sairmos deste cenário quanto antes.

Veremos o que a Organização das Nações Unidas irá fazer a curto prazo. Trabalhar em conjunto, ou afundar ainda mais toda esta situação, fazendo de conta…