Todos sabemos que a descoberta da verdade, nas várias vertentes da vida, por vezes pode doer. António Costa, que não gosta da verdade, esquecendo-se que o céptico é aquele que tenta, na dúvida, encontrar respostas, não percebe o óbvio, mas os Portugueses já entenderam que a realidade dói e não é pouco.

Estamos cada vez mais pobres e sabemos todos que vamos ficar ainda mais pobres. Enquanto nação, o esperado seria que cada um de nós pudesse ter melhores condições que os nossos pais, sendo assim que se comporta a evolução das sociedades.

Mas o tempo vai passando, o país não cresce e os nossos quadros mais qualificados perdem rendimento. Entre 2011 e 2019 os licenciados perderam 11% de rendimento. No caso dos recém-licenciados o valor sobe para 15%. Na verdade, e segundo o estudo recentemente divulgado pela Fundação José Neves, os únicos salários em que houve um pequeno aumento, de 5%, caiu nas pessoas menos qualificadas, resultado inequívoco do aumento do salário mínimo e não daquilo que seria de facto importante para o país.

Estes números, são a realidade e o óbvio que António Costa não gosta e não quer compreender. Os salários e o seu aumento médio resulta do aumento da produtividade e da competitividade das empresas e até mesmo entre estados. É esta a via e o ministro da economia sabe que assim é, sem isto é impossível crescer, mas atira: “o primeiro ministro não dá ponto sem nó, mas como vamos lá chegar não sei”.

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O que António Costa pretende é forçar as empresas a subir o salário médio, com os devidos custos que isso acarreta, sem que a economia possa acompanhar esse desejo que não é exclusivo do primeiro ministro. Mas diminuir impostos nas empresas e sobre o rendimento do trabalho, isso é que não, sendo que é exactamente isto que está nas mãos do governo. Incrivelmente é disto que se trata.

Para cima da mesa atiraram-se números, fábulas e propostas sem saber como pode ser possível a sua concretização. Não sofremos de cepticismo; sofremos, isso sim, de uma outra doença. De pobreza, de estagnação, sem qualquer ímpeto reformista no estado que nos mostre alento e possibilidade de ver alguma luz ao fundo deste túnel .

Dependemos do estado para tudo e o estado quer-nos dependente dele. Não se projectam políticas públicas de desenvolvimento económico na atração de investimento com a consequência directa de não conseguir fixar pessoas. Mas, no fim de contas, há sempre um plano B: se isto correr mal estendemos a mão à Europa e já está.

Costa e Silva já reconheceu que Portugal não é competitivo a nível fiscal. Isto é, o próprio ministro reconhece que também o factor fiscal é um entrave ao desenvolvimento. Recordando as suas palavras em 2018, enquanto presidente do conselho de administração de uma empresa: “Decidimos não investir mais em Portugal, não vale a pena”.

Fica a pergunta: o que mudou na generalidade entre 2018 até hoje? O que se fez e o que se faz? Não se fez nada e faz-se poesia com números, lançando um conjunto de intenções, e vai-se governando com optimismo, na esperança de que os astros, como por magia e milagre, resolvam estruturalmente as questões do país.

Este filme que agora atravessa as nossas vidas, cada um de nós já o viu e já o sentiu. Mas enquanto se governar sob a égide da mentira, da ilusão e do faz de conta que tudo está bem o país enterra o seu futuro para as gerações futuras. Já se começa a perceber que, para vingar cá dentro, com um emprego mais ou menos decente, ter-se-á que ser possuidor um cartão de militante que lhe dará acesso a qualquer coisa. Ou, em alternativa, comprar um bilhete de avião e virar costas ao país que não sabe cuidar dos seus. Se antigamente um pai assim que nascia o seu filho o tornava sócio do Benfica com orgulho, agora a solução passa em engolir o sapo e torná-lo militante do PS. Quando ele crescer, perceberá a vantagem.

Esta é a doença que temos. A estatização de todo o sistema que nos deixa mais pobres. E como sabemos que vamos ficar ainda mais pobres, vamos fingindo uma incompreensível felicidade, tal como Costa gosta, indo por aí cantando e dançando, alegres na esperança de qualquer coisa que ninguém sabe muito bem o quê. Nem nós nem o o ministro da economia. “Pobretes mas alegretes”. É isto que já fomos, é isto ainda somos e será isto que seremos.