Vivemos todos envoltos no mito de que a história se repete. Se, por um lado, os paralelismos são úteis para quem estuda política, por outro, quem revisita a história com frequência já percebeu que as coisas não são bem assim. Há ciclos de crises – pela simultaneamente simples e complexa razão de que os modelos políticos e económicos se esgotam – e, como a natureza humana não muda assim tanto, há semelhanças entre estes ciclos. O presente tem a vantagem de ter consigo lições do passado e a desvantagem de trazer desafios novos que requerem imaginação política para os solucionar.
Posto isto, a ideia que a história se repete – em versão melhorada – tomou conta da vida pública. Estamos numa era em que os sentimentos coletivos ganharam um lugar no pódio político. A verdade é que uma condição cada vez mais essencial para ganhar eleições é saber manipular esses sentimentos a favor de determinada candidatura.
É neste contexto que entra o nacionalismo. Como já foi sugerido noutros artigos, o nacionalismo em si só não é o problema. Foi (e em alguns casos ainda é) um aliado precioso da democracia. E até foi, em tempos, aliado do abandono do protecionismo rumo aos mercados livres. Foi uma ferramenta essencial para a autodeterminação dos povos ou para a manutenção de identidades de nações subjugadas por impérios que, quando libertadas, tinham um guião para seguir. O mau uso do nacionalismo também tem dado azo a atrocidades – guerras civis, massacres – e a péssimos resultados políticos, como os repetidos sucessos eleitorais (em contexto democrático) e a legitimação (em contexto autocrático) de líderes pouco interessados em questões relacionadas com o liberalismo, a paz, a cooperação internacional e os direitos humanos.
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