As vítimas, sejam elas quais forem, necessitam de solidariedade e de ajuda para se curarem. Ninguém pode ser vítima a vida toda, mas necessitam de ajuda para se levantarem e procurarem o seu caminho.
Infelizmente já acompanho esses processos há muito tempo, conheço mulheres vítimas de violência física, moral ou psicológica, conheço crianças e jovens que foram vítimas de assédio sexual, violência física e psicológica. E eu própria já passei por alguns desses processos.
Estes processos ocorrem em contextos escolares, profissionais e familiares.
E informo já, nunca caí no esquecimento, mas o primeiro passo é esquecer o assunto, andar para a frente e nunca mais encarar o agressor.
As vítimas confiavam. Geralmente os agressores são pessoas próximas, em quem as vítimas confiam e são para elas uma referência.
Os casos que têm vindo a público ocorreram nas instituições, igrejas e universidades. Portugal ainda é um país conservador e o facto de uma mulher ser independente, ter uma família e o seu próprio trabalho não a põe a salvo das agressões psicológicas.
Em contextos laborais, existem os casos de depressão que levam ausências ao trabalho.
Nas famílias existe um afastamento, a vítima não quer estar em contacto com o agressor e os restantes membros da família, por vezes, desculpabilizam o agressor, pondo em causa a palavra da vítima. O perfil da vítima geralmente é o de uma criança até 10 anos ou um jovem até aos 16 anos.
Quando um idoso, diz que tem muitos filhos e nenhum o vê, eu pergunto a mim mesma quantos problemas aquela pessoa arranjou ou quantos episódios de violência psicológica proporcionou. Quando quem assiste é confrontado com os factos, só se ouve “tens que ter paciência”.
Os autores de violência têm a simpatia da família ou das organizações, sendo a presumível vítima retirada do seio familiar/profissional para evitar novos episódios.
Neste momento, vejo que nos casos que vieram a público, de assédio sexual na igreja e nas universidades, em que as vítimas são crianças e mulheres, noto que solidariedade vai para os presumíveis autores dos atos.
Se os presumíveis autores dos atos de assédio têm a solidariedade de figuras públicas e de políticos com responsabilidade, então isso faz das crianças, jovens e mulheres os agressores.