A vacinação em Portugal tem sido o grande exemplo de que quando queremos , tudo pode funcionar na perfeição ou muito próximo dela.

A nomeação do Vice-Almirante Henrique Gouveia e Melo como coordenador da Task Force pode ter sido determinante no volte-face e na forma como o programa de vacinação global da população começou a funcionar a sério, pondo fim a prioridades dúbias com o intuito único de certas pessoas serem vacinadas antes dos verdadeiros grupos prioritários. A escolha de um militar de carreira para este projeto foi crucial para bem de todos nós. Abraçou com espírito de missão e total determinação este plano delineado pelas entidades sanitárias competentes. Foi discreto, apareceu quando teve de ser, recusou responder a questões que não eram da sua competência e conseguiu, tal como tinha prometido, vacinar, em média, quase cem mil pessoas por dia. Decidiu com o resto do grupo vacinar as pessoas com maior risco de serem infetadas, dando prioridade aos mais velhos pelo risco de terem doenças crónicas associadas e com maior risco de mortalidade por SARS- CoV-2 .

Todo este projecto nacional envolveu milhares de pessoas: Ministério de Saúde, Direção-Geral de Saúde, médicos, enfermeiros, auxiliares de ação médica, maqueiros, administrativos, bombeiros, escolas, câmaras municipais e diversos voluntários locais.

A responsabilidade passou a ser partilhada por todos e no meio de tantas centenas de milhares de atos médicos e não médicos haverá sempre alguma possibilidade de haver erros: na aplicação da vacina, na dose e no registo. Se qualquer dia acontecer uma destas falha, o que importa não é apontar o dedo a alguém em particular nem muito menos castigá-la pelo ato em si, mas sim corrigir o erro quanto antes, assim que for detetado. Errar é humano. Faz parte da vida. Acontece em qualquer parte do mundo. Só falha ou erra quem está na linha de frente a trabalhar em prol dos outros. A estes heróis desconhecidos só temos de agradecer e apoiar, mesmo nos momentos menos bons.

Todos nós estamos no mesmo barco e temos como objetivo único combater a pandemia. Às vezes pode parecer que quando colocamos algumas dúvidas e propomos soluções diferentes vindas de entidades sanitárias competentes, temos apenas o simples prazer de criticar o que aparentemente é óbvio e correto. Mas, se alguém pensa assim, está pura e simplesmente errado na análise.

Saber aceitar uma opinião diferente ou uma estratégia mais prudente e preventiva faz-nos crescer e incentiva-nos a um esforço maior na elaboração de ideias e projetos.

Qualquer crítica deve ser encarada como uma achega ao nosso trabalho. Ajuda-nos a pensar e a aprofundar melhor as nossas ideias. E, consequentemente, a encontrar uma melhor solução para qualquer problema. Ninguém é perfeito naquilo que diz e faz, mas pode roçar a perfeição se aceitarmos a opinião e a crítica dos outros.

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