Poucos dias antes da segunda volta das eleições presidenciais francesas de 2017, Édouard Louis procurou explicar, no The New York Times, o crescimento eleitoral de Marine Le Pen. A explicação partia da sua experiência pessoal e estava em sintonia com aquilo que os politólogos têm revelado sobre as tendências eleitorais em França, nomeadamente a transferência de voto do Partido Comunista Francês para a Frente Nacional:
O meu pai sentiu-se abandonado pela esquerda política desde os anos 1980, quando ela começou a adotar a linguagem e o pensamento do mercado livre. Por toda a Europa, partidos de esquerda deixaram de falar em classe social, injustiça e pobreza, em sofrimento, dor e exaustão. Eles falavam de modernização, crescimento e harmonia na diversidade, de comunicação, diálogo social e apaziguamento de tensões.
Votar na Frente Nacional significava, para o pai de Édouard Louis, “uma oportunidade para lutar contra o seu sentimento de invisibilidade”, que resultava da extrema pobreza que marcava a sua vida e a comunidade em que vivia. No mesmo texto, diz-nos o escritor francês:
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