O termo UX – User Experience – é ainda desconhecido para muitos, mas todos o vivemos um bocadinho todos os dias. O que é, afinal, user experience?

User experience – ou experiência do utilizador – foi um termo usado pela primeira vez na década de 90, por Don Dorman. É recorrentemente usado para falar dos meios digitais e tecnologia, mas posso garantir que nas situações mais simples do nosso quotidiano estamos perante user experience. Quantas vezes instalamos uma aplicação e desinstalamos de seguida por ser demasiado complexa? Ou, pelo contrário, quantas são as aplicações que usamos diariamente e que facilitam o nosso dia-a-dia? O calendário, por exemplo, já pensou quantas opções de aplicações de calendários existem? E, por alguma razão, usa aquela específica todos os dias – porque foi a que melhor colmatou as suas necessidades.

A experiência do utilizador abrange todos os aspetos de interação entre o utilizador e uma empresa, os seus serviços e os seus produtos. E por isso é algo que está presente no nosso dia-a-dia enquanto consumidores.

Somos cada vez mais críticos e exigentes, porque cada vez conhecemos melhor as nossas necessidades e objetivos. A falta de tempo leva à procura da resolução de um problema de uma forma fácil e rápida, sendo comum desistir de um produto ou serviço quando a experiência deixa muito a desejar. É fácil de usar? Pode ser usado por todos – independentemente de características como a idade, género ou condição física? É eficiente? Permite resolver as minhas necessidades? Requer pouco esforço? A resposta a estas perguntas pode indicar se estamos perante boa ou má usabilidade.

Nenhum produto ou serviço é criado com o objetivo de não ser usado, certo? É precisamente aqui que começa o papel de um UX Designer – um profissional de design que se dedica a melhorar a experiência do utilizador. Como? Colocando o utilizador em primeiro lugar, sem nunca esquecer aquilo que também são as necessidades e interesses do negócio.

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Mas, será a user experience assim tão importante para o negócio? Em 2018, um estudo realizado pela consultora McKinsey & Company em empresas de diferentes setores mostrou que, independentemente da área de negócio, as empresas com boa usabilidade e design se destacam em relação aos seus concorrentes. Porquê? Porque a satisfação do cliente e a consequente recomendação de um produto ou serviço é a melhor publicidade que este pode ter.

Para garantir que os interesses do utilizador e do negócio estão sempre em primeiro lugar, o UX designer está envolvido em várias fases do processo de design, desde a pesquisa, análise de negócio, discussão de ideias, testes, entre outros. As tarefas de um UX designer podem variar consoante a sua equipa e empresa, sendo que as mais comuns são:

  • Fase de pesquisa – para identificar quem são os utilizadores, quais as suas motivações, os seus objetivos, as suas frustrações, etc.;
  • Determinar a estrutura do produto – responder a questões como: onde vai aparecer o menu; onde colocar os contactos, entre outras;
  • Wireframes e protótipos – preparar os primeiros rascunhos de um produto, perceber como se vão organizar textos, imagens ou ícones e preparar o protótipo;
  • Preparar, conduzir e analisar testes de usabilidade e acessibilidade – validação do conceito: o produto é fácil de usar? Os utilizadores conseguem realizar as tarefas pretendidas sem muito esforço? Este produto pode ser usado por qualquer utilizador?

Tipicamente, a parte visual do produto – como a definição das cores, iconografia, tipografia, entre outros – fica a cargo do UI Designer (User Interface Designer) que deve estar em constante comunicação com o UX designer, razão pela qual estão frequentemente unidos num só – UX/UI Designer (User experience e user interface designer).

É inegável a importância que o UX design tem na nossa vida, quer enquanto consumidores, quer também enquanto empresas e o reflexo disso é o crescimento que a área tem tido nos últimos anos – e que acredito continuará a acontecer. Afinal, quanto mais agradável for a experiência do utilizador a partir da interação inicial, mais propensos estes estarão à fidelização. E clientes envolvidos divulgam os respetivos valores da empresa junto de outros potenciais consumidores.

Por isso, da próxima vez que recomendar um produto a um familiar ou amigo, lembre-se que o está a fazer porque a sua experiência foi boa – e que essa boa experiência aconteceu devido ao trabalho de um UX designer.

UX/UI Designer Bosch Aveiro, Portugal

O Observador associa-se à comunidade Portuguese Women in Tech para dar voz às mulheres que compõe o ecossistema tecnológico português. O artigo representa a opinião pessoal do autor enquadrada nos valores da comunidade.