Julgo tratar-se da grande revelação da política portuguesa das últimas décadas. Ao fim de quarenta e seis anos descobrimos que PS não quer dizer Partido Socialista. Significa, isso sim, Pepónio Suculento, tal a semelhança que o partido tem com um dos mais refrescantes frutos deste tipo, a melancia. Efectivamente, é quase impossível distinguir o PS do fruto da planta cucurbitácea cultivada nos países mediterrânicos: a melancia é verde por fora e vermelha por dentro, o PS é democrata lá fora e vermelho cá dentro.
No Parlamento Europeu, os deputados socialistas foram categóricos, votando favoravelmente a resolução que equiparou o comunismo ao nazismo. Já na Assembleia da República, optaram por não se associar de forma integral a esta deliberação histórica. Aprovaram antes um texto sonsinho que procura “um consenso alargado em torno da condenação de todos os atos de agressão, da prática de crimes contra a humanidade e de violações de direitos humanos perpetrados por regimes totalitários ao longo do século XX” e que realça “a crescente aceitação de ideologias radicais e o retorno ao fascismo, ao racismo, à xenofobia e a outras formas de intolerância na União Europeia”. Posto isto, resta-me desejar que as listas de espera para consultas de osteopatia não sejam demasiado longas. É que a ginástica que foi necessária para, no meio disto tudo, nunca referir a palavra “comunismo” só pode ter deixado os parlamentares socialistas a contas com incapacitantes discopatias. A propósito, este seria o momento ideal para actualizar o famoso slogan lançado em 1995 pelo Ministério do Comércio e Turismo. Deixávamos de parte o clássico “Vá para fora cá dentro” e víamos se pegava um mais premente “Vote como lá fora cá dentro”.
Mas, para o PS, ser meramente tolerante em relação ao comunismo é para meninos. Os socialistas almejam mais dessa doce utopia. Vai daí, consta que o governo se prepara para obrigar os jovens médicos a permanecerem no SNS, com salários mais baixos. Será bem pensado? Eu, se estivesse no lugar de António Costa, optaria por fazer refém do estado outra classe de trabalhadores. É que, do ponto de vista do sequestrador, não me parece uma estratégia nada prometedora raptar profissionais que sabem manipular bisturis e têm livre acesso a seringas e estupendos fármacos anestesiantes. Mas pronto, se o que se ambiciona é um sistema de saúde de inspiração cubana, é avançar.
Só não estou certo que o governo tenha antecipado a consequência política mais gravosa desta medida. Depois destes anos todos, teríamos de reconhecer que o apodo de “cubanos” com que Alberto João Jardim brindava, amiúde, os portugueses do continente estava até muito bem visto. Não nos restaria outra opção a não ser admitir humildemente que o insular rei zulu é, afinal, um estadista presciente.
Falando de insularidade, a activista ambiental Greta Thunberg passará pelos Açores a caminho de Madrid. Vinda de Nova Iorque, a jovem optou por viajar de barco, e não de avião, para evitar a poluição resultante da queima de produtos petrolíferos. Considero uma escolha soberba. Nada de badalhocos aviões que fazem fumo, toca a embarcar num veleiro. Todo ele de fibra de vidro. Fibra de vidro que, como estou certo sabem, é um material feito à base de pó de pirlimpimpim, aurora boreal e sonhos. Não, mentira. A fibra de vidro é basicamente petróleo. Bom, mas entretanto a Greta já foi alertada para esta questão e prometeu que da próxima vez que atravessar o Atlântico adotará uma solução ainda mais ecológica. Apanhará boleia do que lhe aparecer primeiro: uma ilha de plástico, ou uma mancha de crude.
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