Por vezes a justiça demora, mas acaba sempre por chegar. Foram precisos 18 anos para finalmente percebermos que em 2001 o governo liderado por António Guterres não deixou o país de tanga por incompetência, de modo algum!, mas antes para que os portugueses ficassem equipados com a indumentária certa para fazer face à subida do nível da água dos mares como consequência das alterações climáticas. Tive esta epifania ao ver o secretário-geral das Nações Unidas na capa da revista Time desta semana de fato e gravata e com água pelos joelhos, fazendo um apelo lancinante aos líderes mundiais para que tomem medidas contra este fenómeno.

E não ficou por aqui a presciência do nosso ex-primeiro-ministro. Vejam isto. O título dessa imagem de Guterres com as canelas de molho é “O nosso planeta está a afundar-se”. Pois bem, quando abandonou o governo após a derrota do PS nas autárquicas de 2001 que disse o então líder socialista? Justificou a sua saída com a necessidade de evitar que o país mergulhasse no “pântano”, que é um local onde a probabilidade de nos afundarmos é efectivamente muito elevada. Prova-se assim que a obsessão de Guterres com esta coisa dos afundamentos já vem de longe.

O que também vem de longe é a falta de jeito do ex-primeiro-ministro para os números, imortalizada pela célebre questão dos 6% do PIB. Aliás, tenho para mim que esta histeria com a subida do nível do mar é outra vez um problema de contas. De acordo com um relatório de 2014 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, até 2099 o nível do mar subirá 90 centímetros. O que pelas minhas contas dá ligeiramente mais que um pouco aflitivo centímetro por ano, mas nas contas de António Guterres é coisa para ter dado um excruciante quilómetro por ano, ou coisa do género.

Este artigo é exclusivo para os nossos assinantes: assine agora e beneficie de leitura ilimitada e outras vantagens. Caso já seja assinante inicie aqui a sua sessão. Se pensa que esta mensagem está em erro, contacte o nosso apoio a cliente.