O primeiro mito é que está tudo bem. Algo que a ser verdade, a não ser mito, nos leva a perguntar por que motivo há tanto mal-estar? As suspeições sobre Tancos, a desastrada reacção do Estado aos incêndios em 2017 (a que se soma a novela do SIRESP), a política de saúde, a possibilidade do combustível faltar nas bombas em Agosto, a carga fiscal ter atingido um máximo histórico em 2018 ou o envio de dinheiro para os paraísos fiscais ter aumentado nos últimos três anos, são sinais de que algo não vai bem. Algo não palpável, que a maioria não define, mas sente, A sensação do ‘isto estar preso por arames’ cria insegurança, receio, apreensão, a que se soma o pouco ou nada ter sido feito depois de ultrapassada a parte mais complicada da crise financeira.

Talvez precisamente por isso acabemos por assistir ao país preso por uma agenda política que trata de uma realidade inexistente. Um Portugal racista, xenófobo, importado dos EUA, com os problemas trazidos directamente de França e de Londres é outro mito da nossa democracia. Um exemplo disso mesmo é o discurso da candidata a deputada do BE por Lisboa. Beatriz Gomes Dias, nasceu no Dakar, licenciou-se em Coimbra e é quase certo que venha a ser deputada na Assembleia da República. Qualquer pessoa só se pode congratular com um percurso como o seu, apenas possível num país aberto e não preconceituoso. Razão mais que suficiente para que se pergunte como se conclui que Portugal é racista. A verdade é que a raça é cada vez mais encarada como um instrumento, a par da classe social e da orientação sexual, para a extrema-esquerda mudar a vida social de alto a baixo, como Mamadou Ba nos esclarece neste vídeo que o meu amigo João Távora teve o cuidado de descarregar para o seu facebook e ainda a gentileza de me disponibilizar, a meu pedido. Perante a sensação de vazio, do silêncio que antecipa a tempestade, do marasmo que domina tudo e todos, a extrema-esquerda não procura apenas causas que justifiquem a inacção do governo na resolução dos problemas que afectam o país, mas uma oportunidade para levar por diante uma revolução social. Se o racismo em Portugal, nos níveis que o BE refere, é um mito, a agenda política da extrema-esquerda é bem real.

Outro mito é o de não haver direita em Portugal; ou que a que existe seja demasiado conservadora. Ao contrário do mito anterior, que nasce na esquerda, este vem de dentro da própria direita que nega, dessa forma, a sua própria existência. Um mito criado pela direita e de que a esquerda se aproveita a bel-prazer. A ideia de que o eleitorado que se diz de direita é maioritariamente socialista e que o pouco que tenha de direita se reduza a um conservadorismo atávico e desadequado à realidade presente. No fundo, a única direita que se ouviria é a que se opõe ao aborto e ao casamento homossexual, um alvo predilecto para a esquerda quando acena com a orientação sexual. No entanto, e como com os mitos anteriores este também não existe. Não é real. Há em Portugal uma direita que está longe dos estereótipos em que a querem meter e que já se manifestou pelo menos três vezes desde que 1974.

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