É verdade que a mãe parece ter sete sentidos. Os cinco sentidos habituais. Mais o “sexto sentido” de mãe; que faz com que ela intua e adivinhe quase tudo aquilo que se passa dentro de um filho muito antes, ainda, dele imaginar ou de sentir seja o que for. E um sétimo sentido – o “terrível narizinho de mãe” – que a leva a descobrir todas as asneiras de que um filho não queria nem se lembrar que já tinha feito.

É verdade que a mãe faz inquéritos cerrados, como mais ninguém. Sobre tudo aquilo que é a vida de cada filho. E sobre todos os seus amigos. E que, ainda mal uma criança se senta no carro, já a mãe está a perguntar: “Correu bem o dia? Aprendeste muitas coisas? O que foi o almoço? Tens trabalhos de casa?”.

É verdade que a mãe parece que tem uma lista de tarefas na cabeça e que nunca se esquece de nada (mesmo quando um filho agradecia que ela se esquecesse!). E que quer tanto estar em todos os lugares, ao mesmo tempo, que chega a dizer que “Gostava de ser mosca!” (como se mosca fosse uma expectativa de carreira de uma mãe que se preze…).

É verdade que, quando a mãe se zanga, fica vermelhusca, esbraceja e se esganiça.

É é verdade que, ninguém como a mãe, barafusta e ameaça tirar “férias de mãe”. E que, como sempre, depois desse arrufo, ela termina com um “E depois vocês vão ver!” que lhe dá um ar, inimitável, de ternura.

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É verdade que a mãe se desdobra. E se esgota. E que dá. E que cuida. E que protege. E que acalenta. E que se sente por si e por nós. E que, quando supunha que ela “caísse para o lado”, de exaustão, demonstra que o “burnout de mãe” nunca entra no seu vocabulário.

Mas quando um filho se aleija por quem é que chama? Pela mãe!

E quando um filho tem um pesadelo quem é que faz de “espanta-espíritos”? A mãe

E quem é que canta canções de embalar como mais ninguém? A mãe!

E quem é que, sempre que um filho mostra uma habilidade e a professora o elogia, tem a “lágrima fácil” de felicidade? A mãe!

E para quem é que um filho procura, com os olhos, entre todas as pessoas de uma festa de natal? A mãe! E quem é que, no meio do escuro do teatro, se levanta e diz adeus e mais adeus  para o palco e comenta, para o lado, transbordante de orgulho e comovida: “É o meu filho…”? A mãe…

E quem que tem a mania que cura todas as dores só com um beijinho? A mãe!

E para quem a melhor prenda do mundo é o sorriso de um filho? Para a mãe!

Mas se, dantes, quase cansava só de ver a destreza da mãe a desdobrar-se em todas as coisas que só mesmo ela sabe fazer ao mesmo tempo (e, no fim, mostrar “o amor de mãe” com uma bondade tal que faz com que que ela pareça nunca se cansar), agora, em confinamento, a mãe consegue ser tão mais mãe, ainda! — e consegue trabalhar, cuidar, dar colo, mimar, educar, ensinar e proteger e proteger e proteger — que nunca é demais dizer-lhe: “Obrigado, mãe!”. Ou será: “Amo-te mãe”?… Tanto faz. Porque as duas coisas são uma só. Claramente!