O fim das máscaras. O eventual fim do PCP em resultado da grotesca posição face à invasão da Ucrânia. Os 48 anos do 25 de Abril. Os quase 48 anos durante os quais Costa foi aldrabado por Sócrates. As eleições em França que mantiveram fora do poder a extrema-direita. O Elon Musk que comprou o Twitter deixando em paniquinho a extrema-esquerda. A última semana foi uma espécie de bufete de casamento de temas. Tanto por onde escolher que uma pessoa até acaba por perder um bocadinho o apetite. No mínimo, ficamos qual proverbial mosquito na colónia de nudistas: sem saber por onde começar. Enfim, não quero parecer esquisito, mas ainda se houvesse uma cascata de camarão…

Avancemos talvez com a visita do secretário-geral da ONU a Moscovo. António Guterres anunciou que ia à Rússia, chegou à Rússia, falou com o Putin e… a guerra na Ucrânia continua exactamente na mesma. O que não significa que a missão de Guterres tenha falhado, atenção. Pelo contrário. Sim, sim, porque segundo a comunicação social o líder máximo da ONU, logo que chegou à Rússia, exigiu, de forma categórica, um cessar-fogo “assim que possível”. Mesmo ali, incisivo, o Guterres. Para terem uma ideia da contundência deste menino, escutem o diálogo com o Putin:

Guterres: Senhor Putin, eu, não querendo estar a maçar, claro, solicitava que pusesse cobro a isto da guerra na Ucrânia. E porquê? Porque a guerra é… Como é que eu hei-de dizer isto? É, é… desagradável. É isso. A guerra é desagradável. Ao passo que a paz, repare, a paz é muito boa.

Putin: Pois, só que nós vamos ocupar o que conseguirmos da Ucrânia e destruir tudo o resto.

Guterres: Certo. Escute. Percebo que tenha as suas coisas programadas e também não quero ser eu a complicar-lhe a vida. Só julgo é que devemos ambicionar um mundo todo ele repleto de harmonia.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Putin: É o que nós ambicionamos, também.

Guterres: Óptimo!

Putin: Assim que chacinarmos os Ucranianos. E os Moldavos. E os Lituanos. E os…

Guterres: Não! Não. Antes. A harmonia tem de ser antes disso. Antes de mais chacinas. Nomeadamente, por via de um cessar-fogo imediato.

Putin: Impossível.

Guterres: Então e se for um cessar-fogo amanhã?

Putin: Nem pensar.

Guterres: Depois de amanhã?

Putin: Fora de questão.

Guterres: Já sei. Então e se for um cessar-fogo assim que possível?

Putin: Receio que o seu tempo tenha acabado. Ivan, acompanha este senhor até à porta.

Ivan: Mas quem é este indivíduo, chefe?

Putin: Hum… Boa pergunta. Não faço ideia.

Bom, o que fica então deste encontro histórico? Fica que aquela mesa gigante em que o Putin recebe as visitas é que era estupenda para bufetes de casamento. Quantas cascatas de camarão não se metiam ali, pá!

É surpreendente, não há dúvida, mas António Guterres voltou da Rússia sem nada de palpável. Curiosamente, tal como a famosa Anita na sua mais recente aventura, Anita Vai às Compras. E já que hoje estamos numa de conversetas, escutem mais esta:

Anita: Ó mamã, mas então viemos ao centro comercial e voltamos para casa sem nada de palpável? Parecemos duas Antónias Guterres regressadas de Moscovo.

Mamã da Anita: Filha. Primeiro. Vê lá se te deixas disso da política e começas mas é a ir à discoteca com os teus amigos. Segundo. Ou vimos de carro ao centro comercial e vemos as montras, ou vimos a pé ao centro comercial e compras o que de mais barato virmos numa montra. Que ao preço a que está a gasolina não dá para tudo.

Anita: Como assim, mamã? Se ainda no outro dia o António Costa disse que virámos a página da austeridade.

Mamã da Anita: Ó, Anita, com a atenção que dedicas à política, tinhas obrigação de já ter percebido que o António Costa é aldrabão.

Anita: A sério? Mas o Costa disse que o aldrabão era o Sócrates.

Mamã da Anita: Pois, vai-se a ver e a coisa pega-se.

Anita: Então, nesse caso, talvez fosse boa ideia continuar a ser obrigatório o uso de máscara em lares, transportes públicos e governos do PS.

Mamã da Anita: Ó filha, não se fala mais nisso: vais passar a próxima madrugada ao Kremlin.

Anita: À sede do governo russo, mamã?!

Mamã da Anita: Ai, Anita, Anita.