Com a semana de Carnaval quase a chegar ao fim, julgo tratar-se do momento perfeito para apresentar os meus destaques da quadra festiva que agora termina. Ora confiram, seus pândegos.

António Costa – Será sempre o político cuja fantasia é a mais difícil de antecipar, porque é um mestre do disfarce. Já foi, de uma só vez, os Três Macacos Sábios, naquela altura em que não ouviu, não viu e não disse nada sobre o governo de José Sócrates ao qual pertenceu. Depois, mascarou-se de Brutus, atraiçoando António José Seguro e roubando-lhe a liderança do PS. Em 2015, foi Bob, o Construtor, ao derrubar o muro que separava o PS do PCP e do BE para formar a geringonça. Há um ano, foi de Chefe Silva ao Programa da Cristina cozinhar cataplana de peixe. Enfim, se por um lado há sempre dúvidas quanto à máscara que António Costa usará, pelo menos fica a certeza de possuir a rectidão de uma serpentina.

Caretos de Podence – Recentemente reconhecidos como Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO, são uns indivíduos com ar assustador que se metem com todas as mulheres com quem se cruzam. Sobre os Caretos de Podence, terá dito o produtor Harvey Weinstein, indignado: “Como é possível eles serem reconhecidos pela ONU e eu ser denunciado pelo Me Too, se a única coisa que nos distingue é eu ser ligeiramente mais parecido com um trol?”

Carnaval de Torres Vedras – Esta edição contou com um participante surpresa, o assessor de Joacine Katar Moreira que veste saias nas sessões de abertura da Assembleia da República. Não que tivesse sido convidado pela organização do desfile de Torres, mas calhou o assessor ir a passar por ali e os foliões meteram-no no corso julgando tratar-se de mais uma matrafona.

Militante do Partido Socialista – Nem a de Homem-Aranha, nem a de Joker. A máscara preferida neste Carnaval foi a de militante do PS. Não tanto pelas possibilidades de diversão que proporciona durante o Entrudo, mas sim pelas possibilidades de emprego que proporciona durante todo o resto do ano. Em 2020, a única máscara cuja procura ultrapassou a de militante do PS foi mesmo a máscara anti-coronavírus. Não querendo com isto insinuar que o grau de perigosidade desta última epidemia seja superior ao daquela outra.

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Ladybug – Como é do conhecimento da pequenada, trata-se de uma super-heroína que combate o mal envergando uma vestimenta de joaninha. Enquanto não vir o deputado André Silva desfilar orgulhosamente pelas ruas de Sesimbra, Ovar, ou Estarreja vestido de Ladybug, não me convencem que o PAN não descrimina entre animais merecedores de intransigente defesa e bichos votados ao mais indigno desprezo.

Carnaval do Rio – Como é da tradição, no Rio de Janeiro andou tudo descascado. A grande novidade ali é que toda a gente quis protestar contra o muito polémico governo de Jair Bolsonaro.

Carnaval do Rui Rio – Como é da tradição, no PSD de Rio ninguém rasgou as vestes. O que não é novidade pois ali não há quem queira protestar contra a permanente mascarada do governo de António Costa.

Enterro do Entrudo – É a cerimónia que marca o fim desta época de festa. Tradicionalmente, o boneco que personifica o Rei do Carnaval era condenado à morte e queimado. No entanto, em jeito de homenagem a uma das últimas decisões do Parlamento, este ano actualizou-se a tradição. Assim, um pouco por esse Portugal fora, o Rei do Carnaval morreu à mesma, mas desta vez foi já com recurso à eutanásia.