Maio de 68: 50 anos depois

Contra os anseios revolucionários de Maio de 68, a França permaneceu “burguesa”, isto é, livre e democrática. Pôde assim absorver ideias de Maio de 68, que teriam sido esmagadas pelos comunistas.
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espadajc@gmail.comLicenciado em Sociologia na FCSH da Universidade Nova de Lisboa, doutorou-se em Ciência Política na Universidade de Oxford (St. Antony’s College). Integrou o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. É director e fundador (1996) do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa e da sua revista Nova Cidadania. Preside à International Churchill Society of Portugal e integra ver mais... o Conselho Editorial do Journal of Democracy. Entre os seus livros mais recentes, encontram-se Portugal, a Europa e o Atlântico, com Prefácio de Manuel Braga da Cruz (Aletheia, 2014) e The Anglo-American Tradition of Liberty: A View from Europe (Ashgate/Routledge, 2016). Foi cronista do Jornal de Notícias, Expresso e Público.
Contra os anseios revolucionários de Maio de 68, a França permaneceu “burguesa”, isto é, livre e democrática. Pôde assim absorver ideias de Maio de 68, que teriam sido esmagadas pelos comunistas.
Como escreveu Maria João Avillez, “o Victor destoava. Via mais longe, antes dos outros e, pior, estava de boa fé e cultivava a ética.” Numa palavra, era um senhor.
Será possível evitar o choque tribal entre populismo e liberalismo iliberal?
Sim, possivelmente, “Marx vive” — nas culturas políticas tribais que desconhecem o primado da lei. Mas nem todas as culturas políticas são tribais. Por esta razão, não somos todos marxistas.
A burla eleitoral de ontem não diz apenas respeito à Rússia — porque a Rússia insiste em promover e financiar uma vasta campanha de subversão contra o Ocidente.
Na passada quinta-feira, tivemos “um momento Vintage Cavaco Silva”: um exemplo de disciplina sob regras gerais — em oposição à indisciplina, que conduz à submissão ao capricho dos poderes do momento.
As democracias ocidentais fariam melhor em prestar atenção ao crescimento das ameaças autoritárias externas — em vez de se consumirem em menores questiúnculas internas.
Faço votos de que a nova série sobre ‘Civilizações’ (no plural) exprima a mesma confiança nas virtudes da velha série sobre a ‘Civilização’: ordem, tranquilidade, decoro, modéstia, bom senso e beleza.
Se as teorias a respeito do desaparecimento inexorável do nacionalismo estavam certas, como foi possível este aparente regresso do sentimento nacional?
Estarão as democracias ocidentais em perigo? Por que motivo crescem os partidos populistas e declinam os partidos centrais?
Nas democracias parlamentares, os sentimentos dos eleitores têm de ser tidos em conta — mesmo, e talvez sobretudo, se e quando discordamos deles.
Vamos ser claros: ideia de substituir a aliança euro-americana por uma aliança euro-chinesa não é apenas uma completa loucura — seria uma submissão.
Os europeístas genuínos devem urgentemente pôr cobro à identificação da causa europeia com a hostilidade contra o sentimento nacional e contra a soberania dos Parlamentos nacionais.
Aos amantes da liberdade, orgulhosamente patriotas, europeus e euro-atlânticos, Churchill disse em 1940: ‘Nunca nos renderemos!’
Dois livros recentes revelam dois destinos possíveis para o Ocidente: o tédio e a submissão, por um lado; a honra e a resistência, por outro. A escolha cabe a cada um de nós.
A confiança na civilização europeia e ocidental supõe o reconhecimento do sentimento nacional.
Três livros sobre a indispensável associação entre liberdade e sentido pessoal de dever.
Recordar Francisco Suarez consiste também em recordar que a civilização ocidental da liberdade sob a lei não começou com as ideologias revolucionárias do século XVIII.
“Liberdade é liberdade, não é igualdade, ou equidade, ou justiça, ou cultura, ou felicidade humana, ou uma consciência tranquila”.
Churchill foi um dos primeiros proponentes da reconciliação das nações europeias num projecto comum de cooperação e integração. Simultaneamente, não incluía o Reino Unido integralmente nesse projecto.
A revolução soviética, cujo centenário alguns celebram amanhã, foi simplesmente a maior fraude intelectual e moral do século XX.
A razão que explica o sucesso entre nós da Universidade Católica — que não é financiada pelo Estado — é simplesmente a escolha livre dos alunos e das suas famílias.
Não é normal nem desejável a súbita ‘revolução’ nos sistemas partidários a ocorrer na Europa. Esta é razão adicional para saudar a intervenção de Marcelo, bem como a moção de censura proposta pelo CDS
Tratar a conferência de Praga como “da direita” faz lembrar os idos de 1974-1986, quando Mário Soares era acusado pelos extremistas de esquerda e de direita de “lacaio dos americanos e do capitalismo”
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