Justiça é um conceito abstrato. É também uma palavra com um sentido bastante amplo podendo ter várias interpretações e diferentes conotações. Jusnaturalismo, Positivismo e Realismo, são alguns dos exemplos de correntes do pensamento jurídico que evidenciaram a necessidade de realizar o justo, alcançando assim o bem-estar da comunidade.

É evidente que, o ser humano não sabe fazer Justiça “pelas próprias mãos”. E, na minha opinião, nunca irá saber. Não estamos habituados a tal, uma vez que, para isso existem os tribunais. No passado, já o fizemos. Não correu bem, e por essa e razão, fomos mudando e adaptando o nosso sistema ao longo do tempo. Sistema esse, que está em constante mutação.

A Justiça é proporcional à pena, mas a vingança pode ser bem mais cruel e muito mais violenta que o crime original.

Todos nós já ouvimos falar do violento crime que ocorreu nos Estados Unidos da América, e que está a percorrer o mundo nas redes sociais. Custa-me pensar no que aconteceu, como sendo um caso de racismo. Em pleno século XXI, ainda existem bastantes pessoas a quem podemos chamar de autênticos animais. Atitudes racistas, xenófobas, ou discriminatórias, não são, nem podem ser, toleráveis. Mais chocado ficou mundo, por esta atitude ter partido de agentes da autoridade (pessoas que, teoricamente, deveriam estar a combater crimes e não a cometê-los).

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Como acredito na Justiça, espero que estes polícias tenham uma pena proporcional ao crime que cometeram. Foi uma atrocidade enorme matar este homem enquanto o mesmo gritava “I can’t breath”. Devem então, ser severamente punidos. Espero que o ocorrido, sirva de exemplo para todos os restantes polícias, que diariamente abusam da autoridade.

Mas não ficamos por aqui. O povo revoltou-se e foi para a rua. Pergunto-me se saíram para protestar a morte de George Floyd, ou para espalhar o caos e o terror. O que aconteceu na cidade de Minneapolis, não é de todo, um exemplo para o mundo e para a vida em sociedade. As atrocidades cometidas pelos manifestantes americanos após o crime que ocorreu, são intoleráveis e de uma enorme irresponsabilidade na minha perspetiva. Poderiam ter optado por manifestações pacíficas, mas preferiram a vingança.

Vivemos tempos difíceis, e atravessamos uma enorme pandemia. Todos nós sabemos como funciona o débil sistema de saúde norte-americano. Estima-se que cerca de 47 milhões de americanos irão perder o emprego durante esta crise pandémica.

No meio de todos estes protestos, carros foram queimados, e estabelecimentos foram roubados e completamente destruídos. O cenário vivido, foi anárquico, quase apocalíptico. Dezenas, senão centenas de crimes, foram cometidos após o homicídio de George.

A pergunta é a seguinte, terá valido a pena? Não, infelizmente George não voltou a estar entre nós. Espero eu, que ele esteja num sítio bem melhor do que este mundo onde vivemos.

Acredito que seja bastante difícil viver nos Estados Unidos, mas basta parar para pensar um pouco. Quem sabe, o único carro que uma família tinha foi queimado. Quem sabe, um dos membros dessa mesma família utilizava esse único carro para todos os dias ir trabalhar arduamente de maneira a conseguir o seu sustento.

Imagino o prejuízo que foi causado às inúmeras famílias que possuíam ou trabalhavam nos estabelecimentos comerciais que foram vandalizados. Pouco sei, mas cálculo que as perdas tenham sido gigantes face aos tempos que vivemos. Todas as famílias que sofreram danos colaterais após esta manifestação de desagrado para com as forças policiais, tem culpa do que aconteceu? Presumo que, pelo menos a grande maioria, não. Após todos estes danos, quantas pessoas serão despedias?

Se os manifestantes acharam que, em determinado momento, estavam a fazer Justiça, estavam muito enganados. As atitudes que tiveram não passaram de egoísmo para com a própria nação, para com o próprio povo.

O que aconteceu não foi uma manifestação pela alma de George Floyd, mas sim vandalismo no seu estado mais puro. Nos dias que se seguiram a esta manifestação (disto pouco se fala nas redes sociais), vários membros da comunidade de Minneapolis foram tentar recuperar os danos e prejuízos causados. E é nestas mesmas pessoas, que reside o futuro e a esperança dessa cidade.

Vamos deixar a Justiça decidir, porque já sabemos que as pessoas não o sabem fazer corretamente. Certamente que os polícias irão pagar pelo que fizeram. Apesar do sucedido, não nos podemos esquecer que ainda existem muitos polícias bons.

A vingança jamais trará uma vida de volta. E é por isto que o ser humano, nunca saberá fazer Justiça “pelas próprias mãos”.