Há 30 anos, a 13 de Janeiro, Cabo Verde realizou as primeiras eleições livres e multipartidárias. Mas 13 de Janeiro é mais, muito mais do que uma data em que se realizaram as eleições. Treze de Janeiro é a expressão de um amplo movimento popular formado no País e na diáspora, que exigia rutura com o regime de partido único para que os cidadãos destas ilhas pudessem ter acesso à democracia, à liberdade e ao desenvolvimento, sonho acalentado por várias gerações de cabo-verdianos.

Mais do que um acontecimento, o 13 de Janeiro é a expressão de novos valores, os valores da LIBERDADE. Por isso, comemorar o 13 de Janeiro não é uma mera incursão pelo passado, mas sim um momento de exaltação dos valores mais nobres que a humanidade pode aspirar: a LIBERDADE!

A liberdade individual, como garante primeira da dignidade da pessoa humana, a liberdade política, a liberdade económica e a igualdade de oportunidades para uma vida condigna. É sobre estes valores que se ergue a democracia liberal e constitucional instaurada com a Constituição de 1992

É esta construção alicerçada numa nação secular, resiliente, aberta ao mundo e com uma vasta diáspora, que permitiu posicionar Cabo Verde como uma democracia prestigiada no mundo. Cabo Verde é o país mais livre de África; é a 3ª melhor democracia em África; é o 2º país com melhor Boa Governança em África.

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A estabilidade política e social, os baixos riscos reputacionais e a confiança são ativos fundamentais que caracterizam o país e que têm permitido um percurso de desenvolvimento notável face às limitadas condições de recursos naturais. São frutos dos 30 anos de Democracia e Liberdade que hoje comemoramos.

Treze de janeiro de 2021 acontece num momento particular para a democracia liberal a nível global. Existem ameaças à democracia liberal e às suas instituições, ao estado de direito e aos valores da paz, do pluralismo, da tolerância, da solidariedade e do desenvolvimento humano integral. Mas a humanidade sempre soube superar os maus momentos ao longo da história impulsionada por lideranças que fazem a diferença.

A democracia tem que ser defendida, cuidada, protegida e aprimorada porque é uma construção humana. Defendida e protegida face ao surgimento de fenómenos políticos como a ascensão do nacional-populismo de extrema direita, mas também pela emergência de um radicalismo de esquerda que instrumentaliza a pobreza e as desigualdades sociais.

A democracia que defendemos se assenta na liberdade, na dignidade da pessoa humana e na tolerância: autonomia das pessoas, respeito pela diferença e não discriminação em função da raça, do sexo, da religião e de preferências políticas. Não se compadece com o populismo, com o xenofobismo e com o extremismo. É na liberdade e com a liberdade que devemos continuar a fazer crescer a nossa economia, que deve ser cada vez mais inclusiva, justa e solidária.

Estamos a comemorar os 30 anos da Liberdade e Democracia no contexto da grave crise sanitária e económicaprovocada pela pandemia da COVID 19.

Cabo Verde é um dos três países da África cuja economia é mais afetada pela pandemia e um dos mais vulneráveis a mudanças climáticas. Temos dado um bom combate. Não confinamos a democracia, ela segue forte e pujante. Não desistimos da ambição por um desenvolvimento sustentável, suportado na Agenda 2030. Temos os olhos postos no futuro.

Este ano de 2021 será o de relançamento da economia e da priorização do Emprego, da Proteção Social e da Saúde. Existe confiança externa e interna na economia. Existem oportunidades.

O país continua com os seus ativos intactos: estabilidade, baixos riscos, credibilidade externa, vasta diáspora e o orgulho de ser cabo-verdiano. São estas forças que nos permitem resistir, adaptar, construir e avançar cimentado na nossa identidade cultural e na nossa vontade de vencer!

2021 é o ano do início da execução da Agenda Cabo Verde Ambição 2030 para reduzir as vulnerabilidades económicas e ambientais do país e alcançar o desenvolvimento sustentável através (1) do reforço da qualificação dos recursos humanos; (2) da aceleração da transição energética; (3) do reforço do nexo água dessalinizada e energias renováveis para a agricultura; (4) da economia azul; (5) da economia digital; e (6) do desenvolvimento do posicionamento de Cabo Verde como uma Plataforma no Atlântico Médio potenciando a sua localização geo-estratégica, estabilidade e credibilidade externa.

Comemorar 30 anos da Liberdade e Democracia é comprometer-se com o futuro, comas gerações de hoje e de amanhã. Na diferença, a Nação conta com todos os seus filhos, no país e na diáspora, todos os seus amigos e parceiros para a felicidade e prosperidade de todos os cabo-verdianos.

Este é um desígnio nacional porque só neste grande barco que é Cabo Verde, remando para o mesmo destino, dominando as correntezas, chegaremos ao bom porto – um Cabo Verde desenvolvido, democrático, justo e solidário ao serviço das suas gentes e do mundo e num perfeito equilíbrio com o ambiente “a casa comum”!

Temos a obrigação moral e ética de tudo fazer para que as gerações atuais e vindouras vivam a liberdade na plenitudesem nenhum tipo de condicionamento ou restrições que decorram de ideologias, correntes de pensamento ou doutrinas que se sobrepõem à liberdade individual do cidadão e à dignidade da pessoa humana, na sua relação com o Estado e a Sociedade.

Valeu a pena os 30 anos de Liberdade e Democracia. Vale sempre a pena. Manter acesa a chama da Liberdade e da Democracia é uma responsabilidade coletiva da nação cabo-verdiana. Estamos à altura dos desafios.

Viva a Liberdade

Viva a Democracia

Viva Cabo Verde