Se tomarmos atenção ao que Catarina Martins diz quando fala descobrimos frases feitas, ideias de todas as cores e feitios, um mundo azul, tão perfeito que o olhar doce de Catarina nos parece perguntar por que motivo não nos rendemos a ela.
A ela que nos quer “falar da vida das pessoas”. Estas declarações foram proferidas a 26 de Maio, após os resultados das europeias, mas podiam ter ocorrido noutro dia qualquer. Porque é isso que o Bloco faz e faz bem: fala das pessoas. Procura o que elas querem e dá-lhes. Nesse dia 26 de Maio, Catarina Martins discorreu sobre o assalto à vida das pessoas a que o BE quer pôr cobro. A que assaltos se referia, já não especificou. Catarina fala da vida das pessoas, não de pormenores. Não de factos concretos. Por isso quer o melhor para todos (que, por acaso, é o que todos nós também queremos), e se torna numa verdadeira vendedora de banalidades. Termina a referida alocução com chave de ouro quando acrescenta, na mesma noite em que o PAN conseguiu o histórico resultado de 4% dos votos, a necessidade de “fazer propostas para uma reconstrução, uma reconversão da nossa economia que responda ao maior desafio do nosso tempo: a emergência climática.” Bingo. Mais oportunista seria difícil. Aliás, não é complicado imaginar o BE a montar os discursos, numa incessante busca dos temas quentes, do que é que está a dar, de que lado sopra o vento, e vê-los a deixarem-se ir, a juntarem palavras que depois, profissionalmente, Catarina, Marisa, uma das Mortágua, um Moisés ou outro qualquer, alguém capaz de brotar em voz alta, perante microfones e uma comunicação social embevecida, a verborreia que de tantas vezes repetida se torna pensamento, primeiro, verdade depois.
É curioso que a Coordenadora Nacional do BE, que nos diz não gostar dos mercados, utilize a técnica dos vendedores para convencer clientes, neste caso eleitores. Mais: é interessante o quanto o BE (e o PS também, com a sua aposta em enfeudar os funcionários públicos) encara o voto como moeda, lida com os eleitores como se de um mercado livre se tratasse. Um mercado dentro do qual o BE e o PS agem sem rédeas, nem regulamentações. Um mercado que conquistam através de medidas que lançam, promovem e vendem no tempo que consideram apropriado. É curioso como o BE e o PS tratam a política como não deixam que os cidadãos (as tais pessoas) tratem a economia.
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