À semelhança de quase todos, este é também um sector que sofrerá mudanças, porém nem todas negativas. Em tempos desafiantes, exige-se-nos alguma valentia, criatividade e a necessidade de convergirmos no sentido de encontrar soluções astutas e responsáveis.

Como será daqui para a frente? Ninguém sabe.

Não podemos ter certezas, mas podemos ter esperança.

Nem há 6 meses atrás estávamos todos, arquitectos e designers, mas também engenheiros e construtores, sem mãos a medir de tanto trabalho. Projetos e obras ao rubro, tirando o máximo partido da fase do “Portugal está na moda” sendo um dos destinos mais procurados pelos investidores.

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É inevitável que durante e pós Covid assistamos a um abrandamento de ritmo. Mas devemos alimentar a expectativa de que construir em Portugal vai continuar na moda! Portugal é um básico imprescindível que todos queremos ter nos nossos armários! Um básico veste-se sempre, em todas as estações.

Se por um lado há clientes que nesta altura preferem adiar projectos dada a incerteza em que vivemos, outros há que, quando a cortina for abrindo devagarinho, surgirão com ganas de apostar num futuro cheio de oportunidades e revisitar projetos que não chegaram a desenvolver-se. Com uma vantagem – prevê-se que a lei da oferta e da procura esteja mais favorável para o lado de quem quer desenhar e pôr de pé. Antecipa-se que os preços da construção, que estavam astronómicos, desçam agora um pouco à terra.

A realidade é dura, mas é a que temos neste momento. Não podemos mudá-la mas podemos (e devemos) tentar adaptar-nos a ela o melhor possível. Quando uma situação parece temporária fomenta a fadiga, porque todos permanecemos na ansiedade da espera. Mas se aceitarmos, com a calma possível, que o “bicho” possa ter vindo para ficar algum tempo, parece que o cansaço atenua e recuperamos alguma energia. Vamos certamente acabar todos mais virtuais, mais digitais e mais assépticos. Vamos provavelmente ter de ajustar modelos e converter estratégias que pensávamos temporárias em realidades a longo prazo. A isto chama- se esforço, mas chama-se também evolução.

Os arquitectos e designers de interiores têm pela frente o desafio de dar resposta a todo um novo leque de necessidades face à actual realidade. As casas passaram a estar sobrelotadas e disfuncionais tendo que comportar em si mesmas uma escola, um escritório e um restaurante para toda a família. Os espaços públicos à toa, em busca de layouts que observem as regras de distanciamento, compartimentações modulares, acabamentos anti-bacterianos, soluções de ventilação adequadas e tecnologias touchless.

Somos claramente um sector chamado a pensar e redesenhar o mundo.

Há tudo para fazer! Que tarefa honrosa esta! Ânimo e competência para estar à altura desta enorme responsabilidade!

Talvez o título deste artigo devesse ser outro. Não se trata de perguntar de “Como irá a Covid afetar a Arquitectura e o Design” mas antes “Como irão a Arquitetura e o Design afetar a Covid”.

Maria Roquette

Arquitecta na AJIMOS, Architecture & Interior Design